terça-feira, 26 de novembro de 2013

Eu Não Vi, Mas Me Contaram...: 2) A 8 da sorte

... era corintiano roxo. Todos os domingos, jogasse seu clube na capital, lá estava ele no estádio, com a mesma camiseta velha de guerra (dizia que dava sorte), já desbotada e com três ou quatro furos, a eterna 8 do "doutor" Sócrates, da época do bicampeonato paulista e da famosa Democracia Corintiana. Este nem jogava mais pelo Timão, mas o rapaz era enfático: pra ele não tinha Pelé nem Garrincha nem Cruyff nem Beckenbauer nem Rivelino nem Zico nem Deus do céu! O maior craque de todos os tempos era Sócrates, e ponto final. Tanto, que os amigos o apelidaram de "Dotô". Com o tempo, a maioria das pessoas que o conheciam nem sabia mais seu nome de verdade. Pra todos era apenas o Dotô.

domingo, 24 de novembro de 2013

Grafite na Agulha: 11) Beijo Moreno, de Raimundo Sodré

Quando estava pensando em que título daria ao Ninguém me Conhece que então acabara de escrever a respeito de Sonekka, após alguns instantes, súbito me veio a palavra "imprevisível". E agora, ao receber o texto que ele, a meu pedido, escreveu pra esta coluna, novamente a tal palavrinha me vem à mente: Sonekka é mesmo um camarada imprevisível! Bem, neste prefácio eu o deveria apresentar, contudo, a maioria dos leitores que visitarão esta página certamente já terá lido o texto que lhe dediquei, visto que é um dos mais populares deste blogue. No entanto, se você chegou até aqui inadvertidamente, sugiro que, antes de ir em frente, visite O imprevisível Sonekka, que lhe facilitará bastante a leitura que o aguarda a seguir.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 111) Por que ainda ser de esquerda

Escrevo este texto-desabafo a meus amigos que por um motivo ou outro andam pendendo à direita. Quero dialogar com eles, pois sei que são bem-intencionados. Portanto, se você não é meu amigo, mas ainda assim pretende continuar a leitura, aviso de antemão que não pretendo dar corda a comentários ku-klux-klanianos, sobretudo àqueles escritos pelos anônimos de sempre, os que escondem seu ódio e seu preconceito sob a máscara do anonimato. Como dizem, quem avisa amigo é. Se vierem black-bloquisticamente querendo zoar o barraco, sumariamente excluo o comentário e já era. Estamos conversados? Discordar pode, dialogar também, mas manchar o tapete desta residência com a baba infectada com os vírus do ódio, sem chance! Isto posto, vamos ao texto.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Trinca de Copas: 22) Dose tripla de Marcio Policastro

Nenhuma relação sobrevive muito tempo sem química. Com a parceria musical não é diferente. Pelo fato de ser letrista, tenho muitos parceiros, porém, embora a maioria deles me incense, são poucos aqueles que me incitam a tornar a parceria prolífera. Não culpo os demais. Há vários fatores que pesam contra sua eficácia. Pode parecer bobagem, mas noto que condição social, posicionamento político, distância geográfica, ausência física e tantas outras coisas acabam por afastar possíveis parceiros. Aproveito, portanto, pra pedir desculpas àqueles cuja expectativa foi frustrada por minha proletária poesia. Em contrapartida, aproveito também pra homenagear um parceiro que, apesar de ser um dos melhores letristas que conheço – amizade à parte –, possui a generosidade de receber com bons olhos as letrinhas que frequentemente lhe envio e, mais que isso, na maioria das vezes transformá-las em belíssimas canções. Refiro-me a Marcio Policastro, a quem dedico esta trinca.

domingo, 17 de novembro de 2013

Grafite na Agulha: 10) Em busca de um som joia

Afirmar que Daisy Cordeiro é uma das melhores intérpretes do Brasil é pouco, pois ela é muito mais que uma voz. É um ser pensante, uma compositora intuitiva como poucas/os e, sobretudo, uma alma boa, partidária do coletivo e generosa. Vou parar por aqui pra não me tornar repetitivo. Já escrevi sobre ela, quem quiser saber mais sobre a moça, basta clicar em Daisy. Por ora encerro acrescentando que seu belo texto (abaixo) sobre o disco Joia, de Caetano, não me surpreendeu, pois eu já sabia que ela manda bem também na prosa, como vocês terão o privilégio de descobrir. A ele, pois:

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 110) Carta aberta aos amigos (que testam diariamente minha amizade)

O mundo é, na realidade, uma selva na qual usamos a máscara "sociável" da hipocrisia pra parecermos civilizados. Não é fácil viver nele, principalmente tentando ser verdadeiro. Considero-me um lutador. Sou daqueles que não desistem nunca, os teimosos, os turrões, os marrentos. E tô pouco me lixando. Se vou chegar ou não a alcançar meus objetivos é mero detalhe. Não tenho escolha. Se desistir é que não os alcançarei mesmo. De antemão já sei que essa partida de xadrez que jogo com a morte está perdida. Portanto, o máximo que posso fazer é usar dos artifícios de que disponho pra ganhar o máximo de tempo possível no jogo. E isso me basta (... não, não me basta. Até lá aprenderei a roubar nesse jogo). Assim, não tenho tempo pra melindres, visto que foco em meus objetivos sobre todas as coisas.

domingo, 10 de novembro de 2013

Grafite na Agulha: 9) Elizeth Cardoso & Raphael Rabello – "Todo o Sentimento", o álbum...

Minha convidada desta semana é Lucia Helena Correa, segundo suas próprias palavras, "mulher, negra, jornalista, poeta e CARIOCA!". Já lhe dediquei um Ninguém me Conhece, pra lê-lo, basta clicar em seu nome. Por ora, em vez de maiores blá-blá-blás, prefiro apresentá-la por meio de texto-desabafo que ela própria escreveu dia desses no fb. Na sequência dele, segue o outro texto, sobre o LP que escolheu:

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Eu Não Vi, Mas Me Contaram...: 1) Zidane x Ronaldo

... foi num sábado, véspera da final da Copa do Mundo na França. Ronaldo estava comandando sua equipe em Jaguariúna fazia já duas semanas. Ele acreditava que dentro de mais quatro ou cinco dias terminariam o serviço que haviam ido fazer, mas se viu vítima de uma espécie de rebelião: se não levasse seus comandados de volta pra São Paulo pra verem o jogo da final com suas respectivas famílias, todos entrariam em greve. Voto vencido, foi obrigado a ceder. Ronaldo era um cara responsável, trabalhador e daqueles que pensam sobretudo na empresa; sabia que aquela desnecessária viagem acarretaria gastos evitáveis, mas... o que podia fazer?

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 109) Aprenda ironia em uma lição ou Explicando a piada

Segundo o Aurélio, ironia é: "1. Modo de exprimir-se que consiste em dizer o contrário daquilo que se está pensando ou sentindo, ou por pudor em relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem. Ex.: Voltaire foi um mestre da ironia. 2. Contraste fortuito que parece um escárnio. 3. Sarcasmo, zombaria. Segundo o Houaiss: 1. Figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empregado, para definir ou denominar algo; esta figura, caracterizada pelo emprego inteligente de contrastes, usada literariamente para criar ou ressaltar certos efeitos humorísticos. 2. Uso de palavra ou expressão sarcástica; qualquer comentário ou afirmação irônica ou sarcástica. 3. Contraste ou incongruência que se afigura como sarcasmo ou troça; acontecimento marcado por esse contraste ou incongruência.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Eu Não Vi, Mas Me Contaram... – Prefácio

Vejam vocês como as biografias são importantes: estou me deliciando atualmente com O Anjo Pornográfico, biografia de Nelson Rodrigues escrita por Ruy Castro. E, pensando nisso, veio-me à mente um pensamento: se damos tanto valor à literatura de ficção, por que achamos biografia uma arte menor? Aliás, a História com agá maiúsculo não é uma espécie de biografia da humanidade? Pra mim só existem dois tipos de literatura: a boa e a ruim. Se é poesia, romance, crônica, ensaio etc., não importa. Importam, sim, a qualidade do texto e a maestria do autor. Isto posto, volto a Nelson. Dizia da importância das biografias. Eu, que gosto tanto de escrever, sobretudo contos, lendo essa pérola da pena castrista, tive um insight... Perdão pela má palavra, quis dizer que tive uma... iluminação?

domingo, 3 de novembro de 2013

Grafite na Agulha: 8) O que é "Zii e Zie"?

Perdi o maior tempão procurando uma entrevista na qual Chico Buarque dizia que o Brasil carece de bons críticos musicais a serviço dos jornais, porque grande parte deles nem sequer sabe ler música. Quer dizer, era mais ou menos isso. Pretendia ser mais específico, e citar a fonte, mas, como não a encontrei, fica aqui a informação assim, "de orelha". Queria citá-la apenas pra dizer que o texto abaixo, de meu chegado Edu Franco, é um primor de crítica, pois ele, além de músico e compositor, é também jornalista... sem falar que escreve bem bagarai! Já lhe sugeri um milhão de vezes que, em vez de postar seus belos textos no fb, deveria criar um blogue pra publicá-los lá, mas ele prefere o contato direto (e fugaz) com o leitor. Então, vamos ao que interessa: quem quiser saber mais sobre ele, leia aqui, por ora acrescento apenas que, quando lhe pedi que escrevesse sobre algum CD que o marcara, ele se lembrou deste texto inédito, que escrevera há quase dois anos, e enviou-mo. A ele, pois:

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 108) Nosso piano interior

Acho que gosto de literatura japonesa desde que me entendo por gente (ou seja, por leitor). Um dia me caiu em mãos um livro de Yukio Mishima (O Templo do Pavilhão Dourado, se não me engano), e pronto! Lá estava eu enredado pra todo o sempre nas linhas da literatura da Terra do Sol Nascente! De lá pra cá perdi a conta de quantos livros e autores já saltaram a janela de meus olhos adentro. Anos depois chegou a vez de eu cair de amores pelo cinema japonês, mais ou menos quando tive idade e sensibilidade suficientes pra perceber que havia um universo cinematográfico vasto e riquíssimo fora dos portões de Hollywood.