quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Grafite na Agulha: 38) A lírica de Lira

Após um razoavelmente longo hiato, volto a dar um pouco de atenção a esta coluna – uma de minhas preferidas por aqui. Na verdade, gostaria de escrever mais sobre música e/ou literatura, que são as áreas que mais me interessam e apaixonam, mas nosso imenso paisinho tem o dom de me dar infelizes matérias-primas que me acabam levando por outros caminhos e, quando percebo, já estou completamente perdido num labirinto (nada a ver com o disco em questão) de assuntos que tenho que vomitar pra não deixar que virem enfermidades. Agora mesmo, enquanto escrevia, soube da prisão de Eduardo Cunha e fiquei cá comigo pensando em por que raios não o algemaram. Deu vontade de escrever algo, mas ainda é cedo. Não sei até que ponto é sério e até que ponto é teatro. Mas deixemos Cunha saborear sua nova residência e voltemos à música.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Os Manos e as Minas: 25) Dylan – the answer is blowin' in the wind!

Meu caríssimo editor Marcelo Nocelli (cuja editora Reformatório acaba de ter o romance A imensidão íntima dos carneiros – de Marcelo Maluf – laureado no Prêmio São Paulo de Literatura) iniciou no facebook interessante discussão sobre a escolha de Bob Dylan como ganhador do Nobel de Literatura deste ano. Segundo ele, apesar de reconhecer a genialidade de Dylan e achar que o artista merece todos os prêmios possíveis – em se tratando de música, of course –, preferia ver um escritor – na verdadeira acepção da palavra – receber o prêmio, principalmente nestes tempos modernos em que, "cada vez mais, ser apenas escritor é cada vez menos" – frase lapidar, diga-se. Finaliza parabenizando Dylan, que "merece tudo o que conquistou" e afirmando que "prêmios são sempre discutíveis; esse também é um intento das premiações".

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ninguém me Conhece: 82) Folk na Kombi – nos levando em frente

Existem sujeitos que parecem ter nascido com o, digamos, traseiro virado pra lua. Tudo em que se metem acaba dando o maior pé. Meu querido parceiro Bezão sem dúvida nenhuma é um dos mais bem acabados exemplos desse tipo de sujeitos. Conheci-o há muitos anos numa das noites autorais do Clube Caiubi, quando ainda funcionava em seu primeiro endereço, na rua homônima. Nessa época, Bezão era um dos integrantes do Rossa Nova (que contava ainda com Juka e Xamã), um trio que fazia um som que poderia ser classificado como uma renovação do rock rural. Não à toa, era apadrinhado pelo saudoso Zé Rodrix, um dos expoentes (juntamente com Sá & Guarabyra) desse movimento musical que explodiu na década de 1970.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Esquerda, Volver: 11) Ladainha dos golpistas

A data de 31 de agosto de 2016 será entendida no futuro como um dia que entrou pros anais... do povo brasileiro. Nossos netos se envergonharão muito dela. As conquistas sociais tão duramente alcançadas cairão por terra, como os gestos do então interino golpista já deixavam vislumbrar. E agora, com o golpista finalmente efetivado, obviamente depois de negociar alguns cargos com os senadores indeci$os, voltaremos ao século XIX. Mulheres, voltem pra cozinha; negros, voltem pra senzala; nordestinos, voltem ao trabalho braçal; gays, voltem pro armário; usuários de drogas, agora vocês são tão culpados quanto os traficantes! O país dos brancos bem-nascidos está de volta, pra alegria geral dos amarelinhos da Paulista e dos derrotados nas urnas. Esse golpe mostra ao mundo que no Brasil inexiste a igualdade de direitos; o voto de quem tem maior poder aquisitivo vale mais.