segunda-feira, 11 de maio de 2015

Filho da preta! – na boca dos leitores (3)


Dando prosseguimento às divulgações de meu romance Filho da preta! (enquanto a imprensa não toma conhecimento de sua existência), destaco mais uma leva de comentários de leitores do livro, a quem sou muitíssimo grato não somente pelo fato – já digno de nota – de o terem lido, mas sobretudo por terem gasto parte de seu precioso tempo se dedicando a relatar suas impressões sobre a leitura. Obrigado, de coração! 

Ah, quase esquecia: antes de passar a eles, aviso aos caros e raros leitores que dois comentários estão em espanhol, mas preferi não os traduzir, em primeiro lugar porque estão bastante claros, em segundo pra incentivar a leitura na hermosa língua de Cervantes. A eles, pois:


Ana Vega – chilena radicada no Brasil, é professora e tradutora de espanhol

Querido Léo, passei a tarde do domingo sentada ouvindo a história de Isidoro. Falo ouvindo porque o ritmo do texto e o fato de o relato ir e vir seguindo a linha do pensamento me deu essa sensação: a de estar sentada frente a ele na mesa de algum bar, ouvindo-o falar enquanto degustávamos um tinto. A personagem, como todo homem do povo, é muito interessante. Ele tem uma visão particular e contraditória dos valores humanos. Ele é filho de preta, mas se considera branco; também expõe em seu relato todo o seu preconceito sobre o que ele acha que deve ser o lugar das mulheres na sociedade. Além de machista é também fanfarrão, mas ingênuo, dessa ingenuidade que só se acha nas pessoas muito humildes. Por outro lado, é justamente através desses preconceitos que conseguimos desvendar todas as agruras, tristezas e frustrações pelas que passou durante sua vida. Gostei! Fico aguardando o próximo! Beijos.

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Eliza Otsuka – jornalista

Quando um livro nos surpreende, seja da forma que for, vale a pena indicar o titulo para amigos e desconhecidos. O livro em questão é o Filho da preta!, que tive o privilégio de ler em papel sulfite e datilografado. Faz um tempinho... O livro é intenso, instigante e surpreendente. Me faz pensar em muitos "Isidoros" e na ideologia de branqueamento presentes na nossa sociedade. Verdadeiramente, eu gostei. Para quem ainda não leu, o livro é no mínimo interessante. Bom ver seu sonho materializado!!!

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Marcela Viciano – cantora e compositora argentina

La crudeza del relato de un personaje tristemente identificado con las clases sociales que lo oprimen, sin orgullo de su origen, de su raza, con vergüenza de ser quien es, sumado a la ignorancia, falta de educación y sentido común; una víctima de la sociedad sin la claridad para elegir un camino más sano y feliz.

Esto retrata para mi Filho da preta!, que ya desde el título da la señal de la carga negativa y racista que aún perdura en nuestra sociedad (tantos negros con el pelo planchado... Cuanto faltará?). El texto en primera persona, vertiginoso, no para y transita lugares y hechos de lo más terribles contados por el protagonista con una liviandad e inocencia espeluznantes. Una invitación a la reflexión, la consciencia y el cambio.

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Nelmar Rocha – jornalista e autora do boletim eletrônico Dicas Musicais (visite: aqui)

"Eu vou tá mentindo" se eu disser que gostei do Filho da preta!. Eu simplesmente adorei! O personagem-narrador é de uma ingenuidade singela e, ao mesmo tempo, alarmante. Diz coisas nas quais acredita piamente e as defende com unhas e dentes. Na verdade, nem é uma questão de defender, pois, para ele, é tão normal pensar e agir daquele jeito, "de que" nem é preciso "de" defender... E ele as diz com uma sinceridade impressionante. Uma sinceridade que nós, leitores, não temos (às vezes). Quantas vezes temos vontade de expressar um pensamento, mas não o fazemos para não sermos politicamente incorretos? Tô errada?

A linguagem coloquial do narrador, num primeiro momento, incomoda um pouco, mas acabamos por nos acostumar. O "de que" pra cá, o "de que" pra lá, usado o tempo todo, por vezes, dificulta a leitura, mas, como disse, nos acostumamos.

E as tiradas de humor (para nós, leitores, naturalmente, porque, pra ele, é simplesmente o que ele acha e ponto final)? "Não sou pernambucano; eu fui pernambucano..."; "mulher até calada está errada", e por aí vai. Por várias vezes me peguei rindo dos absurdos que ele despeja com a maior naturalidade.

Despejar, aliás, é o verbo que define o enredo. O personagem despeja, numa só tacada, seu machismo e seus preconceitos, tanto o racial quanto o social. Claro que o despejar está intimamente relacionado com a forma de escrever (ou o estilo) do autor. Tais recursos – não sei se propositais – nos levam a uma leitura apressada, para acompanhar o raciocínio do narrador. A impressão era que, se não corresse, a história se perderia ante meus olhos, tamanha a sucessão de fatos narrados. Tal fato fez com que eu lesse o livro em algumas poucas horas, divididas em três dias. Isso porque eu não queria que a leitura findasse. Retardei o máximo que pude... Sabe aquele sorvete que você toma devagarinho pra não acabar logo?

Além dos preconceitos que permeiam o livro o tempo todo, a história tem situações com as quais nos surpreendemos a todo instante, mas que para o personagem-narrador não passam de coisas que acontecem o tempo todo. Será? Só lendo pra saber...

Se eu disser que o Léo Nogueira não teve uma estreia como romancista surpreendente, "eu vou tá mentindo".

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Rolan Crespo – economista e compositor

Meu senhor Escritor,

Como havia te dito antes, foi tudo de numa talagada só. Adorei. O tema, os bordões, até os preconceitos e o "posicionamento político" do caboclo vão te levando de roldão. Vez por outra, aqui e ali, um ou outro bordão me pareceu fora do contexto.

Chocante foi o conceito de estatística que o caboclo explicitou, mesmo que tivesse falado pela boca da televisão, como no caso: "Escravo, que nem no comunismo." Agora, o caboclo falar em margem de erro, ficou intelectualizado. Os ares de conhecimento que apresenta em certos momentos se chocam com o ser simplório que nele predominam. Ao final, fiquei feliz pelas horas de prazer que o teu trabalho me proporcionou.

Receba a estima e o carinho do amigo.

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Teodora Freire – espanhola radicada no Brasil, é professora de espanhol

Es fantástico! Me encantaron la historia, el lenguaje, la construcción de la trama con una narrativa "verdaderamente" emocionante y contagiante de leer. El protagonista nos atrapa del comienzo al final y su recuento de vida, lleno de hazañas quijotescas, marcadas por encuentros y desencuentros, risas y llantos, nos hace cómplices de su vida de lucha y miserias.  Al final, le perdonamos y entendemos... aunque se nos escapa de la garganta un sincero y entrañable "¡hijo de puta!".

¡ENHORABUENA!

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PS: Você tem três opções pra adquirir o livro: 1) entrando em contato comigo; 2) pelo site da Reformatório (aqui); ou 3) na Livraria Cultura (aqui).

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2 comentários: