Venho por esta avisar a quem interessar possa que dei o ponto final a meu segundo romance, A Confraria dos Mascarados, já faz algum tempo, porém ele não pôde ser lançado ainda porque minha mudança pro Japão veio modificar meu calendário. Espero que quando volte possa publicá-lo. Por ora, segue mais uma leva de depoimentos de leitores sobre o primeiro, Filho da preta!. E, desta feita, com um acréscimo importante. Um leitor mais sagaz terá percebido que meu livro foi dedicado a três pessoas; uma delas, no entanto, só agora, quase quatro anos depois do lançamento, encontrou tempo em sua ocupada agenda pra dedicar umas horinhas à leitura dessa minha humilde obra.
Meu amigo Antonio Carlos, que tanto me influenciou e a quem tanto devo, a ponto de lhe dedicar o livro, tornou-se há alguns anos, graças ao Enem, universitário temporão. Durante esse período, dedicou-se quase que integralmente aos estudos, motivo pelo qual — alegou ele — não teve tempo nenhum pra leituras que não fossem de material referente a seus estudos. Neste janeiro que acabou de acabar, finalmente pôde respirar e ler o bendito livro. Confesso que estava ansioso, pois sou sabedor de que ele é leitor exigente, inclusive devorador de clássicos. Entretanto, pelo visto não frustrei suas — e minhas — expectativas. E é com o depoimento dele que abro esta nova leva.
Antônio Carlos — formando em Letras pela Unifesp, é corretor de seguros, amante de livros e canções e, entre outros feitos, foi o cara que me apresentou à obra de Chico Buarque e, de quebra, ensinou-me a jogar xadrez
Antônio Carlos durante a leitura |
Aliás, é um livro sufocante, falta o ar várias vezes, e o autor sabe como provocar intensamente o leitor; seria como se ele fosse apresentado para uma das camadas mais profundas do Inferno de Dante, o realismo psicológico é perturbador de tal envergadura que o leitor pode ser tentado a largar a leitura nas primeiras dez páginas. Os leitores que são desafiados a terminar essa inquietante história se deparam com uma obra de arte que convida a montar um intrigante quebra-cabeças, afinal de contas esse drama trágico, infelizmente, não está tão distante de cada um de nós.
No final da obra, deparamo-nos com o desconforto que nos provoca a reflexão do que lemos. Em outras palavras, não se consegue ler o Filho da preta! e continuar impassível.
***
Arnaldo Afonso — compositor, poeta e jornalista; faz muitas coisas, mas nenhuma bem (segundo suas próprias palavras) — Arnaldo já havia feito comentário sobre o livro na primeira publicação do Na boca dos leitores, mas teve uma recaída, motivo pelo qual o trago novamente
Se eu disser de que não gostei desse livro, aí vou estar mentindo. Tô certo? Tô ou não tô? Então... O personagem é fascinante, meu caro Léo... Enquanto lia, algumas vezes imaginei o Lima Duarte interpretando-o. Sabe que o Lima declama longos trechos do Grande Sertão, do Guimarães Rosa, de cor? Ele ama esse proseado, essa dicção. E o Isidoro, apesar de ser nordestino, me lembrou essa mastigação mineira das palavras, esse falar comendo a mistura. Acho que essa sua obra vai também pra teatro ou cinema um dia. No mais, faltou um elogio pra parte gráfica; o lance das páginas irem ficando cinza e depois pretas foi uma bela sacada visual e conteudística também, pois tem tudo a ver com a história. Parabéns! Abraços!
***
Rosana Banharoli — poeta e produtora de projetos culturais
RECOMENDO! Filho da preta!, de Léo Nogueira [revisor, compositor, escritor], editora Reformatório, 2014, é um romance que se apresenta com título que seria óbvio se não fosse a exclamação. Taí um detalhe que muda toda a trajetória. Uma história que se alimenta de preconceito, racismo, religião, política, estigma e de uma lucidez corrompida que segura todo o monólogo confessional. Escrito com linguagem coloquial (propositalmente elaborada), pertinente a um nordestino sem estudo e com pouca informação e próximo à linguagem oral. É um livro sem verniz, em que o ritmo e a estrutura conduzem página pós pagina, num mesmo fôlego e com formato inovador: conforme o depoimento vai se tornando denso, a paginação muda de cor, percorrendo do branco ao cinza, chegando ao final com todas pretas. Sim, é um romance provocador daqueles que geram os piores sentimentos e reflexões. É, o filho da preta pode bem ser o taxista [na leitura, vai entender por quê] de que você já se serviu, sem nem imaginar dos conceitos que o serviam. Livro para prêmios. Leitura para quem quer Literatura.
Sander Mecca — cantor e compositor
O Filho da preta! é um livro que chacoalha o cerebelo! Com a escrita alucinante de Léo Nogueira, que não deixa o leitor quase tomar fôlego com seu personagem que leva praticamente a uma viagem freudiana, com seu personagem narrador interessantíssimo que é psicótico e neurótico, xenófobo, racista e reacionário. Tudo o que o autor sei que não é. Portanto, ainda acredito que o personagem narrador, com suas atitudes, não deixa de ser uma crítica feita de maneira reversa. É um livro que não pode ser deixado de ler. O autor usa, ousa e abusa de sua vasta criatividade e seu conhecimento literário. Não percam!
***
Sander Mecca — cantor e compositor
O Filho da preta! é um livro que chacoalha o cerebelo! Com a escrita alucinante de Léo Nogueira, que não deixa o leitor quase tomar fôlego com seu personagem que leva praticamente a uma viagem freudiana, com seu personagem narrador interessantíssimo que é psicótico e neurótico, xenófobo, racista e reacionário. Tudo o que o autor sei que não é. Portanto, ainda acredito que o personagem narrador, com suas atitudes, não deixa de ser uma crítica feita de maneira reversa. É um livro que não pode ser deixado de ler. O autor usa, ousa e abusa de sua vasta criatividade e seu conhecimento literário. Não percam!
***
Antônio Carlos após a leitura |
***
PS: Entre as opções que você tem pra adquirir o livro, destaco três: 1) entrando em contato comigo; 2) pelo site da Reformatório (aqui); ou 3) na Livraria Cultura (aqui).
***
Valeu, Silvioca! Já leu? Se não, leia-o, please. Gostaria de saber sua opinião.
ResponderExcluirBeijo,
Léo.