sábado, 10 de outubro de 2020

Os Manos e as Minas: 38) Meus salvadores no Japão (parte 3) — Henry Bugalho, da literatura à política

Andei sumido por uns tempos, mas não inativo. Este meu blogue completou recentemente dez anos de existência, o que significa que durante uma década inteira me dediquei a escrever e publicar aqui com uma regularidade incrível. Foram 703 textos, o que dá uma média de 5,8 por mês(!!!). E sempre com amor e... gratuitamente. Claro, não posso negar que durante esse tempo todo vim melhorando minha escrita, lapidando um estilo e, principalmente, explorando meu potencial ante um possível público. Nada de mais aconteceu em minha carreira durante esse tempo, fora o lançamento de dois romances. Que, acrescente-se, venderam muito pouco. E atingir uma década de trabalho ininterrupto é sempre algo que nos obriga a refletir acerca de algo muito importante: valeu a pena?

Depois de muito pensar, minha resposta foi: sim, valeu. Poderia ter valido mais, mas paciência; a parcela da humanidade que é totalmente realizada faz parte de uma minoria minúscula. Portanto, minhas vitórias — e meu aprendizado — até aqui estão de bom tamanho. Porém, resolvi me dar umas férias, aproveitando essa tensão toda gerada pela pandemia, e me pus a escrever, mas não pensando em alimentar meu blogue. Vejam um exemplo: sempre quis lançar um livro de contos inéditos, mas, quando saí em busca deles, percebi que os melhores entre eles já estavam publicados em meu blogue. E vi que doravante precisava ser menos ansioso e guardar a nova safra pra esse tão esperado livro. E tem dado resultado. Da mesma forma, estou com mais dois romances prontos e mais dois livros em processo de feitura bem avançado.

É hora, pois, de traçar novos objetivos e explorar outras possibilidades que não a cansativa publicação em blogue, e a mais cansativa ainda divulgação, que, no caso dos (semi?)anônimos como eu se resume a encher os pacovás dos amigos, que têm mais o que fazer do que ler seis textos meus por mês. Assim, resolvi que só viria aqui novamente quando tivesse algo que julgasse relevante pra expressar em linhas escritas. E hoje, pela primeira vez em muito tempo, acordei com vontade de vir aqui e escrever a respeito de mais uma pessoa que tem sido muito importante pra manutenção de minha sanidade nesta minha fase japonesa. Em princípio, pensei em tratar acerca de três pessoas, mas, por sorte, esse número tem aumentado; portanto, resolvi deixar o espaço em aberto. E hoje chegou a vez de eu falar dele: Henry Bugalho.

Minha fraca memória não me permite lembrar como e por que cheguei até o canal no Youtube que Henry tem há aproximadamente cinco anos; mas isso agora não importa. O que importa é que cheguei. E lá fiquei. Henry é um curitibano do mundo, pois vive fora do Brasil há cerca de 20 anos. Ele e a esposa, de forma praticamente cigana, já moraram na Argentina, nos EUA, na Inglaterra, na Itália e em mais uma porção de países cujos nomes me escapam agora, e há algum tempo resolveram sossegar o facho e se estabelecer na Espanha, mais especificamente em Madri — ajudou nessa escolha o fato de que há poucos anos o casal teve um filho. Entretanto, Henry, apesar dessas duas décadas longe do solo pátrio, trata em seus vídeos justamente do... Brasil.

A produção do sujeito é um negócio incrível: são cerca de dois vídeos por dia publicados em cinco dias por semana, sempre tratando de assuntos de interesse nacional. Henry é um cara tranquilo, ponderado, que fala coisas interessantes, e de modo interessante, sem perder as estribeiras, e por mais espinhoso que seja o tema. Como eu já estou indo pra três anos de Japão, o contato diário com ele tem me ajudado a seguir em frente sem, contudo, perder de vista o que tem acontecido no Brasil. Aproveito pra assistir a seus vídeos quando estou fazendo faxina ou lavando louça ou roupa, e ele tem se mostrado um amigo querido, apesar de eu não o conhecer — e muito menos ele a mim. Só que não pretendia escrever sobre ele tão cedo, observando esse meu período de "férias" do blogue, mas...

... Ele teve recentemente um problema de saúde que o levou a ser hospitalizado e inclusive passar alguns dias na UTI, período durante o qual, obviamente, não pôde suprir seu canal. E não é que, além da preocupação com seu estado de saúde, eu me vi em plena crise de abstinência de seus vídeos? Ah, aconteceu algo que só acontece com sujeitos gente-fina como ele: vários amigos seus resolveram suprir sua ausência — visto que ele vive praticamente do que ganha em seu canal — e se revezaram pra criar e disponibilizar novos conteúdos, com ao menos um novo vídeo por dia. Hoje, graças a Deus, ele está de volta, firme, forte e superativo; só que, durante aquelas semanas em que ele esteve afastado, quase sem me dar conta me peguei voltando ao começo de seu canal e vendo, como se fosse uma série da Netflix, uma maratona de vídeos seus em ordem cronológica.

E constatei uma coisa muito interessante. Em parte eu já sabia, porque ele vez em quando cita em seus vídeos, mas ainda não tinha visto nenhum deles. Hoje, o canal de Henry tem 580 mil inscritos, mas quando começou não passavam de cem. E ele tratava exclusivamente de literatura. Daí que vi que estava gostando ainda mais desses primeiros vídeos que dos atuais. Explico: com poucos seguidores, e tratando de assuntos dos quais gostava, eu o via na tela sempre risonho, às vezes nem conseguia esconder a alegria de estar ali "conversando" com seus cento e poucos seguidores. Hoje, tratando de assuntos espinhosos, tem um semblante sempre sério, e não duvido nada que essa escolha de mudança de temática, embora lhe tenha trazido muitos novos seguidores — entre eles eu —, possa ter sido, em contrapartida, causa do agravamento de seu estado de saúde.

Bom, escrevi demais; é hora de pôr um ponto final na prosa. Resta dizer que Henry é formado em filosofia e é também colunista da CartaCapital e escritor — foi pra divulgar seu trabalho literário que teve a ideia de começar seu canal. Tenho lido também alguns de seus livros e talvez trate deles futuramente. Por enquanto, acrescento que vale a pena conhecer seu trabalho. Quem quer ficar por dentro dos acontecimentos mais importantes do dia a dia, mas não tem paciência pra jornais, tem em seus novos vídeos um belo resumo; já a quem tem interesses literários recomendo fortemente seus primeiros vídeos. O mais legal no trabalho dele é que não se trata de algo panfletário, partidário; Henry é, como eu, um humanista. Portanto, quem se interessar por ver alguns de seus vídeos pode ir sossegado, pois não verá ninguém espumando e vociferando, como costumam fazer os que falam a seus rebanhos, sejam estes os do lado de lá ou os do lado de cá.

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PS: O canal de Henry é este. Sua página no Facebook é esta. Ele também tem contas no Twitter e no Instagram, mas, como não visito muito essas plataformas, deixo a cargo de quem se interesse procurar.

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Abraços e até qualquer dia desses,

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Um comentário:

  1. Viva Léo, ainda bem que voltou. Só não li seus livros porque para que cheguem até Portugal é uma maratona. Abraço.

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