quarta-feira, 8 de setembro de 2021

No Embalo da Toada: 2) O novo Gil, uma celebração da vida

Trago pra cá o primeiro texto que escrevi pro portal Toada (pra saber mais sobre o ele — o portal, não o texto —, clique aqui). Pra começar bem, escolhi escrever sobre este maravilhoso CD do velho (novo) Gilberto Gil.

O novo Gil, uma celebração da vida*

O mundo está um caos. Mortes por todas as partes. Muitos de nós, que seguimos vivos, encontram-se deprimidos, casmurros, sem saber como dar o próximo passo. Nessas horas, só quem pode nos salvar é a arte. Por isso decidi que meu primeiro texto por aqui tratasse dele, Gilberto Gil. Sim, obviamente tenho diferenças com ele, como tenho com Caetano e com tantos outros. Mas o que importa é que quando ouvi o novo disco de Gil — que nasceu depois que ele teve problemas de saúde que por pouco não o levaram —, e é lindo, uma homenagem à vida, decidi que era importante falar dele neste nefasto momento, e de tantas pessoas nefastas.

Gil é um grande músico e um grande compositor, mas eu notava que nos últimos anos lhe faltavam ganas de compor. Seus mais recentes discos vinham sendo compilações de forró e reggae, sem falar em releituras de suas próprias velhas canções. Ok, Ok, Ok, todos temos nossos maus momentos e também períodos de pouca inspiração. Não serei eu quem lhe atire a primeira pedra; entretanto, e musicalmente falando, creio que o melhor que sucedeu a ele nestes últimos anos foi se saber à beira da morte. É nesses momentos, quando sentimos que nossa vida não vale nada e que quando não estivermos mais aqui as pessoas se lembrarão de nós por causa de nosso legado... é nesses momentos que nos reconectamos com a arte da criação.

E foi o que fez Gilberto Gil em seu maravilhoso OK OK OK. Um Gil amoroso com seus amores, suas amizades, sua família, os médicos que cuidaram tão bem dele; um Gil sem medo de dizer o que pensa àqueles que exigem que ele tenha respostas pra tudo; enfim, um Gil de primeira qualidade como eu não ouvia desde Quanta. E quanta coisa aconteceu de lá pra cá, não? Eu, como amante da MPB, sinto-me verdadeiramente uma pessoa sortuda por poder contar com tantos gênios vivos e atuantes como o velho Gilberto que se faz tão jovem neste sublime trabalho. Eu facilmente poderia continuar aqui por horas e horas e horas (ok, ok, ok) resenhando canção a canção esse soberbo álbum, mas prefiro apenas lançar a isca e deixar que cada um de vocês saiba fisgar seu próprio peixe preferido neste maravilhoso mar musical que é OK OK OK.

Ok?

***

*Publicado originalmente aqui.

***


***

Nenhum comentário:

Postar um comentário