Corruptos, mensaleiros, larápios, petralhas, quadrilha, corja, súcia, etc. etc.; no que se refere ao caso do mensalão, são inúmeras as "qualificações" que os exaltados defensores da Justiça (com jota maiúsculo) vêm atribuindo nos últimos anos aos réus – e agora condenados – petistas, e não só a estes, diga-se de passagem. A impressão que temos é de que se trata menos de um partido e mais de um bando de assaltantes da pátria, pois não há opiniões isentas de ódio, imparciais. Desde o começo o que se viu foi a inversão do "inocente até que se prove o contrário". E a oposição sempre soube se aproveitar desses arroubos patrióticos, vinculando à "quadrilha" tanto a presidente (sorry, dra. Rousseff, prefiro assim, comum de dois gêneros, como sempre fora) Dilma quanto o prefeito Haddad, entre outros (mas não deu certo, né?)... Quanto ao ex-presidente Lula, vixe! Este então seria o líder!
Acho tudo isso muito justo, bonito até. É bom ver que os brasileiros, sempre tachados (é, nesse caso é com cê-agá, meu letrado povo) de indolentes, de repente se enchem de brios e passam a exigir cana aos ladrões da pátria. É bonito, sim. Ver o colorido das manifestações, o povo na rua clamando "basta de corrupção!", o tal do gigante acordando, enfim, é bonito e ponto. Eu só fico um tanto confuso ao pensar nos porquês de só agora estar despertando esse hibernante gigante deitado eternamente em berço esplêndido. Deveríamos dar uma medalha a Mr. Mark Zuckerberg por ter conseguido unir milhares (milhões?) de insatisfeitos em torno de questões pontuais, fazendo-os tomar as ruas? Ou será que tal se deve ao fato de que a corrupção no Brasil foi implantada pelo governo petista?
Peço desculpas aos crédulos de plantão, mas a pulga que mora atrás de minha orelha não me deixa lhes dar as mãos em tão nobre e justificável passeata. Não é por nada, não, é apenasmente que fico com medo de me sentir massa de manobra, bradando palavras de ordem e coisa e tal. Sou cismado por natureza, e, como tal, fico procurando sempre por detalhes que possam ter passado despercebidos à multidão, mesmo que se trate tão somente de buscar pelo em ovo. Nesse filme, não sei bem quem é o mocinho nem quem é o bandito. O PT, por exemplo, tem dado motivos de sobra pra ser a Madalena, o Judas da vez; trocou sua velha e urrante ideologia semimarxista por afagos e conchavos com a "imorrível" direita que, mais que coronelista, parece coronelesca, tão caricata que é... mas tenho a impressão de que o criticam pelos motivos errados...
É como se os antipetistas se estivessem sentindo traídos. Estão criticando o PT pelas coisas boas que seu governo vêm fazendo. As bolsas isso e bolsa aquilo têm tirado milhões de pessoas da miséria. Isso é um fato. Quem critica isso demonstra claramente que é favorável à meritocracia, é adepto do jargão de Justo Veríssimo, personagem de Chico Anysio, que dizia "Eu quero mais é que pobre se exploda". Chamar de vagabundo e dizer que não trabalha porque não quer é o pensamento que leva a que se justifique acorrentar um ladrão pobre a um poste. Da mesma forma, estão criticando pela vinda de médicos cubanos. Ora, bolas, se os médicos brasileiros não querem trabalhar nos cafundós, lá onde Judas se esqueceu que um dia teve botas, por que não deixar ir quem queira?
Outra coisa: esse tal de Joaquim Barbosa, por exemplo. Foi nomeado ministro pelo então presidente Lula. Se o governo petista fosse o que acham que é, Dirceu, Genoino & cia. estariam livres, leves e soltos. Mas não, o Barbosão exerceu seu ofício com pompa e circunstância, sob a luz dos holofotes, de maneira arrogante, tirânica e parcial, gerando mal-estar até com seus colegas. E, não satisfeito com as condenações, continua perseguindo os presos, tirando-lhes até os menores direitos que, pela lei, possuem. Convenhamos: não é o tipo de cara que gostaríamos que estivesse julgando algum parente nosso, é? Acabou virando queridinho dos reacionários, sendo capa da Veja e insistentemente cotado a ser o novo salvador da pátria, candidatando-se a disputar a presidência. Quando o vejo em ação, na real, sinto a maior vergonha alheia.
Já em relação à Copa no Brasil, creio sinceramente que estão misturando alhos com bugalhos. Quando o Brasil foi escolhido pra ser o país-sede, ninguém deu um pio. Agora, aos 44 minutos do segundo tempo, vem essa galera dizer que não vai haver Copa, promover quebradeiras, atrapalhar o trânsito e coisa e tal... Pensemos bem: a Copa não vai ser cancelada agora, quer queiram ou não, quer concordem ou não com sua realização em solo pátrio. O máximo que vai acontecer é os tais de black blocs promoverem o caos e causarem situações que fatalmente porão em risco vidas alheias, possivelmente de turistas, como já ameaçaram. Nesse caso, podem suceder mortes, e quem vai ficar mal perante os olhos do mundo vai ser nosso país. E eu pergunto: a quem isso interessa?
Bem, deixei o melhor pro final. Agora eu quero ver se vocês são coerentes com esse clamor por Justiça (com jota maiúsculo) ou se é só nhem-nhem-nhem de quem é santo do pau oco. Ó, não vou nem entrar na questão da compra de votos pra reeleição de FHC, ok? Centremos no mensalão e sejamos didáticos: crianças, não sei se vocês sabem, mas quem começou com essa história de mensalão foram os titios tucanos de Minas. Não sabiam? É, procurem no google. Então, continuando. Era uma vez o titio Eduardo Azeredo (do PSDB!), nos idos de 1998 – ou seja, muito antes do mensalão petista –, que queria se reeleger governador de seu Estado e acabou se enrolando com lavagem de dinheiro (coitado, tava sujo) e uma palavrinha esquisita chamada peculato (procurem no dicionário).
Pois bem, o tempo passou, condenaram os titios do PT, e só agora resolveram que era chegada a hora de julgarem também o titio Azeredo e seus coleguinhas bicudos. Só que o titio Azeredo, pra ganhar tempo, semana passada renunciou a seu mandato de deputado federal. Com tal manobra, ele periga não ser julgado pelo STF do temível Barbosa. E mais: como já tem 66 anos, conta com a ajudinha da lentidão da justiça (com jota minúsculo) pra chegar aos 70 anos e se ver livre da presepada, pois então ocorrerá outra palavra bonitinha: prescrição. E parece que está tudo muito bem, tudo muito bom. Os jornais estão tratando do caso meio assim en passant (é francês, procurem no google), Aécio Never & cia. estão se fazendo de mortos, e, pelo jeito, vai ficar tudo por isso mesmo.
Vejam, de lambuja nem vou falar do trensalão alckmista, eu só quero é perguntar a vocês, justiceiros... ôps, exaltados defensores da Justiça (com jota maiúsculo), quando é que vão se dignar a se indignar. Hem? Não tô vendo nas redes sociais nem nas ruas o mesmo ranger de dentes, o mesmo ódio de quando a coisa era com o PT. Como é que é? Vão fazer de conta que não é com vocês? Cadê o clamor por justiça? Quando é que vão usar EM LETRAS GARRAFAIS as palavrinhas do primeiro parágrafo pra se referir ao caso? E cadê a fúria do implacável Barbosão? Ah, tô começando a entender... trata-se da velha história de dois pesos e duas medidas, né não? Quando é com partido que faz algo pelos pobres, é ladrão, já quando a coisa é com a galerinha bem-nascida, aí mudamos o rumo da prosa. Chega a ser até cômico ver o titio Eduardo Azeredo se dizer tão inocente quanto Lula. Não acham? Ó, vou contar até três pra ver a indignação de vocês, depois disso, só tenho a lhes dizer uma palavrinha igualmente bonitinha: HIPÓCRITAS!
***
...Quem não está indignado com a pouca vergonha política e corrupção, e não de hoje, amigão, eu estou! Lalo.
ResponderExcluirÉ a isso que estou me referindo, Lalo, parceirão! A indignação não pode ter lado, senão deixa de ser indignação... Agora é que são elas...
ExcluirAbraço,
Léo.
Como bom mineiro também sou bem desconfiado e tenho achado que tá rolando dois pesos e duas medidas também. Não defendo o PT, nem político nenhum, na verdade tudo que possa ter de contra eles eu assino em baixo. Mas, porque os casos da oposição não incomodam tanto a galera, quanto os que já foram julgados?
ResponderExcluirNé não, Denis Martino, meu bom?
ExcluirMas, e aí, por onde andas?
Abraços,
Léo.
assino embaixo de cada palavra e com tudo Maiúsculo Mesmo!!!! :)
ResponderExcluirValeu, Apá! E o texto? rs
ExcluirXêro,
Léo.