Dois amigos que, no âmbito das ideologias, se situam tão à esquerda quanto eu (ou mais) me convidaram a criar um blogue político. Como não tenho o conhecimento político necessário pra tal, resolvi, em contrapartida, lhes oferecer uma nova coluna em meu blogue, que, antidemocraticamente, batizei de Esquerda, Volver. Minha proposta é de que tratemos, com clareza de raciocínio – e dando direito a voz àqueles que queiram debater sem agredir –, tantos assuntos importantes que são pauta diária tanto em telejornais, mídia impressa ou mesmo redes sociais. Mas minha (nossa) maior intenção – deixemos desde já claro – é defender a tão combalida esquerda, visto que, nessa imbecil dicotomia da qual somos todos vítimas, notamos claramente uma guinada à direita.
Isto posto, proponho como primeiro tema que dissequemos esse exacerbado ódio a um único partido e, consequentemente, aos políticos a ele filiados. Claro que estou me referindo ao PT e a Lula, Dilma & cia. ltda. Pretendo deixar de fora desse debate os imbecis que defendem a volta da ditadura, pois não discuto com doido (até porque a experiência mostra que o doido costuma ganhar as discussões por não saber ouvir e repetir à exaustão suas argumentações – qualquer semelhança com alguém que você conheça não é mera coincidência). Pra encerrar essa questão, um único adendo: quem pede a volta da ditadura não vê (ou não quer ver) que, com a volta dela, o cidadão que se manifesta não poderia mais se manifestar nem mesmo pelo voto. Ademais, se temos corrupção em todos os âmbitos, o exército no poder já mostrou que não é voz dissonante.
Outro argumento batido que já passou da hora de sair do debate é chamar o governo do PT de comunista. Oras, sejamos um pouco mais inteligentes! O governo federal petista durante esses três mandatos e meio pode ser chamado de tudo, menos de comunista. Está mais pra uma esquerda light, tem um pé no centro, onde, inclusive, foi encontrar a base aliada que deu (má) sustentabilidade a seu governo; lembrando sempre que o maior aliado do governo "petralha" tem sido justamente o PMDB, partido de figuras assustadoras, como Michel Temer, Eduar(gh)do Cunha e Renan Calheiros, não coincidentemente três possíveis presidentes pela linha sucessória presidencial. Resumindo: se o PT pensava em instaurar no Brasil algo parecido com o comunismo, errou de aliado... e feio!
Ainda uma palavrinha sobre o comunismo: eu, na condição de cidadão e de ser pensante, sou naturalmente avesso a regimes totalitários, portanto, apesar de me saber de esquerda, sempre fui contrário a governos como o de Fidel (embora não lhe tire os méritos), que não poucas vezes usou de truculência pra resolver pendengas com dissidentes cubanos. Contudo, o capitalismo já provou por A +... aliás, - B que também fracassou. Os antipetistas não se cansam de bradar contra o Bolsa Isso e o Bolsa Aquilo, mas fecham os olhos ao Bolsa Empresário, ao Bolsa Banqueiro. Ou seja, ajudar a quem está abaixo da linha de pobreza é dar esmola pra vagabundo, mas ajudar grandes empresas que usaram mal seu capital e estão à beira da falência é natural e justificável. Sem dizer que a maioria desses empresários, antes de quebrar, já subtraiu uma soma considerável pra contas em paraísos fiscais.
Tratemos de corrupção: não acho que o governo petista é conivente com a corrupção. Muito pelo contrário, acho mesmo é que tem sido conivente com os abusos das tendenciosas investigações. Sei que você, leitor, é uma pessoa inteligente e esclarecida, então há de concordar comigo que a corrupção no Brasil chegou há mais de 500 anos a bordo das caravelas portuguesas. Assim, obviamente, antes do PT já havia corrupção. Tendo isso bem claro, eu pergunto por que só nos governos petistas foram adiante essas muitas investigações das quais temos notícias diariamente pelos jornais. Se o PT agisse como a maioria de seus predecessores, seguramente não teríamos tido o julgamento do mensalão e seguramente a Operação Lava Jato estaria lavando jatos outros.
Uma camada significativa da sociedade está totalmente dentro de seus direitos quando resolve ir às ruas pedir o impeachment de um(a) presidente. O que é discutível é o mecanismo por trás desse desejo que faz que esses cidadãos saiam de suas casas pra pedir um basta unilateral à corrupção. Realmente, ouvir panelas bater quando um presidente está em rede nacional prestando contas à sociedade é pra mim um ato tão ridículo quanto sair às ruas gritando "fora, PT" ou "fora, Dilma". Do mesmo modo que é ridículo que um processo de impeachment seja presidido por uma aberração como Eduardo Cunha. Alguém entre vocês, meus três ou quatro fiéis leitores, acredita de coração que algo presidido por esse fulano possa ter um mínimo de integridade?
Talvez vocês se lembrem de uma canção antiga dos Paralamas do Sucesso que dizia que "Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou: São 300 picaretas com anel de doutor". Infelizmente, de lá pra cá muito pouca coisa mudou em Brasília. Enquanto nós, cidadãos pagadores de nossos impostos, dividimo-nos entre petralhas e coxinhas, como se política fosse futebol e nos dividíssemos entre palmeirenses e corintianos, outros cidadãos, eleitos por nós, mandam e desmandam como se fossem reis e nós fôssemos seus súditos. E trocam de partido a seu bel-prazer como trocam de camisa jogadores de futebol. Ontem, Marina; hoje, Marta Suplicy; amanhã, José Serra; depois de amanhã fulano de tal; etc., sempre em busca de poder e maior visibilidade. O amor à camisa morreu junto com o amor à ideologia.
Bem, o papo é longo, e o canal está aberto. Discutamos. Pra encerrar esta primeira prosa, queria dizer que o buraco de toda essa indignação é mais embaixo. O PT frustrou uma grande parcela de eleitores (eu incluído) ao se nivelar por baixo, mas também tirou milhões de brasileiros da linha da miséria e diminuiu distâncias nessa estrada antiga e esburacada das injustiças sociais. A arma do voto é uma conquista imprescindível que gerações antes da nossa tardaram décadas pra conquistar. Não a joguemos fora por um ódio "fabricado" e de interesses escusos. Se você odeia o PT, agradeça por viver num país democrático e poder gritar isso aos berros pelas ruas e/ou redes sociais (pois caso contrário você poderia estar agora preso ou, pior, morto) e espere as próximas eleições pra tentar mudar o que acha injusto. Não reconhecendo o direito de quem pensa diferente, você está dando margem pra que, em situação inversa, façam o mesmo com seu direito. Eu vou pra Cuba se eu quiser, assim como acho que você vai pra Miami se quiser (ou puder). Tudo o mais não passa de rosnado de rottweiler banguela... e nem um pouco amoroso.
Outro argumento batido que já passou da hora de sair do debate é chamar o governo do PT de comunista. Oras, sejamos um pouco mais inteligentes! O governo federal petista durante esses três mandatos e meio pode ser chamado de tudo, menos de comunista. Está mais pra uma esquerda light, tem um pé no centro, onde, inclusive, foi encontrar a base aliada que deu (má) sustentabilidade a seu governo; lembrando sempre que o maior aliado do governo "petralha" tem sido justamente o PMDB, partido de figuras assustadoras, como Michel Temer, Eduar(gh)do Cunha e Renan Calheiros, não coincidentemente três possíveis presidentes pela linha sucessória presidencial. Resumindo: se o PT pensava em instaurar no Brasil algo parecido com o comunismo, errou de aliado... e feio!
Ainda uma palavrinha sobre o comunismo: eu, na condição de cidadão e de ser pensante, sou naturalmente avesso a regimes totalitários, portanto, apesar de me saber de esquerda, sempre fui contrário a governos como o de Fidel (embora não lhe tire os méritos), que não poucas vezes usou de truculência pra resolver pendengas com dissidentes cubanos. Contudo, o capitalismo já provou por A +... aliás, - B que também fracassou. Os antipetistas não se cansam de bradar contra o Bolsa Isso e o Bolsa Aquilo, mas fecham os olhos ao Bolsa Empresário, ao Bolsa Banqueiro. Ou seja, ajudar a quem está abaixo da linha de pobreza é dar esmola pra vagabundo, mas ajudar grandes empresas que usaram mal seu capital e estão à beira da falência é natural e justificável. Sem dizer que a maioria desses empresários, antes de quebrar, já subtraiu uma soma considerável pra contas em paraísos fiscais.
Tratemos de corrupção: não acho que o governo petista é conivente com a corrupção. Muito pelo contrário, acho mesmo é que tem sido conivente com os abusos das tendenciosas investigações. Sei que você, leitor, é uma pessoa inteligente e esclarecida, então há de concordar comigo que a corrupção no Brasil chegou há mais de 500 anos a bordo das caravelas portuguesas. Assim, obviamente, antes do PT já havia corrupção. Tendo isso bem claro, eu pergunto por que só nos governos petistas foram adiante essas muitas investigações das quais temos notícias diariamente pelos jornais. Se o PT agisse como a maioria de seus predecessores, seguramente não teríamos tido o julgamento do mensalão e seguramente a Operação Lava Jato estaria lavando jatos outros.
Uma camada significativa da sociedade está totalmente dentro de seus direitos quando resolve ir às ruas pedir o impeachment de um(a) presidente. O que é discutível é o mecanismo por trás desse desejo que faz que esses cidadãos saiam de suas casas pra pedir um basta unilateral à corrupção. Realmente, ouvir panelas bater quando um presidente está em rede nacional prestando contas à sociedade é pra mim um ato tão ridículo quanto sair às ruas gritando "fora, PT" ou "fora, Dilma". Do mesmo modo que é ridículo que um processo de impeachment seja presidido por uma aberração como Eduardo Cunha. Alguém entre vocês, meus três ou quatro fiéis leitores, acredita de coração que algo presidido por esse fulano possa ter um mínimo de integridade?
Talvez vocês se lembrem de uma canção antiga dos Paralamas do Sucesso que dizia que "Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou: São 300 picaretas com anel de doutor". Infelizmente, de lá pra cá muito pouca coisa mudou em Brasília. Enquanto nós, cidadãos pagadores de nossos impostos, dividimo-nos entre petralhas e coxinhas, como se política fosse futebol e nos dividíssemos entre palmeirenses e corintianos, outros cidadãos, eleitos por nós, mandam e desmandam como se fossem reis e nós fôssemos seus súditos. E trocam de partido a seu bel-prazer como trocam de camisa jogadores de futebol. Ontem, Marina; hoje, Marta Suplicy; amanhã, José Serra; depois de amanhã fulano de tal; etc., sempre em busca de poder e maior visibilidade. O amor à camisa morreu junto com o amor à ideologia.
Bem, o papo é longo, e o canal está aberto. Discutamos. Pra encerrar esta primeira prosa, queria dizer que o buraco de toda essa indignação é mais embaixo. O PT frustrou uma grande parcela de eleitores (eu incluído) ao se nivelar por baixo, mas também tirou milhões de brasileiros da linha da miséria e diminuiu distâncias nessa estrada antiga e esburacada das injustiças sociais. A arma do voto é uma conquista imprescindível que gerações antes da nossa tardaram décadas pra conquistar. Não a joguemos fora por um ódio "fabricado" e de interesses escusos. Se você odeia o PT, agradeça por viver num país democrático e poder gritar isso aos berros pelas ruas e/ou redes sociais (pois caso contrário você poderia estar agora preso ou, pior, morto) e espere as próximas eleições pra tentar mudar o que acha injusto. Não reconhecendo o direito de quem pensa diferente, você está dando margem pra que, em situação inversa, façam o mesmo com seu direito. Eu vou pra Cuba se eu quiser, assim como acho que você vai pra Miami se quiser (ou puder). Tudo o mais não passa de rosnado de rottweiler banguela... e nem um pouco amoroso.
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Por ódio ao PT e ódio ao Lula, eu entendo: Como esse ex-metalúrgico, semi-analfabeto, sem dedo virou presidente?
ResponderExcluirComo essa gente pobre veio parar nos aeroportos?
Porque tem tanta gente preta nas faculdades?
É por aí vai...
Sucesso sempre, Leo
Vanessinha, não vamos ser injustos. Deve ter 1% dessa turma que odeia PT & cia. genuinamente porque acha que eles são corruptos e todos os outros não. Há que se dar o crédito. rs
ExcluirBj,
Léo.
Grande Léo! Salve! A sua avaliação é idêntica a minha. Em meus momentos de maior revolta gostaria que houvesse uma censura e uma condução coercitiva em cada um que falasse mal do governo, para que, aí sim, entendessem o que é um regime totalitário. Vivemos atualmente um grande FEBEAPÁ.
ResponderExcluirBoa, Cláudio! E gostei sobretudo do FEBEAPÁ. rs
ExcluirAbraço,
Léo.
Léo, o show de horrores da nossa viciada mídia (principalmente a Rede Globo) conseguiu deturpar a realidade, o PT, a Dilma e o Lula já foram julgados, "CULPADOS" a Crise não é "Privilégio Nosso" ela é mundial, mas aqui no Brasil não temos acesso a informação de qualidade e veracidade, e estamos afastados do restante do mundo, as noticias são manipuladas e a culpa de toda essa crise está caindo no colo do PT, que simplesmente não consegue governar, pois aqui vale aquela máxima "Quanto Pior, Melhor" e as massas estão sendo doutrinadas a odiar o PT. O buraco é muito mais em baixo, infelizmente a tênue linha que flertava com o fascismo já foi rompida. Léo, lembra daquele filme "A Montanha Dos Sete Abutres" (1951) do genial Billy Wider .....e houve uma regravação com o título de "O Quarto Poder" (1997) esses filmes tratam de como "A INFORMAÇÃO" pode ser distorcida e de como a "Opinião Pública" pode ser manipulada através dos jornais. Cidadão Kane é considerado o melhor filme de todos os tempos e trata do mesmo assunto. A industria cinematográfica a partir desse filme nunca mais deu "liberdade" a Orson Welles. Temos até um Cidadão Kane tupiniquim que relata os jogos de manipulações da Rede Globo e a sua origem sombria com verbas financiadas de uma empresa chamada Time Life. Para finalizar o meu texto recorro novamente ao tópico "O Quarto Poder" é um tema tão recorrente que virou livro e navegando contra a maré de manipulações o jornalista Paulo Henrique Amorim, trata com muita clareza e traz a tona uma realidade que poucos brasileiros tem acesso sobre o poder da Mídia Jornalistica....vale muito a pena ler essa obra...fica aqui a minha dica para tempos tão sombrios.
ResponderExcluirValeu, Antonio Carlos! Obrigado por enriquecer o debate.
ExcluirPois é, querido, existe hoje um verdadeiro massacre midiático travestido de "caça aos corruptos". São tempos em que devemos estar mais atentos e atuantes, e não podemos nos calar, ou seremos engolidos. A justiça (com j minúsculo mesmo), como bem o disse Lula, está acovardada (talvez por ter também o rabo preso, como os políticos em geral) e, assim, cede aos interesses do capital (principalmente o estrangeiro). A figura de um juiz como Sergio Moro, recém saído dos cueiros e já "embriagado" pela novidade dos holofotes voltados pra ele, é um exemplo de antiprofissionalismo ímpar. A dicotomia já é uma realidade, tanto que Lula, em seu discurso, pediu paz. Mas, do jeito que vamos, oxalá não cheguemos a confrontos mais sérios.
Abração, meu caro,
Léo.
PARABENS LEO NOGUEIRA. OS GOLPISTAS SÃO ABOMINÁVEIS E AS MÚMIAS QUE PEDEM A VOLTA DA DITADURA REALMENTE NÃ TEM CEREBRO. APESAR DE TER UMA PQUENA ADMIRAÇÃO PELO MORO EU ADMITO QUE ELE ERROU E ELE PRECISA PUNIR E ADMITIR QUEM DEIXOU VAZAR INFORMAÇÕES SIGILOSAS , CASO CONTRÁRIO EU PASSO ANÃO MAIS ADMIRA-LO E NO MEU CONCEITO ELE PASSA AER TENDENCIOSO
ResponderExcluirMeu caro parceiro Francisco Araújo:
ExcluirAdmito que nunca admirei o tal do Moro. Pessoas como ele e Joaquim Barbosa não passam de autoritários que vendem sua integridade e seu profissionalismo pelos 15 minutos de fama. Se não cortarmos o Moro pela raiz, a "embriaguez" ainda pode lhe subir a cabeça, e não duvido nada que venha a se apresentar a altos cargos políticos – e de maneira antidemocrática, como têm sido seus atos.
Abração,
Léo.
É, você e o Claudio Caldas resumiram muito bem: vivemos um autêntico FEBEAPÁ. Às vezes me pergunto o que o Stanislaw Ponte Preta pensaria desse circo atual. Tenho até uma ideia, mas qual seria a posição dele?
ResponderExcluirA Vanessa também levanta uma questão importante. Todas essas mudanças sociais que vieram com o PT devem estar incomodando um bocado de gente.
Beijos!
Oi, Dannoca! Bom te ler por aqui, acrescentando seu charme ao debate.
ExcluirÉ verdade, queridona, às vezes passa pela cabeça a curiosidade de imaginar o que estariam pensando/fazendo algumas figuras nacionais importantes que abandonaram esse barquinho frágil da vida. Vendo, por exemplo, esse novo Lobão que se nos apresenta, não tenho como não pensar em Cazuza, que era tão amigo daquele. Mas são só elucubrações. Sigamos nós, os que ainda por aqui estamos.
Beijos,
Léo.