Eu, desde criança, sempre fui petista. Tive até um tio que foi candidato a vereador pelo PT. Ele não ganhou, mais tarde se desiludiu com o partido da estrelinha, pegou sua trouxa e se picou pras bandas de outros partidos. Importante frisar: outros partidos mais à esquerda que o PT. Ou seja, chutou o balde. E era justamente esse o ponto nevrálgico no qual eu queria tocar. Hoje, vemos um país dividido entre petralhas e coxinhas, tendo uma razoável parcela da sociedade sentada em cima do muro esperando a banda passar. E eu vim aqui hoje justamente conversar com você, meu amigo ex-petista. Eu também sou um ex-petista. Quem acompanha meu blogue sabe que, durante esses anos em que escrevo minhas inofensivas bobaginhas por aqui, tenho sido crítico ferrenho do governo petista.
Tive até várias tretas ideológicas com amigos defensores do governo em muitas ocasiões (alguns deles me ofenderam, chamando de traíra ou coisa pior); cito como exemplo uma delas: vocês se lembram da blogueira cubana Yoani Sánchez, não? Pois bem, quando ela veio ao Brasil há três anos e foi hostilizada pela militância petista, estive entre os primeiros que saíram em defesa dela (leia aqui). Sou do diálogo, não concordo com quem quem grita ou bate panela, não querendo ouvir o interlocutor. Estive em Cuba há alguns anos, passei duas semanas lá, e vi que o buraco é mais embaixo (escrevi uma espécie de diário quando estive por lá; se alguém tiver interesse em ler, publiquei aqui). Fui também sempre crítico às alianças petistas, alianças essas que hoje se voltam contra o próprio PT numa espécie de fogo amigo...
Enfim, esse preâmbulo foi só pra dizer que minha ideologia vai mais além desse Fla-Flu que se tornou a política tupiniquim hoje. Eu tô com com gente como a atriz Letícia Sabatella, que dia desses em Brasília, num encontro de artistas contra o golpe, teve a coragem de dizer nas fuças da presidente Dilma que era oposição a ela, mas que lutaria pela permanência dela no governo da nação porque era favorável à democracia. É nesse campo onde faço minhas embaixadinhas. Nas últimas eleições, votei em Dilma no segundo turno mais no intuito de afastar o mal maior que propriamente por convicção. E, vejam, nem acho que Dilma traiu os eleitores ao prometer alhos e entregar bugalhos.
Claro, convenhamos que ela não foi a primeira nem terá sido a última. Ninguém gosta de remédio amargo; tendo um mínimo de conhecimento sobre o histórico eleitoral brasileiro, vemos que sempre foi assim. Então, nenhum candidato pode vencer eleições abrindo que, quando chegar ao poder, tomará medidas impopulares. É hipocrisia? É, mas acaba sendo também um acordo tácito, um "me engana, que eu gosto". Se o candidato derrotado (aquele, o do pó, que não deglutiu a derrota até hoje) tivesse vencido (toc, toc, toc; bate na madeira!), teria feito talvez até pior do que o que anda fazendo dona Rousseff. Com a diferença de que os meios de comunicação e os 300 e tantos picaretas de Brasília não estariam pegando em seu pé.
Mas voltemos ao tema. Tenho vários parentes, amigos ou mesmo apenas conhecidos que bradam aos quatro ventos serem ex-petistas que, por se considerarem traídos pelo partido, viraram a casaca. Só que estes acabaram tomando um rumo... à direita(!). É aí onde mora o x, não do poema, mas da questão. Meu amigo, escrevo isso como se estivesse frente a frente com você, olhando em seus olhos. Como patavinas, ante à primeira desilusão, você se bandeia pro lado da direita? Eu acredito que só há um motivo pra isso: lamento informar, mas você, lá no fundo de seu coração, nunca foi de esquerda, nunca teve uma ideologia, apenas se deslumbrou com o borogodó do tal do "sapo barbudo", aquele do tríplex que não é dele.
Só que aí temos que ser sinceros com nosotros mismos. Temos que olhar nos olhos de nossos filhos e lhes dizer que estamos nos lixando pra preto, pobre, nordestino, homossexual etc. etc. e também pra todas as pautas progressistas, como a da legalização das drogas, a do aborto, a da reforma agrária, a dos médicos cubanos, a das cotas, a das bolsas, entre tantas outras. Temos que explicar a nossos filhos que a única coisa que nos importa é "farinha pouca, meu pirão primeiro". E, continuando a olhá-lo nos olhos, dizer que vestimos a camisa da CBF e vamos às ruas não contra a corrupção, mas contra o progresso, contra as reformas ansiadas por várias classes de minorias. E que é por isso que apoiamos um golpe liderado por um bandido tido e sabido como Eduardo Cunha, chamado por muitos de "meu malvado favorito".
Que o poder corrompe, estamos carecas de saber. Ninguém escapa (ou quase ninguém; salvam-se Suplicy e mais um ou outro), mas, se você prefere um Maluf a um Lula, lamento dizer, mas você tem sérios desvios de caráter. Pensemos: do lado de lá, temos pessoas como Bolsonaro, Cunha, Alexandre Frota, Danilo Gentili, todos esses pastores evangélicos reacionários, os que defendem a volta da ditadura, o coitado do Lobão (que virou seu próprio lobo), a intragável Rachel Sheherazade, Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, aquele moleque de kintakategoria, a Veja, a Folha, a Globo (que existe graças aos conchavos que fez com os ditadores) etc. e tal. Do lado de cá, temos os Chicos Buarque e César (sem falar no Xico), Caetano, Wagner Moura, a galera do Porta dos Fundos, uma parcela considerável de artistas e intelectuais, e vou resumir porque o espaço é pouco: e ainda assim você prefere o lado negro da força?
A galerinha do lado de lá é lambe-botas do imperialismo, é conchavada com os ianques, quer vender a eles nosso patrimônio. Quer um estado mínimo. A corrupção existe, sim, só que ela é uma via de mão dupla, os empresários também são corruptos. Agora, se tiramos o poder dos políticos e o damos de mão beijada aos bilionários, a esses caras que, em vez de gerar empregos, triplicam sua fortuna brincando com a bolsa, quem vai cuidar dos necessitados? Quem vai procurar reduzir as injustiças e diminuir as distâncias entre as classes sociais? Grande parte da crise pela qual passamos hoje existe por causa daqueles que só pensam em seus umbigos. Se entregarmos a eles o poder, na boa, será a lei do mais forte, cada um por si e salve-se quem puder. Falando nisso, vocês me deem licença, que vou ali cuidar de meu pirão.
Enfim, esse preâmbulo foi só pra dizer que minha ideologia vai mais além desse Fla-Flu que se tornou a política tupiniquim hoje. Eu tô com com gente como a atriz Letícia Sabatella, que dia desses em Brasília, num encontro de artistas contra o golpe, teve a coragem de dizer nas fuças da presidente Dilma que era oposição a ela, mas que lutaria pela permanência dela no governo da nação porque era favorável à democracia. É nesse campo onde faço minhas embaixadinhas. Nas últimas eleições, votei em Dilma no segundo turno mais no intuito de afastar o mal maior que propriamente por convicção. E, vejam, nem acho que Dilma traiu os eleitores ao prometer alhos e entregar bugalhos.
Claro, convenhamos que ela não foi a primeira nem terá sido a última. Ninguém gosta de remédio amargo; tendo um mínimo de conhecimento sobre o histórico eleitoral brasileiro, vemos que sempre foi assim. Então, nenhum candidato pode vencer eleições abrindo que, quando chegar ao poder, tomará medidas impopulares. É hipocrisia? É, mas acaba sendo também um acordo tácito, um "me engana, que eu gosto". Se o candidato derrotado (aquele, o do pó, que não deglutiu a derrota até hoje) tivesse vencido (toc, toc, toc; bate na madeira!), teria feito talvez até pior do que o que anda fazendo dona Rousseff. Com a diferença de que os meios de comunicação e os 300 e tantos picaretas de Brasília não estariam pegando em seu pé.
Mas voltemos ao tema. Tenho vários parentes, amigos ou mesmo apenas conhecidos que bradam aos quatro ventos serem ex-petistas que, por se considerarem traídos pelo partido, viraram a casaca. Só que estes acabaram tomando um rumo... à direita(!). É aí onde mora o x, não do poema, mas da questão. Meu amigo, escrevo isso como se estivesse frente a frente com você, olhando em seus olhos. Como patavinas, ante à primeira desilusão, você se bandeia pro lado da direita? Eu acredito que só há um motivo pra isso: lamento informar, mas você, lá no fundo de seu coração, nunca foi de esquerda, nunca teve uma ideologia, apenas se deslumbrou com o borogodó do tal do "sapo barbudo", aquele do tríplex que não é dele.
Só que aí temos que ser sinceros com nosotros mismos. Temos que olhar nos olhos de nossos filhos e lhes dizer que estamos nos lixando pra preto, pobre, nordestino, homossexual etc. etc. e também pra todas as pautas progressistas, como a da legalização das drogas, a do aborto, a da reforma agrária, a dos médicos cubanos, a das cotas, a das bolsas, entre tantas outras. Temos que explicar a nossos filhos que a única coisa que nos importa é "farinha pouca, meu pirão primeiro". E, continuando a olhá-lo nos olhos, dizer que vestimos a camisa da CBF e vamos às ruas não contra a corrupção, mas contra o progresso, contra as reformas ansiadas por várias classes de minorias. E que é por isso que apoiamos um golpe liderado por um bandido tido e sabido como Eduardo Cunha, chamado por muitos de "meu malvado favorito".
Que o poder corrompe, estamos carecas de saber. Ninguém escapa (ou quase ninguém; salvam-se Suplicy e mais um ou outro), mas, se você prefere um Maluf a um Lula, lamento dizer, mas você tem sérios desvios de caráter. Pensemos: do lado de lá, temos pessoas como Bolsonaro, Cunha, Alexandre Frota, Danilo Gentili, todos esses pastores evangélicos reacionários, os que defendem a volta da ditadura, o coitado do Lobão (que virou seu próprio lobo), a intragável Rachel Sheherazade, Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, aquele moleque de kintakategoria, a Veja, a Folha, a Globo (que existe graças aos conchavos que fez com os ditadores) etc. e tal. Do lado de cá, temos os Chicos Buarque e César (sem falar no Xico), Caetano, Wagner Moura, a galera do Porta dos Fundos, uma parcela considerável de artistas e intelectuais, e vou resumir porque o espaço é pouco: e ainda assim você prefere o lado negro da força?
A galerinha do lado de lá é lambe-botas do imperialismo, é conchavada com os ianques, quer vender a eles nosso patrimônio. Quer um estado mínimo. A corrupção existe, sim, só que ela é uma via de mão dupla, os empresários também são corruptos. Agora, se tiramos o poder dos políticos e o damos de mão beijada aos bilionários, a esses caras que, em vez de gerar empregos, triplicam sua fortuna brincando com a bolsa, quem vai cuidar dos necessitados? Quem vai procurar reduzir as injustiças e diminuir as distâncias entre as classes sociais? Grande parte da crise pela qual passamos hoje existe por causa daqueles que só pensam em seus umbigos. Se entregarmos a eles o poder, na boa, será a lei do mais forte, cada um por si e salve-se quem puder. Falando nisso, vocês me deem licença, que vou ali cuidar de meu pirão.
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Pois é, Leozim, também penso assim. O "lado de lá" resolveu radicalizar no outro extremo, aquele que não me representa de maneira alguma. E sem perceber que, no fundo, o PT também já não é mais tããão de esquerda assim. O partido fez tantas concessões e alianças que mudou sua ideologia. E aí rompem definitivamente com essa "esquerda caviar", sem entender que o buraco é bem mais embaixo.
ResponderExcluirEnfim, vamos em frente, que a gente não é caranguejo, nem semos tatu!
Beijos,
Danny.
É isso aí, Dannoca! Tô mais triste pela democracia que pelo PT, que tá colhendo o que plantou. Fico triste também pela Dilma, primeira mulher na presidência, tomando tanto golpe abaixo da cintura, mas ela também tem deixado a desejar. Mas, como diz o filósofo, o jogo só acaba quando termina, né?
ExcluirBeijão,
Léo.
Isso mesmo, Leozim! Vamos ver como esse triste jogo termina. É com o nosso futuro que estão brincando.
ResponderExcluirBeijos!
E os caras conseguiram nos ridicularizar aos olhos do mundo, né? Que espetáculo deprimente... Mas sigamos fazendo nossa parte.
ExcluirBeijos,
Léo.