segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

De Sampa a Tóquio: 7) Japonices (2)

Dia 1/12, acordei às 9h. Kana já estava de pé. Durante o café da manhã, tevê ligada na NHK, eu, que não prestava muita atenção à programação, reparo que está passando um surpreendente e detalhado documentário que cobre a primeira e a segunda guerra mundiais, e com riqueza de detalhes e com direito a várias imagens originais de Rússia, Itália, Alemanha, Inglaterra, França etc., incluindo closes de Eva Brau — a primeira-dama nazista — bem de perto, gargalhando e fazendo poses em momentos de descontração. Um documentário termina e começa outro sobre John F. Kennedy, com direito a Marilyn Monroe lhe cantando Parabéns pra Você. Agora, enquanto escrevo, vejo imagens de Mao Tsé-Tung e penso no abismo que há em relação à programação tupiniquim...

Mais tarde, andamos cerca de 30 minutos até chegar ao Kumon, famosa escola japonesa que tem filiais no mundo todo e que tem seu forte no ensino de matemática e idiomas por meio de apostilas de exercícios que o aluno leva pra fazer em casa e traz de volta pra que a correção seja feita em sala. Eu, que já havia estudado esse método no Brasil durante cerca de um ano, fiz um teste de meia hora e recomecei a partir da fase D. Ganhei também dois CDs com áudios dessa fase. Dali, fomos jantar no Himonoya, um charmoso restaurante todo de madeira, à moda rústica. De entrada, já pedimos duas canecas plus de chope (estava uma delícia) e fomos nos divertindo pedindo pratos pequenos aos poucos, o que me lembrou as tapas espanholas. Terminamos a noite bebendo um delicioso saquê geladinho. Detalhe: era meu aniversário, mas Kana não lembrou. No entanto, não poderia ter comemorado em lugar melhor.


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No dia seguinte, sábado, 2, fomos à escola onde os sobrinhos-netos de Kana estudam, pra ver uma exposição de arte cujos artistas eram os próprios alunos (entre a 2ª e a 6ª séries). Teve lugar na quadra da escola e cada espaço estava dividida por séries em ordem crescente. Cada uma teve um tema. Chamou-me a atenção sobretudo a limpeza: cada visitante levou suas pantufas de casa e, na entrada, guardou os sapatos e calçou-as. Assim, fica fácil manter tudo limpo, né? Dei umas clicadas pra cima e trouxe o resultado pra cá, pra que vocês possam ver um pouco do olhar artístico das crianças nipônicas. Antes de ir embora, fui ao banheiro, que também estava um brinco, e lá vi afixado numa parede o cartaz que mostro abaixo.



À noite, voltamos ao bar da véspera; Kana fez questão de que dessa vez comemorássemos "oficialmente" meu aniversário (consciência pesada)...



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Domingo, dia 3, fomos ao shopping Lazona Kawasaki Plaza, na loja Jins, onde fiz um exame de vista gratuito e comprei novos óculos (na verdade, ganhei de minha sogra), que me serão entregues em uma semana. Chamou-me a atenção o fato de ser atendido, gratuitamente, por funcionários que, embora não sejam oftalmologistas, dominavam a técnica com destreza e gentileza. O rapaz que me atendeu era muito simpático e competente. Senti-me um rei. De quebra, com o auxílio de Kana escolhi duas armações bem charmosas (sempre gosto de ter uma de reserva... Sagitariano, sacumé). Mal vejo a ora de estreá-las.


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O mangá, como todos sabem, é uma criação japonesa. Também é cheio de onomatopeias. Andando pelas ruas, é possível notar que os japoneses quando conversam têm uma expressão facial um tanto exagerada como nos mangás, soltando onomatopeias, arregalando os olhos, e muitos trazem no rosto expressões dos desenhos, o que me deixa na dúvida se foram estes que influenciaram nesse comportamento um tanto infantilizado dos adultos ou se aconteceu justamente o contrário, ou seja, tais expressões desaguaram nos mangás. Atenção!, não escrevo em tom de crítica, apenas como uma constatação. Afinal, cada povo com suas idiossincrasias. Falando nisso, as informações nas ruas também parecem saídas dos mangás. Perto de onde moro, uma rua está em obras; reparem na foto ao lado como isolaram o local.


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Outro artefato muito popular por aqui, sobretudo no inverno, são as máscaras descartáveis, que os japoneses usam pra se proteger do clima seco e frio e assim evitar pegar um resfriado ou outro campeão de popularidade aqui, a influenza. Eu, particularmente, não sou adepto das tais mascarazinhas por dois motivos em especial: 1) eu, que já tenho dificuldade de entender com clareza o que eles falam, quando os ouço falar usando uma dessas máscaras aí é que não entendo nada mesmo, ainda mais se meu interlocutor for um homem, pois os japas em geral possuem um timbre grosso e grave que, sob a máscara, soa mais abafado ainda; e 2) tentei usá-la, mas o vapor de minha respiração escapando por cima dela embaça meus óculos e, como se já não bastassem minhas deficiências natas, ainda passo a enxergar com dificuldades, pois meus óculos não possuem limpador de para-brisas — aqui ao lado, usei uma só pra posar pra foto.


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PS fotográfico (mais umas "artes" dos alunos japoneses):

arte do sobrinho-neto
de 
Kana
arte da sobrinha-neta
de 
Kana










 




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