2006
JUNHO
SEGUNDO DIA
Lunes, 19.
Lunes, 19.
“Oishii!”. Palavra que em japonês significa gostoso. Foi dita pela Kana, na hora do almoço. Das duas uma, ou o almoço foi melhor que a janta (o que acho difícil), ou já estamos nos “cubanizando”. Sim, porque o café-da-manhã também não foi dos piores.
Mas, comecemos pelo começo. Acordamos uma hora mais tarde que o previsto, pois, desde ontem, estávamos no fuso horário do Panamá, que é duas horas atrasado com relação ao Brasil. Porém, em Cuba, a diferença é de apenas uma hora. Portanto, hoje, quando olhei o relógio marcar 9h, já eram 10h. No Brasil, 11h.
Depois do café-da-manhã, fomos à praia, aquela maravilha que já descrevi ontem. Só que, de manhã, com um sol enviado pelos deuses comunistas, fica melhor ainda. As tais águas límpidas vêm, como na canção, em ondas, só que ondas tão pequenas que não assustariam sequer um recém-nascido… Estou exagerando, não assustariam sequer uma criança de três anos. Aqui não se veem vendedores ambulantes na praia. Nada daquela coisa consumista de boné, protetor solar, coca-cola, camarão ao alho-e-óleo… Tampouco há guarda-sóis, pois o sol aqui não é pra se guardar, e sim pra brilhar pros fortes. Até agora estou no time dos fortes, mas não sei até quando essa minha pele de pantera cor-de-rosa suportará. Quem viver rirá.
Ainda falando da limpeza da água, minha memória só acha comparação na Praia do Forno, próxima a Búzios-RJ, ou em Porto de Galinhas-PE. Mas aqui ganha.
Vários tchibuns depois, e alguns mojitos (sim, é com “t”, descobri), fomos nos fartar com o almoço oishii e voltamos à praia. Havia uma caixa de som tocando música cubana, e foi ao som dela que tirei minha siesta, à sombra de uma árvore camarada. Como nem tudo é perfeito, meus ouvidos, bem treinados no lixo musical, fizeram o favor de me acordar. Meu Deus, o que era aquilo? Demorei a detectar, mas o que eu temia se concretizou: era axé! Uma música falando da Maria e da Bahia e blablablá. Mas, ainda bem, foi só uma. Mais um tchibum, mais um mojito, e resolvemos trocar de ambiente. Fomos pra piscina do hotel, que ninguém é de ferro.
Trouxe um livro do Saramago, O Homem Duplicado, e veio bem a calhar, pois estou me sentindo um clone de mim. Acho que deixei o outro eu revisando textos lá em Sampa e estou aqui curtindo a vida.
São exatamente 19h30 da noite. O sol ainda não se pôs. Escrevo da sacada do apartamento. A visão é uma beleza. Parece que estou vendo a Disneylândia. De frente há outro hotel, também cheio de cores; e várias casas lindas (provavelmente estabelecimentos comerciais) em meio a muitas árvores destoam do panorama do pouco de Havana que vi do micro-ônibus. Como ameaçou chover (e não choveu), o céu está semiplúmbeo, o que dá a esse bairro tranquilo um quê de europeu. Suíço, holandês, sei lá.
Há um coco-táxi, um carrinho minúsculo em forma de táxi. Kana quer pegá-lo amanhã. Talvez com rum. Coco-táxi com ron. Hahaha!
Por ora paro. Bateu a fome. Ê vida braba! O relato não foi dos mais interessantes hoje, mas o dia ainda não acabou. E quarta mudamos de ares.
Novidades nos esperam!
* * *
“Sugoi!”. Palavra que em japonês significa incrível. Foi dita pela Kana, no meio do espetáculo de dança. Mas vamos por partes. Primeiro, esqueci de mencionar que até agora não vi locais onde se encontram jornal nem internet. Mas aí já é querer demais! Claro que em algum lugar deve haver, mas, no meio desse paraíso achado, quem quer saber de PCC, homens-bomba, tsunamis? Quem quer saber disso devia estar em outro paradeiro, não em Varadero. Desculpem a rima pobre! A outra coisa que queria mencionar é que hoje vimos duas mulheres fazendo topless (palavrinha chata que já era hora de ter uma similar em português), uma nova e bonita, na piscina, a outra, uma sem-vergonha duma tiazinha, no meio da praia!
Tornemos. O jantar não mereceu estrela, pois apenas consegui dar três ou quatro garfadas, lá fui eu puxado pela Kana até o palco que fica em frente à piscina do hotel. A noite musical começara. Uma banda tocava, em espanhol, um ritmo semelhante ao iê iê iê italiano de meados de 50, começos de 60. A Kana se espantou. Mas o espanto durou pouco. Foi só a primeira entrada. Depois de um intervalo (em que crianças coreografaram A Banda, de Chico Buarque, numa versão discoteca, em inglês), eles voltaram, agora com o ritmo nas veias (e nas cordas vocais). Novo intervalo e a esperada aula de dança. Fui ao banheiro. Na volta, a banda (não a do Chico) atacou de novo. Dessa vez, entre outras, atacou em ritmo cubano, em espanhol, o clássico do “mela-cueca” brasileiro “tô fazendo amor com outra pessoa mas meu coração sempre será só seu”, só pra me contrariar. Pretexto pra pegar outro mojito.
Começa o espetáculo. Internacional. Apresentados por uma morena gostosa que falava como se narrasse futebol (em espanhol, inglês e francês), eis que entram três pares, dançando ao som de vários ritmos do mundo, num espetáculo globalizado. Sempre trocando de roupa a cada música, foram do tango ao Thriller, de Michael Jackson, passando por Unchained Melody, óbvio. No meio dessa diversidade, notei que faltou o Brasil. Ao que a Kana respondeu que aqui o ritmo é um… dois… três… quatro. Ao passo que no Brasil é um… dois… Quem sabe música (não é o meu caso) sabe do que estou falando. Mas o fato é que eles dançavam muitíssimo bem. E as meninas mostravam belos pares de pernas, além de nádegas a declarar. Novamente Pasqualita Kana explicou que eles devem ter estudado balé, pra desenvolver uma dança de nível tão elevado. E acrescentou que no Brasil falta um pouco isso. Mas eu pensei, “pra dançar no Faustão ou no É O Tchan! não precisamos disso”. Final apoteótico, com a apresentação de todos. Aí a morena já tinha esquecido o francês. Mas se os franceses não reclamaram, o que je, brasilien, vou reclamar? Ou, como diria o outro, zé fini!
E salsa? Cadê a salsa? Como assim, você foi pra Cuba e não ouviu (ou pior, não dançou) salsa? Não acredito que não teve um aulão ou coisa parecida!!! rs
ResponderExcluirÉ que estou fazendo aula de salsa, e adorando!
Besos!
Calma, Danny! Esse relato é só pra perseverantes mesmo, pois a viagem em questão durou duas semanas!
ResponderExcluirBeijos do
Léo.
Ehehehe
ResponderExcluirNão acredito que a Danny esteja querendo salsa!
Rumba, merengue, tantos outros ritmos maravilhosos, maracas, babados dourados, e as pernas da morena cubana!
Nossa, Léo... queria muito estar por aí.
Mas, conte pra mim porque a comida é ruim?
Por supuesto que quiero salsa! Me gusta bailar salsa, por que no???
ResponderExcluirDanny, la salsa, hay que ponerla en la ensalada. Jeje!
ResponderExcluirIrinéa, a comida depende da sorte. Durante o decorrer da saga devo tratar mais do culinário assunto.
Mas as pernas da morena cubana... Por falar nisso, comprei lá um livro maravilhoso de um autor chamado Manuel Cofiño López. O livro tem o sugestivo nome de La Última Mujer Y El Próximo Combate. Recomendo.
Besos de
Léo.
E ainda por cima, a salsa é bem mais light que o merengue, por exemplo! Pensem em termos de calorias... Hahahahahaha!
ResponderExcluirBesos!
Boa!!!
ResponderExcluirFiquei com fome. Acho que vou fazer uma parada pra merenda. Hahaha!!!
Saludos pré-desayuno,
Léo.