domingo, 4 de maio de 2014

Grafite na Agulha: 25) Would You believe? – The Hollies

Sydney Valle, também conhecido como Palhinha, é um artista multifacetado. Músico, compositor e arranjador de vasta "quilometragem", pode ser considerado um cidadão do mundo. Carioca, cedo se mudou pra São Paulo, e daí pra se mandar pras Oropas foi um pulinho. Viveu muitos anos em Paris (França) e também em Colônia (Alemanha). É responsável por várias trilhas de cinema, teatro e TV (além de comerciais), trabalhou com Rogério Duprat, acompanhou (e/ou gravou com) mais de cem artistas, entre eles Edison Machado, Toninho Horta, o sumido Belchior, Naná VasconcelosPery Ribeiro, Maria Creuza, Célia, Marília Medalha, Jair Rodrigues, Luiz Ayrão, Paulinho Boca de Cantor, Raul Seixas... ufa! Ah, e teve uma canção sua em parceria com Marito Correa gravada no CD deste por Caetano Veloso. Tá bom? E, na última linha de seu release consta que é parceiro também deste que lhes escreve. Por último, é bom avisar que atualmente ele, com seu quinteto, toca música instrumental três noites por semana no Julinho Clube, charmosa casa paulistana. Sydney escolheu escrever sobre os Hollies. Vamulá:


Would You Believe? 
 The Hollies
Por Sydney Valle

Foi assim: num dia do ano de 1966, saí da escola com um coleguinha chamado Honor e passamos por sua casa para ouvir um LP de um grupo que ele me garantiu ser muito bom, tão bom quanto os Beatles. A princípio, duvidei. Honor tocava um pouco de violão, mas não era músico, e seu critério, no meu entender de garoto, não devia ser "lá essas coisas". Enganei-me! O disco que me foi apresentado era o Would You Believe?, dos Hollies, banda de Manchester que entrara na parada mundial como sucesso Bus Stop, cantada por Allan Clarke, Graham Nash e Tony Hicks

Logo na primeira faixa, I Take What I Want (Porter, Rodgers e Hayes), descobri de cara Bobby Eliot, o melhor batera que até então eu ouvira. A segunda, Hard Hard Year (Ransford), era uma bela balada acústica com vocais fantásticos e um solo de guitarra com distorção rascante em contraponto à doçura do canto. Na quarta, fui morto a pauladas pela versão da clássica Sweet Little Sixteen (Berry). A quinta era Oriental Sadness (Ransford), música com uma harmonia completamente atípica na parte B. A última do lado A era I Am a Rock (Simon). 
Ao ouvi-la, eu já havia sido totalmente conquistado pelo som daqueles caras que, de fato, não deviam nada aos Beatles, assim como seu baixista, Eric Haydock, nada devia a Paul McCartney.


Sydney
No lado B, as músicas Take Your Time (Petty e Holly), Don't You Even Care (Ballard Jr.), Fifi the Flea (Ransford), Stewball (Yellin, Rinzler e Herald), I've Got a Way of My Own (Ransford) e I Can't Let Go (Taylor & Gorgoni) selaram em definitivo minha paixão pela banda. Companheiros de Parlophone, os Hollies eram os segundos maiores vendedores de discos da gravadora, depois dos Beatles. Would you believe? era extremamente bom e bem produzido e é até hoje, no meu gostar e entender, um dos discos clássicos que mais me fazem a cabeça. Honor há de me desculpar, peguei seu disco emprestado e nunca mais o devolvi!


***

Would you believe?The Hollies (1966 – EMI)

Lado A
1. I Take What I Want 
    (David Porter – Mabon "Teenie" Hodges – Isaac Hayes)
2. Hard Hard Year 

    (Ransford)
3. That's How Strong My Love Is 

    (Roosevelt Jamison)
4. Sweet Little Sixteen 

    (Chuck Berry)
5. Oriental Sadness 

    (Ransford)
6. I Am a Rock 

    (Paul Simon)
Lado B
1. Take Your Time 

    (Buddy Holly – Norman Petty)
2. Don't You Even Care 

    (Clint Ballard Jr.)
3. Fifi the Flea 

    (Ransford)
4. Stewball 

    (Bob YellinRalph RinzlerJohn Herald)
5. I've Got a Way of My Own 

    (Ransford)
6. I Can't Let Go 

    (Chip Taylor – Al Gorgoni)


***


Ouça O LP na íntegra (a edição abaixo é expandida, ou seja, cheia de faixas bônus):


***

7 comentários:

  1. Siiiiiiiiiiiim! Vivam os Hollies! Inclusive prefiro Graham Nash neles muito mais que no country-rock de véio bicho-grilo do Crosby, Stills & Nash. E para mim o melhor dos Hollies se equipara ao melhor dos Beatles.

    Também adoro esse disco, inclusive tenho o CD com as versões mono e estéreo. (Por sinal, a versão original inglesa traz, no lugar de "Bus Stop", o cover dos Hollies para o classico do r&b "That's How Strong My Love Is", gravado também pelos Stones e que inspirou "Desperation" do Steppenwolf.

    Pois bem, Palhinha, que tal darmos um jeito de tocar alguma dos Hollies no Julinho Clube ou por ai? Um e-abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, sim: o "Ransford" autor de boa parte do repertorio deste disco é pseudônimo para o trio Alan Clarke/Tony Hicks/Graham Nash, porque alguém lhes disse que três autores não cabiam no selo dos discos...

      Excluir
    2. Salve, Ayrton! Sempre acrescentando informações preciosas. Superobrigado! Ah, e, naturalmente, continuo esperando seu texto.

      Abração,
      Léo.

      Excluir
  2. Gostei muito de conhecer The Hollies. Realmente uns beatles diferenciados. :) Muito bem!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Anja! Realmente, a atmosfera lembra Beatles. Estou aqui, sorvendo-os aos poucos, pra perceber as diferenças. rs

      Beijo,
      Léo.

      Excluir
  3. Léo, meu irmão tinha um compacto com Oriental Sadness de um lado e Bus stop do outro e eu amava... Obrigada pelo post!

    ResponderExcluir