quarta-feira, 9 de julho de 2014

Crônicas Desclassificadas: 136) De luto pelos mortos vivos

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Me sentindo um rodrigueano vira-lata, com meu coração dizendo "bata"... e batendo fraco, sem botar fé no taco, errando o buraco e resmungando "currupaco"! Em meu cérebro mil alto-falantes gritam que sou mais imbecil que antes, um náufrago navegante num inferno sem Dante, demente, delirante, aliás, querendo mandar tudo pro inferno, como já quis Roberto, achando tudo tão certo como dois e dois são... sete! Aliás, acordei às sete! Hoje comigo ninguém se mete, se não quiser levar com meu rosto em seu murro (ah, bicho réi burro!). Empapando de lágrima meu desgosto, meu desgaste, um traste, um triste, com o dedo em riste desafiando o mundo, um moribundo doutorando, chorando lá fora, que é lugar frio... sem dar um pio.

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Me sentindo um idiota, um desviado da rota, arrotando lamento, sedento de água pura, água mole em carne dura, tanto bate até que um pira. Errando a mira (que nem aqueles 11... que quiçá nem levem bronze). Acordei de ressaca, com a macaca, achando a vida uma bruaca. Catando a dignidade no chão, o choro no porão, chovendo na chama. Acordei às sete (e tu não te mete!). Parecia que na cama havia prego, mas não, havia só um nó-cego tateando mágoas no escuro, gritando calado "eu juro! eu juro!", mas jurar o quê, pedro bó, eu sou só um só, varrendo o pó do sentimento, esfregando unguento na garganta arranhada que nem consegue dizer que eu não aguento. E mais nada...

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Aliás, querendo mandar tudo à puta que o pariu, o Brasil e seu exército de um homem só (ô, dó!), seu grupo unido em torno de um mico, rostinhos ricos, meninos mimados, adolescentes inconsequentes num gramado tomando um vareio, perdendo feio... feio é apelido! Aquilo foi uma pelada! Que nada, pra ser pelada precisava ao menos de homens, mas não quem não vale o que come, talvez justo pela falta de fome. Nome não ganha jogo. Lenha molhada não pega fogo. Pau mole não penetra. Tetra? Penta? Pimenta no nosso "não há quem possa" é pura falta de bossa, fossa a céu aberto. Hoje eu tô que nem já esteve Roberto, ilegal, imoral ou... perna de pau! Ops, não foi intencional!

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Com esse tal de Luiz Felipe. Tava com gripe, Felipão? Vá tomar... um chimarrão! E o "salve a Seleção"? E a promessa do hexa? Chupa essa! Você vai ter que me engolir. E de goleada. Faz-me rir. Encerrou a carreira. Aliás, você e o Parreira. De véspera não se ganha. Ainda mais contra a Alemanha! Tem que ter garra, raça, manha. Capíxi? Vixe! Deu branco? Ah, se manca! Ficou botando banca que o Brasil era isso, o Brasil era aquilo. E pra quê? Pra perder por quilo? O que é que foi aquilo? Um bando de meninos assustados. E sem comando. Olhando prum lado e perguntando: até quando? Olhando pro outro e procurando Neymar. Que Neymar o quê? Nem Neymar nem Pelé. O que sobrou foi mané.

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Com aquele bando de patos! Aliás, cadê o Pato? Cadê o Ganso? Só um monte de corno manso. Um bando de crianças que nem sabiam a dança. Onze perdidos numa grama suja. Gente, quando for assim, fuja! Ou então pede pra sair, pede... Que nem devia ter feito o Fred, que foi menor que um nelson ned, um nada, mais perdido do que bala em tiroteio. Tomando vareio de bola como se nem fosse consigo (como consegue?). Um olho no umbigo, o outro na bola... fora. Aliás, um camisa noves fora, zero. Um mero figurante. Um farsante. Um (descon)fiado. Entrou mudo e saiu calado. Só que nem suado. Ô, abençoado! Pense! O Brasil não é o Fluminense. Nem a Alemanha é o Bangu. Ah, vá tomar no... não. Você nem vale a rima.

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! E o pior é que vai vir um pedante falar "agora vamos pensar no que é importante". E eu pergunto, pra não mudar de assunto: e o que é importante pra você? Votar mais uma vez? Pra quê? Pra trocar meia dúzia por seis? Ganhe quem ganhar, o PMDB vai continuar lá, pendurado nos bagos do governante. Eita, partidinho irritante! Não, meu caro. Deixemos algo claro. Importante é saber regar a dor. Deixar a dor doer. Aprender a perder sem ser perdedor. É fácil ser ganhador na vitória. Aí tudo é glória (ô, glória!). Mas saber perder com dignidade... aí é outra história. Sim, eu disse dignidade. Coisa que não vi ontem naquela "arena" de Belo Horizonte. Quem tem medo de ganhar tem mais é que dar sopa pro azar.

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Querendo passar pito em quem acha que jogar feio é bonito. Desculpem se sou muito duro, mas não sou eu, juro. A vida é que é dura com quem é mole. Viu, criatura? Se controle! Dir-me-ão: um jogo é só um jogo, calma, coração! Eu sei, eu sei, mas de futebol também se faz uma nação. Não à toa chamamos Pelé de rei. Quer saber? Cansei. Cansei desse futebolzinho "leite ninho", com carrinho e sem carinho, sem trato com a bola. Tem coisa que não se aprende na escola. Jogar bola é como fazer amor. Sem preliminares, não adianta se dar ares no durante. Com a bola tem que ser galante. Tem que ter malícia, tem que ter carícia, tanto pra chegar no gozo quanto no gol. Se não... brochou.

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Com essa patota que fez um país de idiota. Não, não, não é a derrota. Perder faz parte, mas desde que seja com arte. Depois que começamos a pensar só em ganhar foi que a "Seleção" ficou devagar. Esses moleques que estão aí pisando no breque têm que comer muito feijão com arroz pra chegar aos pés da Seleção de 82. Futebol é magia, é arte. Há quem enfarte ao ver jogo ruim. Fala uma coisa pra mim, fala que eu te escuto: você aguenta ver 90 minutos de papelão? Depois mais 30 de prorrogação, se não houver magia? Se é pra ver porcaria, melhor ver enlatado americano. Pelo menos a gente já começa sabendo que vai entrar pelo cano. Perder faz parte, desde que seja com arte, com magia, que nem Falcão, Sócrates, Zico & companhia.

Agora é a hora de trocar tudo! Vai por mim! Desde o bigodudo até o José Maria Marin.

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E que a Argentina nos redima! Com Messi e com rima!

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12 comentários:

  1. Vai dar Alemanha, Léo! E talvez (tomara que não) uma final antecipada na disputa de terceiro lugar: Brasil x Argentina. Um perigo esse jogo. Guarde rima, prepare o fogo. E o texto acima, cheio de canções possíveis, mas duvido alguém se habilitar.
    Beijo

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    1. Dodô, cê já errou o primeiro prognóstico: deu Argentina na final. Eu espero pra dar minha opinião após o domingo. Haha! Quanto ao texto, talvez esteja mais pra rap...

      Beijão,
      Léo.

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  2. Sensacional, como sempre, Léo Nogueira... Demorou mais pra eu ler esses oito (7 x 1) parágrafos, feito uma via-sacra rumo ao calvário, do que a Alemanha meter aqueles 5 gols, feito pregos, naquela crucificação via satélte, pra 3 bilhões de pares de olhos incrédulos... Mais do que nunca, essa é a Copa das Copas. Que eu temo, seja a última, pelo andar da carruagem geo-política em curso... sem falar nas mudanças climáticas...

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    1. Calma, Cava! Não soframos por antecipação! Mas, apocalipses à parte (rs), valeu pelo elogio.

      Abraço,
      Léo.

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  3. Extasiada com a leitura desse belíssimo texto. Parabéns, Leo!

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