O descanso do guerreiro das parolas |
É um pássaro? É um avião? Não! É um trem do aeroporto de Doha! |
O voo partiu quase às 4 de la matina do vigésimo terceiro dia do décimo primeiro mês do ano corrente, pra não deixar dúvidas de que nos iria pôr à prova. Eu já dormia a sono solto abraçado à bagagem de mão quando o alto-falante nos convocou. Voo é voo, quem voa sabe: os assentos nunca são do mesmo número de nosso desejo; a comida não deixa saudades, o encosto não inclina o suficiente pra ao menos fingir que é um parente distante da cama e os fones de ouvido pelos quais ouvimos o áudio dos filmes são do século 19. Fora isso, foi tudo em paz até a chegada a Doha, um espetáculo de aeroporto onde um trem de última geração nos levou ao terminal onde começaria a segunda parte de nossa viagem. Claro, depois de cerca de 14 horas de voo, ficar mais umas duas à espera de que começasse o segundo tempo foi fichinha.
O novo percurso correu sem novidades, então relato os filmes a que assisti e que de certo modo valem a pena ser vistos: Planeta dos Macacos: A Guerra — sou fã de tudo o que remete a essa franquia, desde o livro (que adquiri na Argentina), passando pela sequência de filmes da década de 1970 (incluída a série televisiva, né, Antoniocarlos?) até os remakes atuais. Nesse novo filme, a densidade e as fortes interpretações (sobretudo de Woody Harrelson e Andy Serkis) deram o tom. Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) também recomendo; esse filme conta ainda com o novo ator caído em desgraça, Kevin Spacey. Falando nisso, queria dizer que estou sempre a favor do que é correto, como todo mundo, mas meu lado negro se compadece ante o linchamento público — talvez temendo o que amanhã possa acontecer comigo...
O novo percurso correu sem novidades, então relato os filmes a que assisti e que de certo modo valem a pena ser vistos: Planeta dos Macacos: A Guerra — sou fã de tudo o que remete a essa franquia, desde o livro (que adquiri na Argentina), passando pela sequência de filmes da década de 1970 (incluída a série televisiva, né, Antoniocarlos?) até os remakes atuais. Nesse novo filme, a densidade e as fortes interpretações (sobretudo de Woody Harrelson e Andy Serkis) deram o tom. Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) também recomendo; esse filme conta ainda com o novo ator caído em desgraça, Kevin Spacey. Falando nisso, queria dizer que estou sempre a favor do que é correto, como todo mundo, mas meu lado negro se compadece ante o linchamento público — talvez temendo o que amanhã possa acontecer comigo...
Vi mais um ou outro filme esquecível que não vale o relato e comecei a leitura do romance surreal El orden alfabético, de um de meus escritores de cabeceira, o espanhol Juan José Millás. Na verdade, agora, depois do Kindle, tenho lido vários livros ao mesmo tempo, mas procuro manter o hábito de começar uma viagem sempre lendo um livro novo. A verdade é que durante o segundo voo dormi pra carvalho, em parte ajudado pelo uísque que às vezes pedia às aeromoças, ora em meu inglês tarzânico, ora em meu japoguês (mistura de japonês com português). Ah, o ar-condicionado do segundo voo também estava mais frio que o do primeiro... Ou terá sido porque eu estava mais cansado?
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izakayando |
Chegamos ao aeroporto de Narita dez horas depois de termos partido de Doha. O horário? Cerca de 19h da sexta-feira, hora local — no Brasil, 8h, ou seja, 28 horas depois da partida em Guarulhos. Quase não pegamos fila ao passarmos pela polícia alfandegária, graças a meu visto (renovável) de um ano. E adquiri ali meu novo documento, como vocês não podem ver ao lado, pois Kana mo impediu. Pagamos por um serviço que nos entregaria no endereço de meus sogros as seis malas grandes e caminhamos até a estação de trem — que demorou mais que o previsto devido a mais um suicídio nos trilhos de alguma estação do percurso (aqui, isso é comum). Chegamos ao apartamento deles por volta das 22h. Fazia um frio de gelar a alma, o que resolvemos rápido num izakaya — espécie de bar tradicional onde se pode beber e ao mesmo tempo comer uma comida mais substancial que em outros bares. Não preciso dizer que nos fartamos — a fome era ferrenha! A sede, então...
¥ 100 = U$ 0,90 e R$ 2,90 |
De volta ao apartamento, tomamos um banho e dormimos como bebês. No dia seguinte, Kana acordou às 5h e esperou que eu despertasse (às 8h), então saímos pra passear pelo bairro e numa loja de conveniência comprar o café da manhã, que comemos num parque próximo assistindo ao sol se espreguiçar em sua subida. Aqui, as lojas de conveniência e os mercados são um espetáculo à parte, tanto pela fartura como pelos preços. Eu pirei ao ver, além de outras coisas, os preços dos vinhos. Pra vocês terem uma ideia, compramos um tempranillo espanhol chamado Velata (que beberico enquanto escrevo) pela bagatela de 500 ienes, traduzindo, cerca de cinco dólares, que pros padrões japas é de graça. Claro, este não é um Catena Zapata, mas não fala mal de ninguém.
Achei que, por ter dormido a noite toda, ia sobreviver incólume ao dia (aliás, um belo, frio e ensolarado dia), mas depois de almoçar e desfazer parte da bagagem (que nos foi entregue sem maiores problemas — e no horário programado), o cansaço veio fulminante, e dormimos de novo boa parte da tarde, só acordando às 22h pra jantar. Um banquete preparado por minha sogra, diga-se. Já estou começando a me preocupar com o peso. Se não fizer nada a respeito, os dez quilos que perdi com muita "sofrência" durante este ano voltarão em dias.
Boa notícia (pra mim): um de meus ídolos, o diretor Takeshi Kitano (do maravilhoso Hana-Bi — Fogos de Artifício), é figurinha fácil nos programas de tevê. A notícia ruim é que meu pobre japonês ainda não me permite entender o que falam e do que tanto riem. Queria escrever mais, detalhar como tudo funciona aqui e as diferenças estruturais que fazem o Brasil parecer ainda no século 19 quando comparado ao Japão, mas farei isso aos poucos, pra não cansar vocês nem a mim, visto que estarei atarantado com um punhado de coisas. Outra boa notícia é que posso continuar pagando o Netflix no Brasil e usando aqui, com a vantagem de ter muitos filmes e séries japoneses que não estão disponíveis aos patrícios. Uma última informação: vi agora há pouco na tevê uma reportagem sobre a deserção de muitos soldados norte-coreanos, que se arriscam fugindo pra Coreia do Sul. Oxalá o gordinho mau sossegue o facho. Cheguei agora, tenho muito a fazer e não tô pronto pra virar carvão ainda.
Té já! Com um abraço especial (e completamente espontâneo) a minha amiga Rô Castle.
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PS fotográfico:
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Tô amando acompanhar vocês!!
ResponderExcluirUma pena a gente não ter se encontrado.. mas a vida é assim, né? Mande beijos para Kana e só para constar: vocês moram no meu coração, saudade! <3
Louisoca, faço minhas suas palavras. Vocês também têm suíte presidencial aqui nesse velho coração. Estamos em contato.
ExcluirBeijos saudosos nessa família querida,
Léo.
Viajando com vocês! Thanks!
ResponderExcluir¥ 100 = U$ 0,90
e R$ 2,90
Vou-me embora daqui!!!
Valeu, Unknown! Só faltou se apresentar. rs
ExcluirAbraço,
Léo.
adorei!
ResponderExcluirValeu, Adri!
ExcluirBjs,
Léo.