Muito bem, vamos com calma, que esta edição do Grafite na Agulha foi cheia de percalços – no sentido dificultoso da palavra. Pra
chegarmos até aqui, houve muita pesquisa, muita dúvida, muita
hesitação... Pra começo de conversa, meu querido e admirado Affonso Moraes, quando convidado por mim a escrever pra esta coluna, após alguns
dias me respondeu negativamente, dizendo que havia pensado em escrever
sobre um compacto (de 1953!), o que talvez destoasse das demais
publicações etc. Eu, ao contrário do que talvez ele pudesse pensar,
achei a ideia interessantíssima, pois aumentava o leque de
possibilidades da coluna. Então, incentivei-o a não desistir.
Pra terminar, antes de passarmos ao texto de Affonso, acrescento apenas que este se trata de um excelente compositor que lá no passado trocou a instabilidade da vida musical pela advocacia, sem, contudo, ter jamais deixado de compor. Hoje, já aposentado, voltou-se à paixão primeira e finalmente gravou seu primeiro (e excelente) disco. Sempre que falo dele fico um tanto nostálgico, pensando no quão sua vida poderia ter sido diferente se tivesse optado pela música, visto que no começo da década de 1970 já começava a despontar, vencendo alguns festivais inclusive. Dediquei-lhe um Ninguém me Conhece resumindo sua trajetória. Pra lê-lo, basta clicar em Affonso. Por ora, vamos ao texto:
Sylvio Caldas – O Silêncio do Cantor / Flamboyant
Por Affonso Moraes
Sylvio Caldas, pouco divulgado como cantautor (expressão, aliás, inexistente em sua época), já gravara uma das suas primeiras composições, Flor de Lótus, no longínquo 1930, quando tinha apoucados 22 anos, em parceria com o médico e pianista Alberto Ribeiro. Seu dúplice talento, como cantor e autor – quase sempre em parceria com Orestes Barbosa –, é hoje reconhecido por todos os que amam a música popular brasileira.
Aqui, entretanto, quero lembrá-lo apenas como cantor, e dos maiores que tivemos, interpretando duas músicas de Joubert de Carvalho, igualmente médico e pianista. Mais conhecido por haver composto Taí – Pra Você Gostar de Mim e Maringá, sucessos nas vozes de Carmen Miranda e Carlos Galhardo, respectivamente, Joubert foi inspiradíssimo letrista e melodista.
Affonso |
São elas: O Silêncio do Cantor, com letra de David Nasser, lado A do disco de 78 rpm nº 10.00.186, da Sínter, e, principalmente, Flamboyant, seu lado B, letra e música de Joubert. Os arranjos são de Lyrio Panicalli, paulista de Queluz, um dos grandes maestros da Era de Ouro da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Reproduzimos aqui as letras de ambas as músicas:
O SILÊNCIO DO CANTOR
Joubert de Carvalho – David Nasser
Quando eu deixar de cantar
Quando eu nunca mais gravar
Meus sambas, minhas canções
Quando calar na garganta
Esta voz que hoje canta
Para os vossos corações
Joubert de Carvalho – David Nasser
Quando eu deixar de cantar
Quando eu nunca mais gravar
Meus sambas, minhas canções
Quando calar na garganta
Esta voz que hoje canta
Para os vossos corações
Quando meu canto esquecido
For pássaro ferido
Que já não pode voar
Tu, só tu, meu violão,
Amigo na solidão,
Saberás me suportar
Iremos lembrar juntinhos
Eu e tu, ambos velhinhos,
Nossos fracassos de amor
Tu, só tu, madeira fria
Sentirás toda agonia
Do silêncio do cantor
FLAMBOYANT
Joubert de Carvalho
A viver festivamente
A alegria de um momento
No carmim lilás das flores
No tocar de leve o vento
Flamboyant, eu te contemplo
No bailar das tuas flores
No enfeitar a minha rua
Rua dos meus amores
Flamboyant a cair, a cair
A espalhar pétalas no chão
Flamboyant, teu destino é igual ao meu
A cantar o que vem do coração
***
Sylvio Caldas – O Silêncio do Cantor / Flamboyant (1953 – Sínter)
Lado A
1) O Silêncio do Cantor
Joubert de Carvalho – David Nasser
Lado B
1) Flamboyant
Joubert de Carvalho
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Ouça o compacto na íntegra:
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PS: Nosso camarada Adilson, do Arquivo Confraria do Chiado, visitou esta postagem e se animou a subir ao youtube as duas faixas do compacto, que ora aproveitei pra "roubar" e postar acima. Gratíssimo, Adilson!
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Léo, grato a você e ao Alan Romero pelo enorme esforço em colocar em pauta o grande Sylvio Caldas. A propósito, o "Abraça, Mané" fez sucesso na segunda-feira passada, no Clube Caiubi. Quando você vai, finalmente, ouvir nossa música ? Abraços. Affonso.
ResponderExcluirFonsão, quem agradece sou eu por sua contribuição. De coração.
ExcluirSobre nossa parceria, é verdade, acabei não te ligando, mas o farei. Estou muito curioso.
Abração,
Léo.
Prezado Affonso, foi um prazer garimpar estas gravações! Gratíssimo pela oportunidade de curtir estas pérolas do Sylvio Caldas.
ResponderExcluirLéo, conte sempre comigo para as missões impossíveis!
Abraços
Hahaha! Grande Alan! Você é o meu herói!
ExcluirAbraços agradecidos,
Léo.
Uau! Quanta boa emoção por aqui! Grato! E parabéns por revolverem coisas tão belas quanto relegadas. Abs;
ResponderExcluirSalve, brou! Tô esperando sua colaboração também.
ExcluirAbraço,
Léo.
Bom dia pessoal!!! Vou disponibilizar o vídeo deste disco em 78Rpm em minha página Francisco Alves - Uma Época da Música Brasileira no Facebook! Abraço Adilson
ResponderExcluirGratíssimo, Adilson! Passarei lá pra conferir.
ExcluirAbraços,
Léo.
Taí o 78 Rpm rodando pessoal!!! Abraços Adilson
ResponderExcluirhttp://youtu.be/JnUEfgxoTlY
http://youtu.be/cYP-Vgv0s30
Adilson, meu caro! Agradecido!
ExcluirJá aproveitei pra trazê-las pra cá também.
Abração,
Léo.