Pois bem, depois de tanto tempo expondo os
podres da esquerda, resolvi variar um pouco. Antes preciso dizer que
não vejo outra saída pro Brasil que não seja via esquerda. Contudo,
carecemos de ética, educação, inteligência, gentileza, elegância... ah, e
descer uns dois ou três degrauzinhos na escadaria da arrogância. É
pedir muito? Talvez, mas são coisas necessárias pra aplacar o ódio
burguês que tem se disseminado Brasil afora. Nosso país, chega a ser até
irônico, mas, ao passo que a cada dia aparece um novo partido político,
tem, surpreendentemente, se tornado um país que está perdendo a
pluralidade de ideias. Hoje o Brasil se divide entre os radicais de
esquerda e os radicais de direita, ambos escancarando seus preconceitos e
suas mazelas (e não se arruma a própria casa apontando a bagunça da do
vizinho). Como a direita agoniza, traveste-se de centro-direita, mas
continua direita, ou seja, errada. Já a esquerda, como o comunismo
capotou, aprendeu a usar as armas do adversário à frente do discurso e
pende ao centro, mas continua esquerda, e continuará enquanto houver
dois ou três homens de colhões com coragem pra limpar a própria casa.
Tal fenômeno tem deixado perplexa até a classe musical, que sempre se acreditou de esquerda. Na década de 1970 tínhamos certeza de tudo. Compúnhamos canções de libertação, verdadeiros hinos, gritos de guerra contra os opressores. Sabíamos quem eram nossos inimigos, lutávamos contra eles e sonhávamos com um país que poderíamos reconstruir quando fôssemos livres. Mas, lá em nosso íntimo, apesar da guerrilha e de tudo o mais, não queríamos admitir, mas sabíamos que não passava de um sonho burguês, como a revolução francesa e a inconfidência mineira. Queríamos a liberdade pra continuar dominando os dominados de sempre. Queríamos ser servidos, e quem quer ser servido precisa de serviçais que não se insurjam contra ele, que mantenham a fidelidade de cãezinhos, que se portem como alguns submissos escravos de antigamente que viam no patrão um ídolo (viram a personagem de Samuel L. Jackson no Django de Tarantino?).
Tal fenômeno tem deixado perplexa até a classe musical, que sempre se acreditou de esquerda. Na década de 1970 tínhamos certeza de tudo. Compúnhamos canções de libertação, verdadeiros hinos, gritos de guerra contra os opressores. Sabíamos quem eram nossos inimigos, lutávamos contra eles e sonhávamos com um país que poderíamos reconstruir quando fôssemos livres. Mas, lá em nosso íntimo, apesar da guerrilha e de tudo o mais, não queríamos admitir, mas sabíamos que não passava de um sonho burguês, como a revolução francesa e a inconfidência mineira. Queríamos a liberdade pra continuar dominando os dominados de sempre. Queríamos ser servidos, e quem quer ser servido precisa de serviçais que não se insurjam contra ele, que mantenham a fidelidade de cãezinhos, que se portem como alguns submissos escravos de antigamente que viam no patrão um ídolo (viram a personagem de Samuel L. Jackson no Django de Tarantino?).
Recentemente vi no facebook depoimento de um camarada representante da classe artística (a mim não representa – tá na moda isso, né? rs) indignado com os rumos do Brasil, que, segundo ele, tem apostado na ignorância pra exercer a tal inclusão social, e hoje se resume a idiotas pulando atrás de um trio elétrico ou aplaudindo picaretas num palanque. Oras, desde que o Brasil é Brasil os ignorantes têm (com acento, minha gente!) procurado motivos quaisquer pra fazer a festa. Aliás, acho que essa tem sido uma das maiores qualidades do brasileiro ao longo desse punhado de séculos. E essa situação sempre foi confortável pra quem estava no poder. Um pouco de pão e circo era suficiente pra calar a boca das massas e mantê-las nessa ilusão de felicidade causada por um entorpecimento das ideias. Por isso havia que as manter ocupadas, fosse com música, com esporte, com religião, com drogas (lícitas ou não), com tecnologia... Nada disso mudou. O colega do facebook se espanta com tudo isso como se se tratasse de novidade, mas essa novidade é mais velha que nossos tataravós. A diferença está justamente no fato de que essas pessoas hoje querem mais! E estão prontas pra agarrar o que querem.
Ver essa sede nos olhos dos serventes, garçons, porteiros, domésticas etc., isso sim é novidade. Porque é uma sede que pode ser saciada dentro da lei, e não mais apenas por meio de um três-oitão. E é isso o que talvez assuste o colega artista, que compõe uma canção que é ininteligível às massas. Também eu às vezes me sinto ferido no ego por achar que compus uma lindeza e perceber que tal canção não fez eco nos ouvidos violentados das massas por décadas de disparates musicais. Mas é o preço. São as pedras no caminho de um país mais justo onde o burguês não tenha medo de sair de casa e se ver vítima de assalto, sequestro-relâmpago ou coisa que o valha. Estamos assustados porque os filhos deles estão forçando a barra pra serem admitidos nas escolas de nossos filhos... Os filhos DELES, os ignorantes! Mas não tem jeito, trata-se de um caminho sem volta, quer aceitemos ou não. O governo é assistencialista? É. Quer tapar o sol com a peneira? Quer? Comete erros, quer consertar de cima pra baixo? Sim, o governo erra, engatinha nessa corrida rumo à justica, tropeça, cai, se equivoca, mas não tem a intenção de retroceder.
Nesse dia seu neto será será grato ao neto daqueles que você odeia hoje!
Trilha sonora (pra ajudar na reflexão) de Adolar Marin e este que lhes escreve, Teimosia, do novíssimo Epílogo:
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Trilha sonora (pra ajudar na reflexão) de Adolar Marin e este que lhes escreve, Teimosia, do novíssimo Epílogo:
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Grandíssimo post, Leo!
ResponderExcluirUnknown, no presente caso, sou Etel Frota
ResponderExcluirValeu queridos Unknown e Etel! rsrs
ResponderExcluirBeijos,
Léo.
vc podería traduzir, mudar uns nomes e lugares ..e estaría falando da Argentina...nao é em vao que nos chamamos de países irmaos, nao é?
ResponderExcluirAsí es. Pero estamos mejorando. Dios, que es brasilero, ya puso en el Vaticano un papa argentino para echar una mirada hacia nosotros. jeje!
ResponderExcluirBesos,
Léo.
Lá em cima o correto é "ininteligível". Corrigi. rs
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