terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crônicas Desclassificadas: 3) Hey, Juddy

Recentemente, numa dessas esquinas da vida, topei com um velho amigo de bebedeiras e, para variar, fomos a um boteco comemorar o reencontro, ou qualquer outra efeméride. Qual não foi minha surpresa ao notar que ele, enfaticamente, pediu ao garçom uma Skol. Explico. Ambos sempre preferimos, durante quase duas décadas, a Brahma. Não estou fazendo comercial de cerveja, ao contrário, queria justamente escrever sobre o poder do comercial na vida das pessoas. Capaz até de mudar o gosto de alguém, só porque está na moda.

Outro exemplo disto é o atual culto às magrelas. Eu, particularmente, sempre preferi as cheinhas, mas admito que sou um eterno fora de moda. No entanto, minha bronca maior nos últimos dias recaiu novamente sobre os estadunidenses, desta feita na pessoa do correspondente estrangeiro do New York Times no Rio. A tal da matéria sobre as novas garotas de Ipanema, além de equivocada, foi de uma estupidez ímpar. Se os Estados Unidos fossem a Suécia, eu até entenderia, mas num país em que a grande maioria almoça e janta mac-qualquer coisa, chega a ser até uma afronta falar que nossas mulheres estão gordas. O sujeito deve ter tomado muito sol carioca na moleira ou então faltou assunto. Talvez naquela semana não houvesse nenhum arrastão pra noticiar ou coisa do gênero.

Isso é que dá dar importância demais à moda. Anorexias à parte, nada como comer um bom prato suculento, regado a bastante cerveja. Mesmo que seja uma Skol.

Mas, voltando ao New York Times e passando ao largo do fato de uma das fotografadas “brasileiras” ser uma tcheca, prefiro dar um conselho à nossa garota de Ipanema Juddy Hooliday, que só pelo nome já mereceria uma boa matéria de jornal. Juddy, não perca o bonde do tempo, aproveite seus 15 minutos de fama e, em vez de processar este ou aquele jornal, providencie logo sua autobiografia, e com bastante ênfase no melodrama, pois, além de estar na moda, pode ser sua chance de se aproveitar de uma situação negativa e reverter o placar em favor das gordinhas. Aliás, gordinhas, não. Fofinhas.

São Paulo, 1/2/2005.


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