As coincidências, quando boas, são deliciosas. Meu grande parceiro Adolar Marin está de CD novo na praça, o ousado Epílogo, que nasce com uma baita responsabilidade, visto que sucede o Atemporal, disco anterior de Adolar
e (de acordo com minha opinião, por supuesto) um dos melhores CDs dos
últimos anos, e olha que incluo nessa lista não apenas os CDs daqui do
baixo clero, mas também os dos buarques, caetanos, lenines... Mas Adolar
não é daqueles que ficam deitados em berço esplêndido, mesmo porque seu
berço não tem lá esse esplendor. Como diz o próprio numa canção, ele é o
primeiro de seu clã. Daí que, em vez de repetir a fórmula do Atemporal, resolveu voltar às origens roqueiras neste Epílogo.
Confesso que fiquei um tanto assustado com esse título. Estaria meu
mano tirando o time de campo? Perguntei-lho, ao que ele me respondeu
que, pra que uma nova história surja, a velha tem de acabar.
E assim Adolar fecha um ciclo, pra recomeçar renovado. Mas deixemos de lado por hora o Epílogo e tratemos da coincidência: havia tempos que tinha a gravação de Adolar de minha versão da sabineira Que se Llama Soledad,
mas, meio desmotivado, adiava sua postagem, visto que meu projetinho se
viu mais pretensioso do que aguentavam suas pernas. Contudo, a própria
frase de Adolar sobre essa renovação de ciclos me pareceu de bom
presságio pra recomeçar as versões sabineiras, agora mais com os pés no
chão e sem maiores expectativas que a alegria de ver um bom trabalho
exposto e abraçado pelos amigos de sempre. Portanto, a novidade é que
alguns camaradas já andam às voltas com novas versões minhas, o que
significa que depois desse epílogo uma nova história está pra começar. Curiosamente, estou lendo atualmente o polêmico (e ótimo) romance Os Versos Satânicos (que de satânicos não têm nada, muito pelo contrário), do indiano Salman Rushdie, que rendeu ao autor uma sentença de morte, promulgada pelo aiatolá Khomeini, mas, coincidentemente, uma das frases em torno da qual gira a história é: "Para nascer de novo, é preciso morrer primeiro."
QUE SE CHAMA SOLIDÃO
Joaquín Sabina/versão: Léo Nogueira
Às vezes voo como um inocente
Já outras, me arrasto, qual serpente
Algumas madrugadas, sou urgente
Como o gato mais carente
Que se põe a patrulhar
Em busca de uma felina
Bem nessa hora sovina
Em que os bares vão começando a fechar
Quando a alma desatina
Sem corpo pra acariciar
Algumas vezes morro, outras, vivo
Às vezes, do que escrevo, sou cativo
E saio a procurar um adjetivo
Inspirado e possessivo
Pra arranhar seu coração
E atiro uma mensagem
(Que vai tendo uma garrafa por bagagem)
Ao seu mar de incompreensão
Não quero fazer chantagem
Só te levo de presente uma canção
E vez em quando abro o coração
Como se fosse um divã o ombro da lua
E reclamo dessa amante minha e sua
Que se chama solidão
Algumas vezes ganho, outras, perco
E anões viram gigantes no meu circo
Algumas vezes dou uma mordida
Nessa fruta proibida
Herdada do pai Adão
Ou durmo e não fecho a porta
Pois, quem sabe, a horas mortas
De repente você adentra o portão
Hoje, só o que me conforta
É ver nevar no verão
E vez em quando abro o coração
Como se fosse um divã o ombro da lua
E reclamo dessa amante minha e sua
Que se chama solidão
A letra original:
QUE SE LLAMA SOLEDAD
Joaquín Sabina
Algunas veces vuelo y otras veces
me arrastro demasiado a ras del suelo,
algunas madrugadas me desvelo
y ando como un gato en celo
patrullando la ciudad
en busca de una gatita,
a esa hora maldita
en que los bares a punto están de cerrar,
cuando el alma necesita
un cuerpo que acariciar
Algunas veces vivo y otras veces
la vida se me va con lo que escribo;
algunas veces busco un adjetivo
inspirado y posesivo
que te arañe el corazón;
luego arrojo mi mensaje,
se lo lleva de equipaje una botella…
al mar de tu incomprensión.
No quiero hacerte chantaje,
sólo quiero regalarte una canción
Y algunas veces suelo recostar
mi cabeza en el hombro de la luna
y le hablo de esa amante inoportuna
que se llama soledad
Algunas veces gano y otras veces
pongo un circo y me crecen los enanos;
algunas veces doy con un gusano
en la fruta del manzano
prohibido del padre Adán;
o duermo y dejo la puerta
de mi habitación abierta
por si acaso se te ocurre regresar;
más raro fue aquel verano
que no paró de nevar
Y algunas veces suelo recostar
mi cabeza en el hombro de la luna
y le hablo de esa amante inoportuna
que se llama soledad
***
***
Joaquín Sabina/versão: Léo Nogueira
Às vezes voo como um inocente
Já outras, me arrasto, qual serpente
Algumas madrugadas, sou urgente
Como o gato mais carente
Que se põe a patrulhar
Em busca de uma felina
Bem nessa hora sovina
Em que os bares vão começando a fechar
Quando a alma desatina
Sem corpo pra acariciar
Algumas vezes morro, outras, vivo
Às vezes, do que escrevo, sou cativo
E saio a procurar um adjetivo
Inspirado e possessivo
Pra arranhar seu coração
E atiro uma mensagem
(Que vai tendo uma garrafa por bagagem)
Ao seu mar de incompreensão
Não quero fazer chantagem
Só te levo de presente uma canção
E vez em quando abro o coração
Como se fosse um divã o ombro da lua
E reclamo dessa amante minha e sua
Que se chama solidão
Algumas vezes ganho, outras, perco
E anões viram gigantes no meu circo
Algumas vezes dou uma mordida
Nessa fruta proibida
Herdada do pai Adão
Ou durmo e não fecho a porta
Pois, quem sabe, a horas mortas
De repente você adentra o portão
Hoje, só o que me conforta
É ver nevar no verão
E vez em quando abro o coração
Como se fosse um divã o ombro da lua
E reclamo dessa amante minha e sua
Que se chama solidão
A letra original:
QUE SE LLAMA SOLEDAD
Joaquín Sabina
Algunas veces vuelo y otras veces
me arrastro demasiado a ras del suelo,
algunas madrugadas me desvelo
y ando como un gato en celo
patrullando la ciudad
en busca de una gatita,
a esa hora maldita
en que los bares a punto están de cerrar,
cuando el alma necesita
un cuerpo que acariciar
Algunas veces vivo y otras veces
la vida se me va con lo que escribo;
algunas veces busco un adjetivo
inspirado y posesivo
que te arañe el corazón;
luego arrojo mi mensaje,
se lo lleva de equipaje una botella…
al mar de tu incomprensión.
No quiero hacerte chantaje,
sólo quiero regalarte una canción
Y algunas veces suelo recostar
mi cabeza en el hombro de la luna
y le hablo de esa amante inoportuna
que se llama soledad
Algunas veces gano y otras veces
pongo un circo y me crecen los enanos;
algunas veces doy con un gusano
en la fruta del manzano
prohibido del padre Adán;
o duermo y dejo la puerta
de mi habitación abierta
por si acaso se te ocurre regresar;
más raro fue aquel verano
que no paró de nevar
Y algunas veces suelo recostar
mi cabeza en el hombro de la luna
y le hablo de esa amante inoportuna
que se llama soledad
***
... e por falar em Serrat:
***
Leozito, gostei de tudo! Mas muito mesmo, da fotomontagem, embora Sabína tenha uns 30 anos a mais que eu!:-b
ResponderExcluirbjnd
Dodolar
Não chega a ser 30 não, mas é uma diferença boa. rs
ExcluirValeuzaço, Dodô!
Beijão,
Léo.