É, deu aquele bode... Depois de um fim de semana regado a cerveja e churrasco (e em boa companhia), com direito a futebol e piscina, o corpo arriou, e a mente, tendo que levantar o moral de combalido corpo, por sua vez, fumaçou, uns neurônios tiveram seus fusíveis queimados, e o blog ficou abandonado ao mar à mercê da própria sorte...
É nessas horas que entra em ação o plano B! E qual é o plano B? Ir lá nos arquivos salvar do pó alguma crônica antiga, minha ou alheia. Mas dessa vez optei por aproveitar uma de minha própria lavra, que, ademais, tem lá sua atualidade, já que trata de Carnaval. O texto, de 2005, nasceu de um papo com meu amigo italiano Marco Zanotti, músico brasilianista que deve estar por estas horas tocando em algum ponto da Itália com Élio Camalle.
Só um detalhe a respeito do texto que segue, pra ajudar no entendimento: no Carnaval de 2005 a Portela teve problemas com um carro alegórico, por conta disso, e por medo de não conseguir encerrar sua apresentação sem extrapolar o tempo, acabou limando a participação da Velha-Guarda, o que pra mim pareceu um sinal dos tempos, aliás, da passagem do tempo. Venho mesmo tratando desse assunto aqui ao longo desses quase dois anos: o descaso com o velho e a supervalorização do novo. Mas vamos ao texto:
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Foi um rio que (não) passou
Por Léo Nogueira
Recebi em casa um amigo italiano, baterista, que viera ver pela primeira vez o Carnaval do Rio e resolvera dar uma passada em São Paulo. Na quarta-feira de cinzas, claro. Dono de uma inteligência rara por essas bandas, proporcionou-me boas horas de conversa. No entanto, discordamos justamente no quesito Carnaval. Ele, estrangeiro e amante do Brasil, maravilhou-se com o luxo e a riqueza de detalhes das escolas que desfilaram na Sapucaí. Disse que não havia nada no mundo que se comparasse a essa festa. Concordei com os fins, mas não com os meios...
Dissertei sobre o fato de cada vez haver menos “carnavalescos” tanto na passarela quanto na plateia, os sambas serem fracos e acelerados, o dinheiro ganho com a festa não ir para o bolso dos artistas e mais uma infinidade de coisas que tornam o Carnaval para mim uma decepção. Ele, no entanto, manteve-se irredutível, justificando que essa festa toda devia ser para os brasileiros motivo de orgulho e não de críticas, pois, para quem passa o ano todo pensando naquelas poucas horas, a alegria efêmera compensa.
Nunca acompanhei o Carnaval com entusiasmo. Quando me entendi por gente já não havia mais as marchinhas que fizeram história décadas atrás, tampouco os sambas de Martinho da Vila ou Paulinho da Viola (na passarela). Sendo assim, por falta de conhecimento técnico, ou por preguiça, dei-me por vencido, considerando-me, no íntimo, o vencedor.
Talvez ele até esteja certo. Ninguém é capaz de medir a felicidade dos outros. Pensando nisso, entreguei meu rei, mesmo sabendo que podia lhe dar um xeque-mate se argumentasse sobre a tristeza da Velha-Guarda da Portela, que foi excluída do desfile como se fosse um nada, por incompetência dos “cabeças” da escola. Talvez eu seja um saudosista, ou sinta saudades do que não vi, mas para mim uma atitude dessas me faz ter medo não só do futuro, mas também de minha própria velhice. Nada paga aquelas lágrimas. Esse rio secou.
São Paulo, 21/2/2005.
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o papo nesceu de minha euforia depois de ficar 4 dias pelas ruas do Rio e as pessoas comuns, das velhinhas aos estudantes que me dizem "Feliz Carnaval"... "Oi bom dia, e um bom carnaval pro-cé"
ResponderExcluirDaì começei pirar com a ideia que poderìa ter sentido a folìa toda e o tesào daqueles dia.
Depois Leo, o asunto que saca è amarga constataçao dos nossos tempos, naò sò no carnaval mas igualmente no futebol, na politica, na escola, etc...
um abraçao desde Bologna
marco
Ciao, Marco! Come stai? E come sta questa bella Italia? Attenzione a questo finocchio cantante, Élio Camalle!
ExcluirÈ vero, questo è un problema dei nostri tempi. Ti aspetto a Brasile. Con un buon vino e quella tua carbonara possiamo trovare grandi conclusioni.
Abracci,
Léo.