Escrevo novamente, depois de razoável hiato, às 21h12 deste sábado que encerra o mês de outubro, um tanto lacrimejante não só pela emoção, mas também pelo excelente vinho italiano recém-sorvido em comemoração ao primeiro grande show de Kana a partir do momento em que o famigerado coronavírus está entre nós. Claro, desde há dois meses, com a relativa baixa no número de casos aqui no Japão, ela já havia feito um punhado de shows em que a quantidade de músicos no palco praticamente se equivalia à de pessoas na plateia; mas hoje, pela primeira vez com a banda novamente completa e o teatro razoavelmente cheio — segundo as novas normas de segurança —, voltamos pra casa felizes como crianças — e bêbados como adultos. Conto-lhes.
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segunda-feira, 9 de novembro de 2020
sábado, 10 de outubro de 2020
Os Manos e as Minas: 38) Meus salvadores no Japão (parte 3) — Henry Bugalho, da literatura à política
Andei sumido por uns tempos, mas não inativo. Este meu blogue completou recentemente dez anos de existência, o que significa que durante uma década inteira me dediquei a escrever e publicar aqui com uma regularidade incrível. Foram 703 textos, o que dá uma média de 5,8 por mês(!!!). E sempre com amor e... gratuitamente. Claro, não posso negar que durante esse tempo todo vim melhorando minha escrita, lapidando um estilo e, principalmente, explorando meu potencial ante um possível público. Nada de mais aconteceu em minha carreira durante esse tempo, fora o lançamento de dois romances. Que, acrescente-se, venderam muito pouco. E atingir uma década de trabalho ininterrupto é sempre algo que nos obriga a refletir acerca de algo muito importante: valeu a pena?
quinta-feira, 9 de julho de 2020
Uma década d'O X do Poema(!!!)
Ilustração feita por Francisco Daniel* especialmente pro aniversário do blogue |
quarta-feira, 1 de julho de 2020
A Palavra É: 52) Tchau
Sou um ser humano egoísta e mesquinho que ao longo dos anos tem supervalorizado sua obra pra ver se consegue equilibrar a balança, visto que como indivíduo sempre se achou o cocô da pulga do cavalo do bandido. Mas um restinho de orgulho me alerta que, como ando num momento dodói de autoflagelo e pena de mim mesmo e estou a ponto de mais uma vez ir a público expor meu ridículo, ao menos a raspa do tacho da dignidade me impele a tirar o time de campo por uns tempos antes de nele entrar, combalido, perigando tomar um particular 7 x 1 — e cheio de gols contra.
segunda-feira, 22 de junho de 2020
Esquerda, Volver: 29) O último homem (de Mary Shelley) — fragmento
Desde que o mês de abril abriu seus portões pra que entrássemos, estamos eu e minha mulher confinados. Ao final de junho, lá se terão ido três meses, mais de 90 dias, tempo suficiente pra (re)pensar muita coisa. Estamos sempre à procura de tempo, reclamando que estamos ocupados com uma série de assuntos que, na maioria das vezes, não têm importância nenhuma e mal nos damos conta de que essas ocupações todas são um artifício da sociedade pra que não tenhamos tempo pra pensar. Pois, como diz o ditado, "de pensar, morreu um burro". É mais ou menos meu caso. Não morri, contudo, pois, mais que burro, sou teimoso. Ah, pra encerrar a questão da pandemia no Japão, já há algumas semanas o confinamento se flexibilizou com a curva descendente da propagação do vírus, mas as coisas ainda estão longe de voltar a sua normalidade.
segunda-feira, 15 de junho de 2020
Os Manos e as Minas: 37) Meus salvadores no Japão (parte 2) — Érico Baymma, meu super-homem de cristal
Há milhares de anos, praticamente em outra vida, tive um grande amigo a quem — até então — eu nunca vira, mas sempre amara. Éramos um par formado por duas figuras ímpares, fora de época e lugar, cavalheiros d'antanho que se comunicavam por e-mail, aproveitando a tecnologia, mas como se essas trocas de correspondências fossem antigas missivas, muito longas por sinal; apenas economizávamos o selo e a ida ao correio. Eu aguardava com ansiedade suas respostas, longas e deliciosas, que eu mais devorava que lia. Eram outros tempos, e eu tinha tempo e ele também — ou, pelo menos, se não tínhamos o inventávamos. Seu nome, Sérgio Veleiro (até lhe fiz uma canção; ouçam-na aqui). Ele era do Ceará — eu também, mas aquele morava em Fortaleza, e eu em Sampa.
terça-feira, 9 de junho de 2020
Eu Não Vi, Mas me Contaram...: 11) Marx e o vírus
Antes de sair de casa, além de me lembrar de pegar a necessária máscara que jazia sobre a escrivaninha, meio escondida entre vários livros, também optei por resgatar de uma gaveta minha velha camiseta vermelha que tem um desenho central de Karl Marx chutando uma bola, do lado esquerdo superior um emblema da CPF (Comuna Proletária de Futebol) e do lado oposto o tão intimidador símbolo comunista da foice fazendo um xis com o martelo. Em tempos de pandemia, todo cuidado é pouco e manter afastados os indesejáveis é salutar. A cada vampiro, seu merecido alho.
terça-feira, 2 de junho de 2020
Esquerda, Volver: 28) Flores contra fuzis
Jan Rose Kasmir fotografada por Marc Riboud |
quarta-feira, 13 de maio de 2020
Crônicas Classificadas: 48) A profecia autocumprida
Enquanto não descobrem a cura pra tal "gripezinha" (se é que não descobriram ainda), seguimos nós, artistas, arteiros & demais artimanhosos, tentando ao menos tornar mais leve o fardo que todos ora carregamos, que, obviamente é mais pesado pra uns que pra outros. Deixemos que fale o velho Gabo (o outro, viu, Gabriel?):
A profecia autocumprida
A profecia autocumprida
Por Gabriel García Márquez
por Francisco Daniel |
— Não sei, mas amanheci com o pressentimento de que algo muito grave vai acontecer em nosso povoado.
quarta-feira, 6 de maio de 2020
Os Manos e as Minas: 36) Conjugando o verbo Aldir
Por Mello Menezes |
Não, não e não! Algum insensível veio me dizer que morreu Aldir Blanc. O velho Aldir. O novo Aldir. O eterno Aldir. Quanta ingenuidade! Será que não percebe que há certa categoria de seres humanos que está acima disso a que chamamos morte? Aldir, morto? Hahahahaha! Pobres mortais... passarão pelo caminho em que ele passarinha, passarinhou e, obviamente, passarinhará. Aldir, ah, Aldir! O mestre há muito já deixou de ser simplesmente um ser humano, tão acima que está dessas condiçõezinhas em que nos encontramos todos. Aldir é já um verbo. Posso, se quiser, conjugá-lo no presente: eu aldo, tu aldes, ele alde, nós aldimos, vós aldis, eles aldem.; ou no pretérito perfeito: eu aldi, tu aldiste, ele aldiu, nós aldimos, vós aldistes, eles aldiram; ou ainda no futuro do presente: eu aldirei, tu aldirás, ele aldirá, nós aldiremos, vós aldireis, eles aldirão...
sexta-feira, 24 de abril de 2020
Esquerda, Volver: 27) O stalinismo do "Messias"
Uma das coisas mais perigosas do mundo é delegar poder a um medíocre. Mais até que a um imbecil. Sim, porque em geral os imbecis são inofensivos; quando, porventura, conseguem algum destaque, acabam caindo sozinhos, vítimas de sua própria imbecilidade. Já no caso dos medíocres a coisa muda de figura, pois entre eles há aqueles que podem vir a ser bastante nocivos. Um medíocre com poder começa a acreditar que é especial, e, quando tem um pouco de lábia ou carisma, o que gera relativo poder de convencimento, aí fodeu. O cara se torna um arrogante, inclusive esquece que todo poder é limitado — e temporário —, e passa a agir como se fosse — pasmem! — um monarca. E daqueles bem mimados.
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