Neste sábado, 14 de junho, Kana fará um show dentro do projeto Show da Maria. A título de divulgação, aproveito pra publicar nO X do Poema entrevista recente concedida pela artista a Antonio Carlos, da Ritmo Melodia (originalmente publicada aqui). Sem mais, vamos a ela:
Entrevista do Mês: 1/5/2014
Em 1999, obteve o 1º lugar em sua primeira participação em um festival, o FAMPOP (Avaré-SP), com o xote Bye Bye Japão (Kana – Léo Nogueira), interpretado por ela e Élio Camalle.
Em 2001, recebeu o prêmio de Aclamação Popular, com a mesma música, no Festival de Tatuí-SP, participou do festival de MPB da IBM, pela internet, e foi vencedora do 1º Ribeirão Criança, festival de música infantil (Ribeirão Preto-SP), com a música Balão (Doki Doki) (Kana – Élio Camalle – Léo Nogueira).
Em 2002, fez 30 shows no Japão, mesclando canções de sua autoria com sucessos de Luiz Gonzaga. Em 2003, teve sua canção Raízes (Kaeroukana) escolhida pela Mastercard japonesa para um comercial de TV. No final de 2003, voltou ao Japão, para outra série de shows. Em janeiro de 2004, apresentou-se na cidade italiana de Bolonha, na casa Bravo Caffè, e em junho do mesmo ano voltou ao Japão, para lançamento de seu CD Primeiro (Liberty Sound).
No segundo semestre de 2004, lançou no Brasil seu segundo CD, Imitação (independente). Ainda no segundo semestre de 2004, sua valsa Raízes foi a canção-tema do documentário Watashino Kisetsu (Minha Estação), do diretor Shigeru Kobayashi, que venceu o Festival de Cinema Mainichi Shinbun, o mais importante do Japão. Em janeiro de 2005 passou a frequentar o Clube Caiubi de Compositores, cujo curador foi, durante anos, Zé Rodrix (já falecido). No final de 2005, uniu-se aos compositores caiubistas Alê Cueva, Álvaro Cueva, Marcio Policastro e Léo Nogueira, e montou o grupo 4+1, com quem se apresentou durante dois anos aproximadamente.
Em outubro de 2008, voltou ao Japão para uma série de shows de lançamento de seu terceiro CD, Imigrante (Koala Records), que contou com participações de Élio Camalle, Milton Guedes, Tavito, Vasco Debritto (também produtor do CD), Zeca Baleiro e dos uruguaios Dany López e Samantha Navarro. Destaque no repertório para Eclipse, canção do cubano Paquito D’Rivera com letra de Léo Nogueira.
Em dezembro de 2011 fez um único show em Madri (Espanha), na casa La Cueva del Bolero, e voltou ao Japão para uma série de shows. Além de seu trabalho autoral, Kana vem sendo convidada com frequência a participar em discos alheios, inclusive fora do Brasil, como nos dos uruguaios La Dulce e Daniel Drexler. Seu quarto CD, Em Obras, foi lançado em 2013 no Centro Cultural São Paulo. No repertório, destaque para O Amor Viajou, parceria de Kana com Zeca Baleiro, também gravada no mais novo CD deste, O Disco do Ano, e regravada pelo próprio Baleiro no DVD/CD Calma Aí, Coração, que contou com a participação de Kana nos extras. Atualmente, Kana apresenta regularmente um projeto novo no formato trio (uma jam session) no bar 2 Santo, no bairro paulistano do Bixiga.
Segue abaixo entrevista exclusiva de Kana:
Kana: Nasci em 20 de maio em Tóquio, Japão. O ano... xi, esqueci! (risos)
2) RM: Fale do seu primeiro contato com a música.
Kana: Quando eu tinha 5 anos de idade, escutei os Beatles e amei. A partir daí, a música sempre esteve presente em minha vida.
3) RM: Qual sua formação musical e acadêmica fora música?
Kana: Aos 5 anos de idade estudei piano com uma professora particular. Na adolescência estudei bateria e violão. Quando tinha 22 anos, comecei estudar canto jazzístico. Já no Brasil, estudei canto popular na ULM (agora Emesp) durante quatro anos. Fora da música, sou formada em prótese dentária no Japão. Além disso, fiz cursos de culinária e de cabeleireira.
4) RM: Quais as suas influências musicais no passado e no presente? Quais deixaram de ter importância?
Kana: Minha primeira influência musical foram os Beatles. Depois, Elis Regina, Tom Jobim, Luiz Gonzaga e Milton Nascimento, entre outros. Aliás, a música brasileira em geral é minha grande influência hoje. Fora do popular, também sou muito influenciada pela música clássica, sobretudo a de Tchaikovsky, Vivaldi e Ravel. Todas as influências permanecem até hoje. As que são menores ainda funcionam como lembranças.
5) RM: Quando, como e onde você começou a sua carreira profissional?
Kana: Comecei a me apresentar profissionalmente com 27 anos de idade, ainda no Japão. Participei de um workshop do violonista e compositor Koichi Hiroki. E ele acabou me convidando a ser a vocalista de seu grupo, Hiroki Trio, com o qual viajei todo o Japão cantando jazz e bossa nova, além do repertório de Elis Regina, cantora muito apreciada por Hiroki também.
6) RM: Quantos CDs lançados (quais os músicos que participaram nas gravações)? Qual o perfil musical de cada CD? E quais as músicas que se destacaram em cada CD?
Kana: O primeiro CD, Do Japão ao Ceará, é resultado de minhas experiências musicais, viajando pelo Brasil. Os destaques desse disco são Bye Bye Japão (xote que, inclusive, venceu a Fampop - Feira Avareense de Música Popular - em 1999), Beijo, Cacto (bossa nova) e Coco (baião).
O segundo, Imitação, é o primeiro arranjado por mim, e tem fortes influências maranhenses e nordestinas em geral, com ritmos como maracatu, afoxé e boi do Maranhão. Os destaques desse disco são: Pipoca (xote), Balão (Doki Doki) e Raízes (Kaeroukana), as duas últimas, cantadas em português e japonês.
O terceiro, Imigrante, é produzido por Vasco Debritto, dono da gravadora Koala Records, que o lançou também no Japão. Os destaques desse disco são O Primeiro Passo, sucesso japonês vertido ao português por Léo Nogueira e que contou com a participação de Zeca Baleiro, e Metáfora, parceria do Léo com Tavito, que também participou nessa faixa.
Meu quarto e mais recente CD, Em Obras, é meu preferido. Nele estou mais à vontade como arranjadora, e gostei bastante do repertório e da química com os músicos.
Nesses quatro discos tive o privilégio de trabalhar com ótimos músicos. No primeiro, os arranjadores foram Oswaldinho do Acordeon, Dino Barioni e Clóvis Corrêa, e, entre tantos bons músicos, participaram Natan Marques e Zé Pitoco. No segundo, participaram Sérgio Bello (que coarranjou algumas canções), Douglas Alonso e Silvio Franco, entre outros. No terceiro, que foi arranjado por Vasco Debritto, participaram músicos como Milton Guedes, João Mourão, Marco Bosco, Nahame Casseb, Alexandre Magoo, Paulo Calasans e Atsushi Suzuki, além das participações de Élio Camalle, Tavito, Zeca Baleiro, e dos uruguaios Dany López e Samantha Navarro. No quarto, participaram Leonardo Costa, Fábio Canella, Douglas Alonso, Chiquinho de Almeida, Keiko Kodama, Gileno Foinquinos, Ítalo Queiroz e muitos outros. Fora as participações: Gabriel de Almeida Prado, 4+1, Dany López, Tato Fischer...
7) RM: Como você define seu estilo musical?
Kana: Pra mim é difícil definir meu estilo, porque eu não me limito quando componho. Posso compor uma bossa, um samba, um baião, um blues, uma salsa... Quem manda é a inspiração. Eu só obedeço.
8) RM: Como você se define como cantora/intérprete?
Kana: Poxa, essa é difícil! Eu, como cantora, continuo me aprimorando, sempre. E cantar em português exige ainda mais de mim, porque sou estrangeira, né? Mas as pessoas acham que meu timbre é original, o que me deixa feliz, porque, mesmo que eu imite outra cantora, no fim vai parecer comigo. (risos)
9) RM: Você estudou técnica vocal?
Kana: Sim, estudei durante alguns anos. Quero voltar ainda, mas agora tenho outras urgências.
10) RM: Quais as cantoras que você admira?
Kana: Muitas! Em primeiro lugar, Elis Regina, mas gosto de várias outras... Gal Costa, Janis Joplin, Marisa Monte, Cássia Eller...
11) RM: Você compõe? Quem são seus parceiros musicais?
Kana: Sim. No Japão eu não compunha, mas o Brasil me inspirou. Digo que minha música é 100% brasileira, porque nasceu aqui. Meu maior parceiro é o Léo Nogueira, mas fiz canções também com Zeca Baleiro, Adolar Marin, Gabriel de Almeida Prado, Élio Camalle, Lúcia Santos, meus companheiros do 4+1, entre outros.
12) RM: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Kana: O lado bom de ser independente é que o artista é totalmente livre pra escolher o repertório, a concepção, os arranjos, os músicos... O lado ruim é que tem que arcar com gastos, divulgação, produção. E nem sempre um bom criador é um bom vendedor de seu trabalho. É uma luta diária!
13) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro? Em sua opinião, quais foram as revelações musicais nas duas últimas décadas, quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
13) RM: Como você analisa o cenário musical brasileiro? Em sua opinião, quais foram as revelações musicais nas duas últimas décadas, quem permaneceu com obras consistentes e quem regrediu?
Kana: Sempre que penso na riqueza musical do Brasil e vejo o quanto é subaproveitada, fico muito triste. Não tenho nada contra a música comercial, no mundo inteiro ela existe; só acho que os meios de comunicação deveriam dar mais espaço pra música boa, a de verdade.
Tem muita gente boa aí que desenvolve um trabalho à margem da mídia. Entre os mais conhecidos, tem Zeca Baleiro, Chico César, Ceumar, Lenine, Marisa Monte... Sobre consistência, acho que não existe regressão. Existem fases de maior ou menor criatividade, mas quem deixou uma obra incontestável deve ser sempre respeitado e lembrado. Os jovens precisam conhecer a história musical do Brasil, que é única no mundo.
14) RM: Qual ou quais os músicos já conhecidos do público que você tem como exemplo de profissionalismo e qualidade artística?
Kana: Tem muita gente, os que eu citei acima, mas posso falar com mais segurança de Zeca Baleiro, porque tive mais contato com ele. Também respeito muito Zé Rodrix (falecido) e Tavito; aprendi bastante com eles.
15) RM: Quais as situações mais inusitadas que aconteceram na sua carreira musical?
Kana: Vixe, eu já passei por algumas situações bem difíceis. Vou dar um exemplo: quando participamos de um festival em Piraí (RJ), nosso carro quebrou no meio do caminho, tivemos que pegar um ônibus e, quando chegamos lá, o único hotel da cidade estava lotado, tomado pela equipe de uma dupla sertaneja que ia se apresentar. Tivemos que pegar um táxi até a cidade mais próxima. E o pior é que fomos para a final, então tivemos que repetir a via-crúcis no outro dia, e no final, apesar de o público te gostado bastante, não ganhamos nada. Coisas de festival...
16) RM: O que a deixa mais feliz e mais triste na carreira musical?
Kana: O que me deixa mais feliz é, quando estou no palco, ver que o público está gostando. Isso é o mais importante. O que me deixa triste é a falta de espaço. Se dependesse de mim, eu tocava toda semana em algum lugar diferente.
17) RM: Nos apresente a cena musical na cidade em que você mora.
Kana: Bem, eu moro em São Paulo. Aqui tem bastantes lugares pequenos para tocar, todo dia tem gente se apresentando em algum lugar, mas tenho a impressão de que 10, 15 anos atrás, tinha bem mais. Hoje tem muitas casas grandes, para quem tem um público grande, mas não tem muitas casas pequenas. Faltam mais lugares como o Centro Cultural São Paulo. Devia ter um em cada bairro.
18) RM: Quais os músicos ou/e bandas que você recomenda ouvir?
Kana: Recomendo os artistas que citei nas respostas anteriores, mas sobretudo acho que os jovens deviam pesquisar mais sobre a música brasileira de verdade, fora dos modismos.
19) RM: Você acredita que as suas músicas tocarão nas rádios sem pagar jabá?
Kana: Minha parceria com Zeca Baleiro, O Amor Viajou, está tocando em algumas rádios, na voz dele. Quando alguém famoso grava uma canção da gente é mais fácil que toque. O que acho difícil é tocar quando o artista é desconhecido. Tem umas poucas que tocam, é questão de procurar, mas todas deviam ter espaço pelo menos uma hora por dia pros artistas independentes.
20) RM: O que você diz para alguém que quer trilhar uma carreira musical?
Kana: Xi! Em primeiro lugar, tem que ter certeza de que tem talento, porque tem muita gente fazendo música hoje em dia. Em segundo lugar, tem que ser teimoso. Em terceiro lugar, tem que ter esperanças, mas sem muitas expectativas. E, de preferência, ter outra fonte de renda. Tenho muitos amigos que vivem exclusivamente de música e passam por muitos momentos difíceis.
21) RM: O que levou uma japonesa a se interessar por cantar música popular brasileira?.
Kana: Desde a primeira vez que ouvi a música brasileira, gostei. E o Japão não tem uma música popular original; lá a influência do pop americano é muito grande. Por isso, vim pra cá, pois sabia que aqui todo dia nasce música boa e original. Queria fazer parte disso.
22) RM: Quais os seus projetos futuros?
Kana: Apresento quinzenalmente uma jam session no bar 2 Santo, no Bixiga (r. São Vicente, 157). É muito legal, e eu me divirto bastante. Paralelamente a isso, estou com um trabalho novo com um grupo de jovens músicos da Orquestra Furiosa, formada pelos melhores alunos da Escola do Auditório Ibirapuera, cujo maestro é Nailor Proveta. Entre esses jovens, tem dois grupos que têm se apresentado comigo, o Quarteto Saxofonando (que, claro, é um quarteto de saxofones) e o The Quintet, que faz a cozinha. Eles são talentosos e humildes. Enquanto toparem tocar comigo, eu vou com eles.
23) RM: Deseja comentar mais alguma coisa?
Kana: Sim. Entendo pouco de política, mas gostaria de compartilhar minha experiência no Japão. Lá, a educação vem em primeiro lugar, e as crianças estudam música na escola. Acho que o Brasil precisa repensar a educação de suas crianças urgente, pois a música que se faz aqui é maravilhosa, mas acaba sendo pouco aproveitada por seu povo, porque a educação é fraca. Peço desculpas pela crítica, mas digo como estrangeira que vive aqui há quase duas décadas, e pelo amor que sinto pelo Brasil.
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