quinta-feira, 27 de abril de 2017

A Palavra É: 23) Gravata

Experimente pegar um cachorro vira-lata, atraí-lo com algum osso e tentar colocar nele uma coleira. O que acontecerá? Ele provavelmente avançará sobre você não exatamente abanando o rabinho. E por quê? Porque cão sem dono não é lá muito chegado em ser "adotado" sem que combinem com ele antes (mais ou menos como existem mendigos que não querem dormir em albergues). Em contrapartida, os cães domesticados enfiam o pescoço na coleira quase com tanta alegria como aceitam um osso. Essa é uma metáfora que cai como uma luva (pra não dizer uma coleira) pra exemplificar minha relação com o malfadado adereço do título da coluna: a gravata. Sou selvagem, bicho da rua, gosto de sentir o vento no rosto e corpo livre. Não curto nem essas cuecas apertadas que não deixam o "morador" respirar. Sou mais o bom e velho (e arejado) samba-canção.

domingo, 23 de abril de 2017

PodCrê: 1) O sossegado desespero de Rica Soares

Ano passado, um amigo que trabalha com gravação de vídeos me fez uma proposta que de cara me agradou muito: transformar minha coluna Ninguém me Conhece num programa de entrevistas. Além de felicidade, também me tomou o sentimento de ter o ego massageado; só que o projeto, por razões que fugiram de minha alçada, não foi avante. Tempos depois, outro amigo, o grande Rica Soares, sugeriu-me uma coisa mais fácil de lograr: transformar esse projeto em algo mais simples, um programa de entrevistas apenas em áudio, que eu poderia hospedar em alguma dessas plataformas. Deu-me uns toques de manuseio da ferramenta e ainda por cima aceitou ser a primeira cobaia. Dessa forma, nasceu meu podcast que chistosamente chamei de PodCrê.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Esquerda, Volver: 16) "Garota, eu vou pra Califórnia..."


O assunto do momento são as reformas do presidente biônico, e me lembrei delas em certa passagem do livro que estou lendo no momento, o romance As vinhas da ira, do maravilhoso John Steinbeck. A passagem, pra ser mais específico, é o capítulo 19 inteiro, e fiquei com uma vontade danada de trazê-lo pra cá; contudo, pra não cansar a beleza dos leitores (sobretudo a de meu amigo Paulinho das Frases, que é chegado em microcontos) tentei fazer uma edição caprichada do capítulo, pois, embora o livro seja de 1939, Steinbeck consegue explicar de forma didática e resumida como se constrói uma sociedade injusta, como a nossa, e, de quebra, dá também a fórmula de como reverter o processo e "vencer o monstro". Recomendo o livro (e o filme homônimo – igualmente recomendável –, dirigido por John Ford) tanto pra petralhas e coxinhas quanto pra quem não tem nada a ver com isso, como nosso querido professor Leandro Karnal. É ler pra crer!

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Os Manos e as Minas: 28) Homenagem póstuma a Donizeti Costa

A Pálida Dama mais uma vez aprontou das suas: como se já não bastasse o cenário catastrófico que é hoje o de nossa Cultura (a com letra maiúscula, não a outra), acaba de levar mais um dos grandes soldados de nossa causa: o jornalista Donizeti Costa, grande figura, comprometido com as causas sociais, mas sobretudo um cara de antenas ligadas e pronto a escrever sobre tudo o que de melhor aparecesse por nossas terras tupiniquins. Tive poucos contatos pessoais com ele, mas via facebook estivemos um tempo bastante conectados. Conhecemo-lo (eu e Kana), se não me falha a memória, por meio do amigo Zé de Riba, e Donizeti, com seu faro jornalístico, sacou imediatamente que minha japinha daria o que falar – e o que escrever. Portanto, como forma de homenagem póstuma, publico abaixo matéria que ele escreveu sobre ela há lá se vão nove anos. Vá em paz, meu bom! E que encontre em sua nova morada panorama melhor que o que por aqui vemos da janela deste campo de concentração travestido de país.