quarta-feira, 30 de julho de 2014

Os Manos e as Minas: 15) O norte de John Steinbeck

Estou encantado com a prosa de um escritor. E mais! Um camarada que me obrigou a morder a língua. E, em meu caso (já devo ter comentado isso por aqui), isso é algo que me dá o maior prazer fazer. Claro, tem seu lado masoquista, mas a dor é nada se comparada ao resultado do ato. Mas voltemos. Dizia que estou encantado com a prosa de um escritor que me fez morder a língua. Explico: nunca me interessei muito por estudar inglês devido a um sentimento idiota em relação a esse país orgulhoso chamado Estados Unidos da América. E tão orgulhoso, que diz que seus filhos são americanos, relegando aos vizinhos (todo o resto da América) a condição de subamericanos. Resumindo: embora lute contra meus preconceitos, acostumei-me a regar este em relação aos EUA.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Crônicas Desclassificadas: 139) As impertinências da Morte – parte 2

Não vão dizer que é ideia fixa. Sei que já escrevi sobre ela (aqui), mas... é que as pessoas continuam morrendo! Nem bem enterraram Plínio de Arruda Sampaio, lá veio a Pálida Dama levar João Ubaldo Ribeiro. E, não satisfeita, logo na sequência levou Rubem Alves e, sem descansar, Ariano Suassuna! Sem falar nos tantos mortos que estavam no avião que caiu na Ucrânia. Sem falar nos mais tantos mortos de Gaza. Sem falar no viaduto que caiu em Belo Horizonte. E sem falar num casal que foi eletrocutado dentro de seu carro no bairro do Tatuapé porque, do nada, um cabo elétrico inventou de arrebentar e lá foi ele lamber o dito veículo. Ok, a esposa sobreviveu, ainda que tenha sido internada em estado grave. Mas o marido... Imagine você estar tranquilo dentro de seu automóvel e, segundos depois, ter que se ver forçado a mudar não só de endereço, mas também ser desalojado do próprio corpo onde habitava desde sempre...

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Notícias de Sampa: 11) O tal do Sarau da Maria

A propagação da cultura em nosso país, infelizmente, depende até hoje mais de iniciativas particulares que das públicas (manja aquele papo de "quem sabe faz a hora?...). Eu, que sempre fui morador de periferia, sei bem o quanto a ausência de focos culturais em meu bairro atrapalhou meu crescimento intelectual e o de meus chegados. Tudo o que aprendi foi com esforço próprio, nada me chegou de mão beijada. O que me salvou foi uma natural curiosidade. Contudo, apesar de todos os esforços, sinto-me um adulto inseguro, com a autoestima prejudicada pelas lacunas de minha educação. E percebo que isso se reflete ainda hoje nos jovens das periferias que tentam dar um passo a mais. As bibliotecas são poucas, os eventos musicais, raros, a carência existe inclusive em se tratando de espaços esportivos e de lazer. Claro, da época de minha adolescência pra cá, muita coisa melhorou, mas as melhorias caminham a passo de cágado.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Crônicas Classificadas: 38) A pipoca

Nos últimos dias, de uma tacada só, a Pálida Dama nos levou João Ubaldo Ribeiro e Rubem Alves, dois grandes expoentes de nossa literatura. João Ubaldo, conheço razoavelmente bem, já li vários livros e crônicas dele. Já acerca de Rubem confesso que era (sou) um tanto ignorante. Depois de sua morte foi que busquei saber um pouco mais a seu respeito. E acabei me deparando com um fragmento de uma crônica sua que um amigo postou numa lista de que participo. Foi o suficiente. Saí à cata da crônica inteira e a achei aqui. Após a leitura, fiquei tão fascinado, que me vi na obrigação de "roubá-la" pra este espaço, no intuito de que, como eu, outros leitores se maravilhem com essa pérola e, quem sabe, sintam-se motivados a repensar sobre quem são e o que querem realmente ser. Bom estouro!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Crônicas Desclassificadas: 138) Os manos do Morro da Gramática

Caído de quatro por uma mina chamada Silepse, sestrosa moradora do Morro da Gramática, o jovem e valente Anacoluto, tipo sem antecedentes, mas também um tanto sem noção, virou uma esquina errada e caiu direto na quebrada do bando dos Adjacentes, férreos (e um tanto radicais) defensores dos assuntos e habitantes de seu morro. Foi obrigado a descer de seu possante e, antes que pudesse pronunciar hipercorretor, viu-se com um hífen apontado em direção a sua caixa de ressonância e, enquanto tentava dialogar, Gentílico, líder do bando, proferiu:

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Crônicas Desclassificadas: 137) Ainda a Copa, antes de virar o copo

Agora que a Copa acabou, antes de virar o copo (ou a página, como prefiram), queria fazer uma pequena análise sobre ela e seu entorno. Em primeiro lugar, a constatação mais acachapante (pra usar essa palavrinha tão em voga na imprensa brasuca) é que urge tomar certas medidas, em caráter internacional, em relação à Fifa e, em caráter nacional, em relação à CBF. Com tanto dinheiro gasto e investido na Copa (e, em se tratando de Brasil, nos campeonatos nacional e regionais), é inadmissível que pessoas com manchas em sua biografia (pra dizer o mínimo) continuem à frente de eventos que despertam tantas paixões mundo afora e mobilizam (ou imobilizam) um sem-número de pessoas, sejam torcedores, profissionais, empresas e marcas por esse globinho de meu Deus. Sem falar na Globo, a rede.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Comemorando o 4º ano d'O X do Poema

Pois é, quatro anos se passaram! O danado do blogue rebentou, começou a engatinhar, aprendeu a balbuciar as primeiras palavras e agora, já um tanto crescidinho e falando pelos cotovelos, embora ainda não de todo alfabetizado, já tratou de diversas questões dos mais variados cunhos. Política, futebol, literatura, poesia, cinema e, claro, música (muita música!), tudo isso e mais, muitos outros assuntos passaram e passam por aqui. Tantos, que nem consigo explicar bem em que categoria se encaixa esse X do Poema. E graças a vocês, leitores que, apesar da escassez de tempo livre que impera em nossos dias, ainda encontram um espacinho em suas agendas pra ler os desvarios e demais intempéries que cometo por aqui. Do fundo do coração, aceitem meu muito obrigado!

Crônicas Desclassificadas: 136) De luto pelos mortos vivos

Eu hoje amanheci de luto. Acordei muito puto! Me sentindo um rodrigueano vira-lata, com meu coração dizendo "bata"... e batendo fraco, sem botar fé no taco, errando o buraco e resmungando "currupaco"! Em meu cérebro mil alto-falantes gritam que sou mais imbecil que antes, um náufrago navegante num inferno sem Dante, demente, delirante, aliás, querendo mandar tudo pro inferno, como já quis Roberto, achando tudo tão certo como dois e dois são... sete! Aliás, acordei às sete! Hoje comigo ninguém se mete, se não quiser levar com meu rosto em seu murro (ah, bicho réi burro!). Empapando de lágrima meu desgosto, meu desgaste, um traste, um triste, com o dedo em riste desafiando o mundo, um moribundo doutorando, chorando lá fora, que é lugar frio... sem dar um pio.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Crônicas Desclassificadas: 135) "Chorei, não procurei esconder, todos viram..."

Até bem pouco tempo atrás – eu já tinha vindo ao mundo e na época não passava de um moleque remelento – ainda era comum ouvir por aí a malfadada frase "homem que é homem não chora". Havia até uma canção bastante popular que dizia que "homem que é homem não chora quando a mulher vai embora". Já eu, alheio às ameaças, pivete recém-saído dos cueiros, abria o berreiro ante qualquer situação adversa. Às vezes usava até desse artifício em benefício próprio: quando passava em frente de alguma vitrine cujo brinquedo me chamasse a atenção, em primeiro lugar, tentava sensibilizar minha mãe fazendo cara de pidão. Caso não a convencesse, rolava no chão, aos berros, até que ela, mais cansada que convencida, comprava-me o tal brinquedo. Detalhe: nesse chororô todo, eu não vertia uma lágrima.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Crônicas Desclassificadas: 134) Amigos ou puxa-sacos?

A literatura, não direi de autoajuda, mas assertiva (palavra que está na moda), ensina-nos que, pra atingirmos nossos objetivos, devemos ser arrojados. Ela só não explica como perceber o limite entre o arrojo e a estupidez. Às vezes, uma abordagem mais ousada dá certo; outras vezes, resulta em dar com os burros n'água. Em contrapartida, vez em quando acertamos ao pensar duas vezes, contar até dez antes de tomar a iniciativa; já em outras ocasiões, perdemos o bonde, ficamos a ver navios. Este é um dilema pro qual ainda não encontrei resposta nem nesta nem em outras literaturas. Talvez porque ela (a resposta) varie de pessoa pra pessoa ou talvez porque mude de tempos em tempos... O que me deixa encafifado é que comigo, na maioria das vezes, ambos casos são exemplos de equívocos. Quando me apresso, como cru; quando espero, como frio.