sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ninguém me Conhece: 77) Admirando (publicamente) o Poema Novo

São Paulo, 27 de junho de 2013.

Passa um pouco da 1h da madrugada. Acabo de chegar do sobrevivente Café Piu Piu, no ainda charmoso bairro paulistano do Bixiga, onde hoje (aliás, ontem, porque hoje já é amanhã) rolou um projeto do grupo Vitrine (que lembra, na proposta, o Caiubi), que envolveu várias bandas e alguns poetas, pelo que entendi. Cheguei atrasado, e só pude ver o último show, do grupo Poema Novo. Mas me dei por satisfeito. Fazia tempo que eu não me surpreendia como hoje. Saí de lá praticamente correndo, pra poder chegar em casa e escrever estas linhas ainda inebriado do que presenciei. Estou um pouco "alto", do vinho ruim que ingeri, confesso, mas estou um gigante da música que ouvi/vi. Tenho em mente a frase de minha amiga Lucia Helena Corrêa, que diz: "Se beber, não escreva, nem leia", em contrapartida li também que Hemingway falou: "escreva bêbado, edite sóbrio", então vambora!

terça-feira, 25 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 95) De médicos estrangeiros, imigração japonesa e mão de obra barata

Um dos cursos superiores mais procurados no Brasil é o de Medicina. Consequentemente é um dos que possuem mais candidatos por vaga. E por quê? Porque os brasileiros adoram essa profissão? Não! Porque é uma cujos profissionais são mais bem remunerados. Contraditoriamente, li há alguns dias que há várias regiões do país onde há carência de médicos. Confesso que a notícia me surpreendeu. E me surpreendeu mais saber que, por causa disso, o governo brasileiro começa a se mobilizar pra contratar médicos estrangeiros, sobretudo de Cuba, Portugal e Espanha. Nesses dois últimos há um grande número de bons profissionais na área que se encontram desempregados, devido à crise europeia. Já no caso de Cuba, é notório o reconhecimento da qualidade da medicina nesse país, e, como o sistema de governo ali não remunera bem tais profissionais, a um sinal do governo brasileiro haveria um batalhão deles disposto a trabalhar onde quer que fosse.

domingo, 23 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 94) O preço da ignorância

No texto passado (este) tentei destrinchar um pouco os intrincados meandros do MPL (Movimento Passe Livre). Hoje vou deixá-lo de lado e exprimir meu pensamento a respeito da outra parcela dos manifestantes: o povo. Pelo que pude notar, as pessoas estão cansadas do modelo vigente. E eu consigo entender os motivos. Atualmente o dinheiro fala mais alto em todas as relações, inclusive as partidárias. Daí a corrupção, os mensalões, os caixas dois, os dinheiros em cuecas, os pmdbs, os ministérios usados como moeda de troca, os sarneys, os renans, os felicianos, os... Todos são frutos desse sistema corrompido, que já há tempos não consegue se equilibrar sobre as pernas. E o povo, que desde sempre tem sido a parte mais sufocada nesse estranho organismo, começa a dar sinais de que não aguenta mais. Toscamente, claro, cambaleante, sem discurso (afinal, é reflexo de séculos de opressão), mas persistente.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 93) Tentando entender o fenômeno MPL

Sim, são só os 20 centavos! Pelo menos foi isso o que entendi após finalmente me encher de paciência e encarar a praticamente hora e meia de duração (vi no youtube) da entrevista que dois membros do MPL (Movimento Passe Livre), Nina Capello e Lucas Monteiro de Oliveira, concederam ao Roda Viva, da TV Cultura. Ok, tenho que dar a mão à palmatória: ambos são muito bem articulados e fizeram a lição de casa direitinho, ou seja, sabem do que estão falando. Afinal, batem na mesma tecla há oito anos com essa história da tarifa zero, tinham mais é que saber mesmo. Até aí, tudo bem. Comentaram que em várias cidades dos EUA e algumas outras da Europa (me parece que há algumas no Brasil também) a condução é gratuita. Portanto, segundo seus argumentos, se lá pode ser, por que aqui não? 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 92) Os protestantes

Minha fugaz felicidade neoburguesa (ler texto aqui) nem bem chegou, foi embora rapidinho (viu, Camalle?)! O Brasil, de repente, começou a fervilhar, em princípio por causa de meros vinte centavos, daí, da noite pro dia, a polícia do Geraldo se tornou protagonista de um flashback ditatorial que mobilizou até as múmias: gente sendo presa por portar vinagre(!), tiros de bala de borracha dirigidos a repórteres e outras barbaridades, daí ficou simplesmente impossível alguém com um mínimo de bom senso se posicionar contra essa galera. Eu, confesso, estive sempre cético (leia meu primeiro texto a respeito do assunto aqui). Em primeiro lugar, porque soube que a mobilização inicial tencionava beneficiar apenas os estudantes, em segundo lugar porque pensei se tratar de movimentação política pra desestabilizar o governo...

sábado, 15 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 91) Ser palmeirense em terra de campeões

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo". É assim que começa o Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa (sob o heterônimo de Álvaro de Campos), um de meus poemas prediletos, e não apenas entre a obra de Pessoa. E é um de meus prediletos justamente porque trata da hipocrisia do convívio em sociedade, na qual todos necessitam ser os melhores, os imaculados, os campeões! O poema é antigo, mas sua atualidade é espantosa. Principalmente porque hoje em dia, vivendo sob as regras do capitalismo, vemo-nos obrigados a ser "campeões", incitados à competitividade. Dessa forma, não temos colegas de trabalho, temos adversários. E só há dois tipos de pessoas: os vencedores e os perdedores. Aqueles andam de cabeça erguida, escondendo no mais recôndito de si seus temores e deslizes. Já estes...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 90) Algumas considerações acerca de manifestações públicas

Sou favorável ao direito a que a população se manifeste. É bom viver num país em que as pessoas podem sair às ruas e reclamar por melhorias em várias áreas. Sinal de que a liberdade de expressão está protegida por lei. Quando a blogueira cubana Yoani Sánchez  veio ao Brasil e foi calada por manifestantes contrários a seu pensamento, ela atentou pro fato de que em Cuba tais manifestações, caso ocorressem, seriam severamente reprimidas. E, quando falamos em liberdade, não se trata apenas da nossa e das pessoas que pensam como nós. A lei é igual pra todos. Assim, da mesma forma que vemos a Parada Gay, vemos a Marcha para Jesus, a Marcha das Vadias, passeatas contra o aborto ou o casamento de homossexuais, grevistas de várias profissões, manifestações do MST, comícios políticos, uma turma contra o Feliciano, outra a favor, uma galera exigindo a liberação da maconha e... o Movimento Passe Livre.

domingo, 9 de junho de 2013

Ninguém me Conhece: 76) Por que Carlos Careqa?

Uai? Porque penetrar na obra de Carlos Careqa é abrir um portal que dá prum universo excêntrico e... inclassificável! A primeira, e óbvia, impressão que temos é a de que se trata de um humorista que canta, meio que um Falcão sudestino. E ele próprio ajuda a que caiamos nesse engano, não à toa já chegou a convidar o próprio Falcão a cantar com ele. Pura armadilha. Careqa não é humorista (tampouco sudestino). É irônico, sarcástico, debochado, anárquico... mas engraçado. Daí sua opção por fisgar o público por meio do riso. Porém, ouvindo-o, não chegamos a um riso franco, aberto. Pelo (público?) contrário. É um riso nervoso, nevrálgico, que soltamos quase receosos, como se ríssemos de um defeito do vizinho que também possuímos, temendo que no verso seguinte sejamos nós os desmascarados. Careqa, expondo-se e tratando abertamente de suas esquisitices, aponta o dedo pras nossas.

sábado, 8 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 89) Carta de um soldado da Música (a outro)

Caro irmão de tantas batalhas:

Temos sido bravos durante esses anos todos. Acostumados às porradas, ao nãos, a portas fechadas, a "por aqui você não passa", a "quem você pensa que é?"; sim, porque quem somos afinal? Órfãos de regalias, nos forjamos nossa própria paternidade. Aprendemos que os atalhos sempre nos levaram pelo caminho mais longo. A sola de nossos pés é uma dura crosta, por causa de tamanha caminhada. Nosso couro é resistente, nosso olhar é fixo (não podemos perder o contato visual, lembra?). Mas nosso sorriso é franco, nosso abraço é mais reconfortante que a cama mais macia do quarto mais luxuoso. Porque não somos frios e sabemos nos aquecer com o que levamos dentro de nós. Nosso coração é uma labareda incandescente (e explosiva) capaz de deixar o sol rubro de vergonha.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crônicas Desclassificadas: 88) Eu apenas queria que vocês soubessem...

Então, eu apenas queria que vocês soubessem que hoje não venho. A parada é a seguinte: tô feliz! E fiquei bobo (mais). Tenho um monte de coisas pra escrever, mas tô sem tesão pra isso. Sacumé? É como um camarada que tá cheio de sacanagem nas ideias, mas tem lá embaixo, naquela zona (sem duplo sentido, plis) um palmo abaixo do umbigo do Equador, um guerreiro cansado hibernando que deixou do lado de fora a plaquinha de "não perturbe". É assim que eu tô. Me lembrei até de uma canção de Sabina em que ele diz a seu terapeuta pra, por gentileza, lhe devolver a depressão, porque depois que ele "se curou" começou perder os amigos, parou de compor etc. A canção, pra variar, é genial, adoro sobretudo esses versos: "¿Acaso no le pago las facturas?/ ¡Déjeme como estaba, por favor!"

domingo, 2 de junho de 2013

Trinca de Copas: 18) Adolar Marin, Kana (por Dandara Modesto) e Tavito

1) AGORA

Se eu fosse político talvez lutaria (entre outras coisas) pelas causas da chamada meia-idade (principalmente a musical). Este é um tema recorrente por aqui e que já se demonstrou espinhoso, pois às vezes quando defendemos uns parece que estamos ofendendo outros, o que não é verdade. A ofensa em algumas situações está nos olhos de quem lê. Mas deixemos os espinhos de lado e fiquemos com as flores. O fato é que queria postar aqui algumas parcerias novas, tenho mesmo umas quatro ou cinco cujo envio estou esperando há semanas, mas os parceiros andam atarefados por demais na brincadeira de ganhar a vida, e assim essas canções ficam repousando em algum lugar esperando tempo bom. Da nova leva, só mestre Tavito conseguiu me mandar uma, então, enquanto isso, resolvi resgatar duas das antigas pra completar o quadro, digo, a trinca.