terça-feira, 29 de abril de 2014

Joaquín Sabina en Portugués: 18) Pedro Moreno e a versão de "Y nos dieron las diez"

Esquerdas e direitas à parte, a música não pode parar. Afinal, aqui tratamos, sobretudo, dela. Aproveitei então pra sacar da manga a versão que fiz pra uma das canções mais populares de Joaquín Sabina. Em seus shows, quando ele começa o refrão dela, a plateia, em êxtase, canta junto com ele, a pleno gogó. Detalhe: é de um tempo em que Sabina ainda compunha a maior parte de suas canções só. Com o tempo, à formação de sua banda foram chegando músicos que, além de serem também bons compositores, de quebra eram grandes conhecedores de suas canções, como é o caso de Pancho Varona e Antonio García de Diego, que nos mais recentes discos de Sabina (à exceção dos que este gravou em parceria com Joan Manuel Serrat) têm sido responsáveis, juntos ou separadamente, pela coautoria da maior parte do repertório.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Crônicas Desclassificadas: 129) "Pondérações" sobre a esquerda festiva... e a direita que não "pega mulher"

Certa vez escrevi sobre a diferença entre irônicos e cínicos (leia aqui), posicionando-me entre aqueles em detrimento destes. E ultimamente tive mais um belo exemplo de posicionamento: o infeliz artigo que o filósofo direitoso Luiz Felipe Pondé publicou recentemente em sua coluna semanal na Folha de S.Paulo, chamado, chistosamente, Por uma direita festiva (se tiver estômago, leia aqui. ... bem, se for ler, leia também a ótima réplica de Noemi Jaffeaqui), no qual ele resume ideais de esquerda como simples subterfúgios pra "pegar mulher". E o pior foi que o texto foi escrito com um deslavado sentimento de inveja dos "esquerdistas pegadores", pois nele Pondé confessa a extrema dificuldade com a qual os "intelectuais de direita" vêm se deparando pra justamente levar um lero com a mulherada, visto que o belo sexo ainda se deslumbra com fotos do Che e papos sobre a fome na África.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Crônicas Desclassificadas: 128) A incrível biografia do homem que virou árvore

Naquele dia, em vez de vermelho-alaranjado, o sol amanheceu verde, por razões que, como diria o poeta, a própria razão desconhece. Como cada um sabe de si, o sol sabia de ser sol; enverdeceu e pronto, acabou-se. Instantes depois, o homem acordou, homem, como todos os dias. Porém, ao abrir a janela e admirar o sol verde, humano que era, como todos os humanos foi tomado pela inveja e teve ímpetos de abandonar sua condição humana e, por sua vez, realizar seu sonho de criança: ser árvore. Imbuído de tal decisão, foi lá fora e caminhou quilômetros e mais quilômetros cimentados em busca de terra fresca. Finalmente, encontrou um metro quadrado em que o concreto rachara e a terra aparecera. Pensou, é aqui que vou me arborizar. Como não levara pá, tirou os sapatos e as meias e cavou com os pés e com as mãos. Ah, e com as unhas.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Eu Não Vi, Mas Me Contaram...: 4) Severino, nome de macho!

... na época eu tinha cerca de 18 anos e trabalhava como auxiliar de almoxarifado na matriz de uma grande empresa que possuía muitas filiais. Meu trabalho era, em suma, receber as requisições da minha e de outras unidades, separar os materiais pedidos (que iam desde caneta esferográfica até papel higiênico), empacotá-los, anotar no(s) pacote(s) o nome da unidade (e era muito importante não haver erro nesse item, ou o pedido de uma unidade acabaria indo parar em outra) e levá-lo(s) ao setor de Expedição, onde eram devidamente separados e empilhados, à espera de que um dos muitos motoristas da empresa viesse buscá-los pra posteriormente os entregar à unidade que fizera originalmente a requisição. Claro, quando se tratava da matriz, quem havia feito a requisição vinha pessoalmente buscar.

domingo, 13 de abril de 2014

Grafite na Agulha: 24) Na cova dos leões

Fiquei muito feliz quando recebi o texto abaixo de meu querido Antoniocarlos (que é como carinhosamente o chamo, já que todo mundo o chama mesmo é de Toninho), porque já era hora de o rock nacional "oitentista" aparecer por aqui. Claro, os puristas o condenam, pois dizem que depois dele a MPB nunca mais foi a mesma. Paciência, assim é a vida. Depois de cada grande movimento cultural que desponta por aqui, o País nunca mais volta a ser o mesmo; já foi assim quando dos grandes festivais, da Tropicália, do Clube da Esquina etc. etc. Creio que na verdade o que ocorreu foi que as gravadoras, que gastavam fortunas com os discos dos "medalhões", perceberam que podiam faturar mais gastando menos, ao investir nas bandas de rock, pois limitavam-se a quatro ou cinco músicos em estúdio.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Crônicas Desclassificadas: 127) De mulheres e estupradores

Sem entrar no mérito do erro na pesquisa do Ipea, na qual 65% eram na verdade 26%, fiquei com vontade de escrever duas ou três (perdoem o eufemismo) palavrinhas a respeito do assunto. Qualquer cidadão que more no Brasil e tenha estado por aqui nos últimos dias não passou incólume a ele. TV, jornais, redes sociais, amigos, parentes, colegas de trabalho, enfim, todo mundo meteu sua colher nesse caldo. O mais incrível, contudo, foi que não notei muitos comentários dessa fatia da população (seja de 65% ou 26%) que culpa as mulheres pelo estupro. Ou melhor, talvez tenha encontrado, o caso é que tais pessoas, ao se manifestarem, precisam "pegar mais leve" em seus comentários, afinal, pra explicar o inexplicável, além de cara de pau, há que se ter criatividade.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ninguém me Conhece: 79) Vidal França, o bruxo da canção

Caramba! Vidal França! Há quanto tempo eu não ouvia falar desse cabra... E eis que de repente, não mais que de repente, sua filha, Karina França (também compositora e parceira minha), dia desses avisou a mim e aos demais amigos do facebook (tá vendo como há faces que vêm pra book?) que seu pai acabara de participar do programa Provocações, de Antônio Abujamra. Corri pra ver, abri o link, e, enquanto via, passava todo um filme por minha mente, o filminho de nosso tempo de convívio; daí que, quando o programa acabou, falei pra mim mesmo: Léo, você, que tem uma coluna chamada Ninguém me Conhece, que já tratou de tanta gente, tem obrigação de escrever umas palavras sobre o sujeito, caso contrário, pode crer que sua coluna não estará cumprindo o papel dela.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Crônicas Classificadas: 37) Nos bares da vida, a banda que não formamos

Eu não sou nenhum Frias, e aqui não é a Folha de S.Paulo, mas é um espaço que eu, a duras penas, consegui que tivesse certo destaque ou que, na pior das hipóteses, gerasse algum incômodo; portanto, ao ler o depoimento abaixo, que meu camarada Edu Franco (a quem muito respeito e admiro), a título de desabafo, escreveu recentemente no facebook, senti-me obrigado a replicá-lo aqui, pois o assunto é dos mais pertinentes e não merece ser engolido no turbilhão de nulidades que o sucedem por ali. Minha intenção é, como sempre, gerar debate, fazer pensar. Sinto-me, em parte, incluído nas palavras que Edu escreveu e creio ter certa responsabilidade também na busca por uma solução.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Crônicas Desclassificadas: 126) O Brasil não é pra principiantes ou A anticartilha

Está na moda falar mal do Brasil. E mais: está TÃO na moda, que até os brasileiros andam descascando a batata no que se refere aos mais variados assuntos tupiniquins. Dá a impressão de que estamos no fundo do poço. Claro, temos nossos problemas, como os há em toda parte, mas não vejo nosso momento como algo tão horrível que mereça, digamos, intervenção militar. Pelo contrário, nunc... ia começar pela frase favorita de Lula, mas melhor reformulá-la. Acredito, ao contrário, que vivemos um bom momento. Tanto é verdade, que pessoas têm ido às ruas fazer manifestações exigindo isso ou aquilo justamente porque agora, que já têm o básico, querem mais, o que, diga-se, é justíssimo. Afinal, se alguém não comia e agora come, não lhe deve ser negado o direito a comer caviar.