Todo artista quer visibilidade. Quem disser o contrário ou está mentindo ou não é artista. E se apresentar pra um público expressivo é, sem dúvida nenhuma, fator de grande importância pra se conseguir a tal visibilidade. Como sabem, não canto, e raramente subo ao palco, quando o faço geralmente é pra ajudar Kana a dar alguma informação ou coisa do gênero. Assim, grande parte dessa expectativa de visibilidade deposito nela, em seu carisma e em sua capacidade de hipnotizar a plateia. E uma de minhas grandes frustrações como compositor ocorreu justamente na noite do show-festa comemorativo de aniversário do Caiubi que aconteceu em junho do ano passado, no Café Paõn, que contaria com casa cheia e público de várias partes do Brasil.
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domingo, 28 de abril de 2013
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Crônicas Desclassificadas: 85) Irônicos x cínicos
Amo e defendo a liberdade. Portanto, sou obrigado, por mim mesmo e por meu amor a ela, a suportar as diferenças, mesmo que em meu íntimo não aceite algumas. Por exemplo: de uns tempos pra cá peguei birra de pastores evangélicos. Quando vejo um na tevê, meu estômago se revira, como se eu tivesse comido algo estragado. Mas penso: fazer o quê? E mudo de canal. Da mesma forma, não suporto corintianos. Não os indivíduos, pois individualmente muitos deles são gente boa (alguns são, inclusive, amigos do peito). Refiro-me ao "corintianismo", aquele modo de ser do corintiano que põe todos os torcedores de todos os outros clubes contra eles em qualquer partida, independente do adversário. Daí que, quando soube (me recusei a assistir ao jogo) que o Corinthians era o novo campeão do mundo, meu estômago se revirou como se eu tivesse visto um pastor.
domingo, 21 de abril de 2013
Trinca de Copas: 17) Élio Camalle, Kléber Albuquerque e Marcio Policastro
1) CINCO GOTAS
Fazia tempo que eu vinha percebendo que minha querida amiga (e grande poeta) Lúcia Santos me olhava de um modo estranho. Opa! Calma lá! Deixem-me explicar: o que eu notava, melhor dizendo, era que seu olhar em relação a tudo e a todos era um tanto... cambaio? Eu poderia mesmo dizer que seus olhos estavam pro foco como as pernas de Garrincha estavam pra bola, esse modo meio dançante de ver o mundo, no caso de Lúcia, visto que no caso de Garrincha o mundo era a bola. Contudo, da mesma forma que as pernas deste confundiam o adversário, os olhos daquela confundiam o mundo, talvez por isso sua poesia seja tão especial e única, porque resultante de um olhar único que via o que ninguém via, meio que como uma Miguilim de saias (né não, Adolar?).
terça-feira, 16 de abril de 2013
Crônicas Desclassificadas: 84) Empregados x desempregados
Quem acompanha meus textos, mesmo que nunca tenha me visto pessoalmente, pode, com um pouquinho de sensibilidade, chegar a me conhecer bastante bem. Possuo o mau hábito de ser sincero e me revelar demasiado por meio da palavra escrita. Estou inteiro ali, com minhas convicções, contradições, teimosias, ignorâncias, e até com a humildade de reconhecer meus equívocos. E descobri que meu blogue, embora focado em assuntos que não interessam à maioria, tem alcançado um número bastante expressivo (pelo menos no que se refere a minhas expectativas) de leitores, inclusive fora do Brasil. Percebo, por meio das "estatísticas", que há, quase que diariamente, visualizações partidas dos EUA, da Alemanha, da Rússia e de outros países onde não tenho nenhum conhecido.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Crônicas Desclassificadas: 83) Os evangélicos estão chegando (estão chegando os evangélicos)
Não sei de quem é a frase "não tem virgem na zona", mas ela se aplica perfeitamente à política brasileira. Claro que um ou outro político se salvam, como é o caso de Eduardo Suplicy, de quem sou admirador há anos, mas mesmo um honesto em meio aos corruptos acaba parando no purgatório nem que seja por omissão. O próprio Suplicy votou em Renan Calheiros pra presidente do Senado, obedecendo ao PT. Vejo (e leio) discursos inflamados de gente que tem plenas convicções, que afirma categoricamente que o partido X é composto única e exclusivamente por corruptos e que no partido Y todos são éticos. Eu queria ter essas certezas, mas, por mais que me esforce, não consigo acreditar sem um pé atrás. Tais figuras me lembram aqueles torcedores de futebol que torcem por seu time mesmo quando ele está numa má fase.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Crônicas Desclassificadas: 82) Saudade das cartas
Sou do tempo das cartas. Quando penso nelas a primeira recordação que me
vem à mente é a de ver meus pais felizes por lhes ter o carteiro
trazido uma lá do Km 29, Senador Pompeu-CE. Parecia uma coisa quase
religiosa: o cuidado no abrir o envelope, pra não rasgar o conteúdo; a
leitura da carta, às vezes em voz alta, às vezes não; seu passar de mão
em mão e o respectivo apuro do olfato, como se estivéssemos sentindo o
cheiro do lugar de onde ela tinha vindo; o capricho da letra; o esmero
na resposta; a espera pela carta seguinte... Tudo o que girava ao redor
dessa correspondência era encarado com a maior seriedade, apesar da
alegria que era sua leitura. Às vezes havia lágrimas pela notícia da
morte de algum parente (na época não tínhamos telefone em casa), às
vezes um sorriso por saber do nascimento de outro...
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Joaquín Sabina en Portugués: 15) Adolar Marin e a versão de "Que se llama soledad"
As coincidências, quando boas, são deliciosas. Meu grande parceiro Adolar Marin está de CD novo na praça, o ousado Epílogo, que nasce com uma baita responsabilidade, visto que sucede o Atemporal, disco anterior de Adolar
e (de acordo com minha opinião, por supuesto) um dos melhores CDs dos
últimos anos, e olha que incluo nessa lista não apenas os CDs daqui do
baixo clero, mas também os dos buarques, caetanos, lenines... Mas Adolar
não é daqueles que ficam deitados em berço esplêndido, mesmo porque seu
berço não tem lá esse esplendor. Como diz o próprio numa canção, ele é o
primeiro de seu clã. Daí que, em vez de repetir a fórmula do Atemporal, resolveu voltar às origens roqueiras neste Epílogo.
Confesso que fiquei um tanto assustado com esse título. Estaria meu
mano tirando o time de campo? Perguntei-lho, ao que ele me respondeu
que, pra que uma nova história surja, a velha tem de acabar.
sexta-feira, 5 de abril de 2013
Crônicas Desclassificadas: 81) Empregadas domesticadas
O hábito de ler jornais é também o hábito de ler ideias. Eu queria ter o tempo e a disposição que tem, por exemplo, Caetano Veloso,
que já disse numa entrevista que lê vários jornais no café da manhã (e
depois volta a dormir). Minha realidade é distinta, quando muito leio
mal e porcamente a Folha de São Paulo velha de guerra, hábito
que, com um ou outro escorregão, tenho mantido há longos anos. Um amigo
certa vez me criticou, dizendo que a Folha é de direita e
blá-blá-blá. Procuro não entrar nessa paranoia, pois daí teria que
procurar um jornal "de esquerda", o que seria decisão igualmente
equivocada, visto que um bom jornal deveria ser neutro, pra que pudesse
dar as notícias sem parecer tendencioso.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Trinca de Copas: 16) Clarisse Grova, Gabriel de Almeida Prado e Vinicius Todeschini
1) BODAS DE FEL
"O que Deus
uniu, o homem não separe" (Mc 10,9) é uma célebre frase de Jesus que, a meu ver, é interpretada de forma equivocada pela Igreja. Se Deus é amor, podemos entendê-la como "O que o amor uniu, o homem não separe". A meu ver há um erro gravíssimo na obrigatoriedade de duas pessoas terem de
passar o resto de suas vidas juntas sem a existência do amor. Sim,
porque às vezes o amor acaba, como diz genial poema de Paulo Mendes Campos
(leia aqui). E há, pra piorar, muitas situações-limite, como nos casos
em que a esposa é vítima de violência, quando o marido se acostuma a
chegar bêbado em casa e descontar suas frustrações em cima da fragilidade
feminina. Obrigar uma mulher em tais condições a continuar com o marido
tem nome, e não é amor... Como disse a uma amiga, o amor é eterno,
os casamentos não necessariamente.
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