sexta-feira, 24 de abril de 2020

Esquerda, Volver: 27) O stalinismo do "Messias"

Uma das coisas mais perigosas do mundo é delegar poder a um medíocre. Mais até que a um imbecil. Sim, porque em geral os imbecis são inofensivos; quando, porventura, conseguem algum destaque, acabam caindo sozinhos, vítimas de sua própria imbecilidade. Já no caso dos medíocres a coisa muda de figura, pois entre eles há aqueles que podem vir a ser bastante nocivos. Um medíocre com poder começa a acreditar que é especial, e, quando tem um pouco de lábia ou carisma, o que gera relativo poder de convencimento, aí fodeu. O cara se torna um arrogante, inclusive esquece que todo poder é limitado — e temporário —, e passa a agir como se fosse — pasmem! — um monarca. E daqueles bem mimados.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Os Manos e as Minas: 35) Luiz Alberto Mendes, o homem que quebrava correntes

Crédito: Gabo Morales/Trëma/Trip Editora
Fico bastante irritado quando vejo alguns artistas — em sua maioria burgueses —, em atitude blasé, dissertarem sobre a inutilidade da arte. Entendo que deva ser alguma figura de linguagem, ou um jeito charmoso de dizerem que ganham seu pão se dedicando a algo que não é imprescindível na vida das pessoas; mas aí eu pergunto: não será mesmo? Pensem num mundo sem canções, sem livros, sem filmes, sem quadros e esculturas etc. etc. Pensaram? E sobretudo agora, quando estamos todos confinados, o que seria de nós se não fosse a arte? O tempo que gastamos em consumi-la ou ainda em fazê-la posso dizer que, ao contrário de ser tempo perdido, é um tempo que nos salva. Ou em que nos salvamos de fazer alguma bobagem.

domingo, 5 de abril de 2020

A Palavra É: 51) Abraço

Dedicado a Claudia Salto.

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Reza a lenda que, como o Japão no passado foi um país muito pobre e, por causa disso, propagador de doenças, seus filhos aprenderam (e se acostumaram) a evitar o toque, o contato, o aperto de mãos, o beijo etc. Ainda no Brasil, e mais de uma vez, ao cumprimentar alguma japonesa com os famosos beijinhos no rosto, notei que a desinfeliz beijava com a bochecha ou, pior, a orelha; ou seja, tinha medo, nojinho ou ao menos falta de experiência pra tascar um suculento e babento beijo no rosto de quem a cumprimentava. Em certa ocasião cheguei mesmo a dar umas aulas pra uma amiga japa, mas o tempo passou e percebi que ela não se graduara. E agora, em pleno século XXI, no auge da civilização e num momento em que as pessoas aprenderam a deixar os ódios de lado(?), eis que nos vemos obrigados, nosotros, los que no somos japoneses, a imitá-los nessa feia e fria forma de cumprimento.