quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Os Manos e as Minas: 24) Vander Lee – escrito no infinito

Quando morre uma pessoa legal, ainda que eu não a conheça fico bastante mal, tanto quanto triste. Me lateja a cabeça e a brotoeja de uma vergonha medonha persiste, como se o fato de eu continuar por aqui vendo o outro partir demonstrasse minha falta de classe, ou de passe, fosse eu um mentecapto que não estivesse apto a penetrar nos salões celestiais do lado de lá. Ou mais. Ao mesmo tempo, me ataca um sentimento mesquinho – visto que a carne é fraca –, e me regozijo por não estar sozinho; vem aquele alívio por estar eu ainda em vosso convívio, e sem querer me ouço dizer "Ufa! Ainda bem que não foi comigo!". Só por essa eu já mereceria castigo, mas imagino que não esteja só nesse quesito. Atire a primeira pedra fatal o infeliz sem eira nem beira que nunca quis adiar a viagem final pro infinito!

terça-feira, 23 de agosto de 2016

A Palavra É: 19) Gol

Parecia que seriam favas contadas. Começo do primeiro tempo, gol de falta (e de placa!) de Neymar, o time jogando bem, confiante, por um momento deu até a impressão de que o placar podia ser elástico. Não um 7 a 1, obviamente, mas um 3 a 0 não era de todo impossível naquele momento. Sonhar é permitido (pelo menos até agora, enquanto não privatizam). Corta! Começo do segundo tempo, gol da Alemanha – putz!!! Tensão, autoestima descendo dentro de um elevador desgovernado ao mesmo tempo que esquecidos traumas vinham à tona: complexo de vira-lata, crise, golpe, desemprego, falta de expectativa, nervos à flor murcha da epiderme, nós baratas tontas embaixo da pata de um paquiderme...

domingo, 14 de agosto de 2016

Crônicas Desclassificadas: 177) O traje do defunto

Foi apenas de relance. Mais um pouco e lhe teria passado despercebido. Contudo, a imagem ficou fixada em sua mente e passou a visitá-la com frequência, como um fantasma inofensivo, mas inconveniente. Chegou mesmo a sonhar com ela, que, mais que uma imagem, já era meio que uma visão do além, o que lhe gerava inúmeras indagações. Como o traje do defunto marido tinha ido parar no corpo esquálido daquele mendigo? E logo depois do sacrifício que tinha sido se desfazer de tudo o que pertencera ao esposo pra finalmente tentar viver sua vida em paz, sem tralhas do passado que levar a tiracolo na alma. Sim, amara-o com todas as suas forças e até com a justa abnegação de uma esposa de respeito, mas abrira mão de muitos sonhos, muitos projetos, e ainda era razoavelmente jovem pra ir atrás deles agora.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Entrevistando: 11) Max Gonzaga (por Adolar Marin)

É com um baita orgulho que mais uma vez abro as portas desta minha humilde casa pra meu mano Adolar Marin e sua, digamos, casa irmã: seu programa Na Minha Casa. Aliás, pode-se dizer que esta coluna Entrevistando já virou a casa dele, tão recorrentes são suas aparições por aqui, sempre trazendo gente que tem (e dá) o que falar. Sem falar que o autoencargo de anfitrião caiu bem em Adolar, que tem se mostrado a cada novo programa cada vez mais à vontade como tal. E tanto é verdade, que trouxe como exemplo o mais novo programa da temporada 2016, que, em minha modesta opinião, resultou numa das melhores entrevistas até agora do Na Minha Casa, o que gera muita expectativa quanto aos programas futuros, visto que vem seguindo numa escala ascendente.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Palavra É: 18) Brisa

De Vladimir Kush
Assisti com prazer a Observar e Absorver, documentário tão necessário de Júnior SQL que me arrepiou a pele e me impeliu a jogar palavras mil na parede imaginária da rede. Mas, pra ser sincero, o que deu ímpeto ao lero foi um detalhe quase besta que me garantiu o talhe pra esculpir esta. Mas, antes, preciso não ser conciso pra explicar a grama em que piso, aliás, pisei, pra chegar aonde ainda não cheguei. Epa rei! E é até engraçado que o entrevistado desse documentário, um sujeito que de otário não tem nada e que se enquadra feito círculo num quadrado, tenha sido batizado com o nome de Eduardo, sobrenome Marinho, o mesmo dos donos daquela organização que tem a satisfação de rimar globo com fazer o polvo de lobo.