É com um baita orgulho que mais uma vez abro as portas desta minha humilde casa pra meu mano Adolar Marin e sua, digamos, casa irmã: seu programa Na Minha Casa. Aliás, pode-se dizer que esta coluna Entrevistando já virou a casa dele, tão recorrentes são suas aparições por aqui, sempre trazendo gente que tem (e dá) o que falar. Sem falar que o autoencargo de anfitrião caiu bem em Adolar, que tem se mostrado a cada novo programa cada vez mais à vontade como tal. E tanto é verdade, que trouxe como exemplo o mais novo programa da temporada 2016, que, em minha modesta opinião, resultou numa das melhores entrevistas até agora do Na Minha Casa, o que gera muita expectativa quanto aos programas futuros, visto que vem seguindo numa escala ascendente.
Além disso, as escolhas acertadas têm contribuído pra isso, como é o caso do novo convidado, Max Gonzaga, figuraça bom de papo e som (não só) dentro da noite. E preciso dizer que sou admirador de Max desde que o conheci, lá nos primórdios das noites autorais caiubistas. E a obra do moço se reveste de importância ainda maior porque sempre foi verbo aberto, escancarado, que conjugou com toda liberdade o que ele sempre quis dizer e continua dizendo ainda num momento tão propício a silêncios como este em que estamos vivendo. A música de Max, sem sombra de dúvida, é das mais politizadas que conheço na atualidade, mas, enfatizo, sem ser panfletária, sem ser partidária. E é ainda mais robusta porque, além de ser crítica, é autocrítica.
Afinal, política e música devem ou não se misturar? O tom da pergunta permaneceria o mesmo se eu trocasse música por arte em geral, optei por aquela simplesmente porque estamos aqui falando do assunto. E eu respondo que sim, embora acrescente que há que se ter tato em sua criação pra que o resultado final não se torne simples lamúria, reclamação sem conteúdo poético, equívoco no qual não poucos compositores resvalam. A música, que está inserida na arte, tem várias responsabilidades antes da política: a estética, a harmônica, a lírica, entre outras. Assim, o discurso passa a ser apenas mais um elemento dentro do todo. Se esse último é elevado à condição de agente principal, os outros elementos se diluem e a canção passa a ser apenas uma propaganda que visa a atingir determinado – e efêmero – fim.
Não é o caso da música de Max, que equilibra magistralmente todos esses elementos, com os deliciosos bônus que são sua voz peculiar e sua carismática interpretação, que flerta com o amor e o humor, ou a ironia, na mesma proporção – e em doses generosas. Além do mais, Max não foge da raia, posiciona-se com uma coragem até temerária (desculpem o trocadilho não de todo involuntário), tanto que se declara abertamente contra o golpe. E tal atitude ganha maior importância num momento em que a própria Dilma e seu partido meio que já jogaram a toalha. Mas Max, mad Max, great Max, como os grandes compositores, não esmorece, pois sabe que seu grito não é por Dilma, muito menos pelo PT, que estão colhendo hoje o que vêm plantando há anos. O grito de Max é pela democracia!
Não à toa, ele é, assim como eu, um dos membros da MPB Universitária (que já virou MPBU pros mais chegados), grupo que nasceu às vésperas da votação da abertura do impeachment na Câmara e tem ganho palcos São Paulo afora apresentando um som de responsa que não opta por ficar em cima do muro, pois seus compositores sabemos que, se não defendemos nosso voto hoje, podemos amargar coisas piores amanhã, como o pouco tempo de atuação do governo golpista já tem nos mostrado com o despudor dos que se julgam acima da lei. Mas deixemos pra aprofundar essa prosa num futuro próximo, por ora fiquemos com esta agradabilíssima entrevista e com o som de primeira de Max, que esteve tão à vontade quanto se estivesse em sua própria casa. Ah, ele só se esqueceu de terminar com o já tradicional "Fora, Temer!".
Além disso, as escolhas acertadas têm contribuído pra isso, como é o caso do novo convidado, Max Gonzaga, figuraça bom de papo e som (não só) dentro da noite. E preciso dizer que sou admirador de Max desde que o conheci, lá nos primórdios das noites autorais caiubistas. E a obra do moço se reveste de importância ainda maior porque sempre foi verbo aberto, escancarado, que conjugou com toda liberdade o que ele sempre quis dizer e continua dizendo ainda num momento tão propício a silêncios como este em que estamos vivendo. A música de Max, sem sombra de dúvida, é das mais politizadas que conheço na atualidade, mas, enfatizo, sem ser panfletária, sem ser partidária. E é ainda mais robusta porque, além de ser crítica, é autocrítica.
Afinal, política e música devem ou não se misturar? O tom da pergunta permaneceria o mesmo se eu trocasse música por arte em geral, optei por aquela simplesmente porque estamos aqui falando do assunto. E eu respondo que sim, embora acrescente que há que se ter tato em sua criação pra que o resultado final não se torne simples lamúria, reclamação sem conteúdo poético, equívoco no qual não poucos compositores resvalam. A música, que está inserida na arte, tem várias responsabilidades antes da política: a estética, a harmônica, a lírica, entre outras. Assim, o discurso passa a ser apenas mais um elemento dentro do todo. Se esse último é elevado à condição de agente principal, os outros elementos se diluem e a canção passa a ser apenas uma propaganda que visa a atingir determinado – e efêmero – fim.
Não é o caso da música de Max, que equilibra magistralmente todos esses elementos, com os deliciosos bônus que são sua voz peculiar e sua carismática interpretação, que flerta com o amor e o humor, ou a ironia, na mesma proporção – e em doses generosas. Além do mais, Max não foge da raia, posiciona-se com uma coragem até temerária (desculpem o trocadilho não de todo involuntário), tanto que se declara abertamente contra o golpe. E tal atitude ganha maior importância num momento em que a própria Dilma e seu partido meio que já jogaram a toalha. Mas Max, mad Max, great Max, como os grandes compositores, não esmorece, pois sabe que seu grito não é por Dilma, muito menos pelo PT, que estão colhendo hoje o que vêm plantando há anos. O grito de Max é pela democracia!
Não à toa, ele é, assim como eu, um dos membros da MPB Universitária (que já virou MPBU pros mais chegados), grupo que nasceu às vésperas da votação da abertura do impeachment na Câmara e tem ganho palcos São Paulo afora apresentando um som de responsa que não opta por ficar em cima do muro, pois seus compositores sabemos que, se não defendemos nosso voto hoje, podemos amargar coisas piores amanhã, como o pouco tempo de atuação do governo golpista já tem nos mostrado com o despudor dos que se julgam acima da lei. Mas deixemos pra aprofundar essa prosa num futuro próximo, por ora fiquemos com esta agradabilíssima entrevista e com o som de primeira de Max, que esteve tão à vontade quanto se estivesse em sua própria casa. Ah, ele só se esqueceu de terminar com o já tradicional "Fora, Temer!".
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PS1: Curta as páginas dos artistas no facebook e fique por dentro das novidades:
Adolar Marin (aqui)
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Na Minha Casa (aqui)
E, pra assistir aos demais programas, visite a página do youtube do Na Minha Casa (aqui).
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PS2: Este meu texto, assim como a supracitada entrevista, poderia tranquilamente ter sido publicado na coluna Esquerda, Volver, pela tabelinha certeira entre música e política. Portanto, como "faixa bônus", aproveito pra trazer pra cá também a atuação do advogado de defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo, ontem no Senado, talvez o depoimento mais lúcido (e incontestável) sobre o kafkiano momento pelo qual passa nossa nação. O vídeo a seguir tem quase 30 minutos, mas traz farto material de esclarecimento sobre o golpe. Pra você, meu amigo leitor que ainda tem dúvidas a respeito da ilegitimidade do fato, é programa obrigatório. A ele, pois:
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Muito bom!
ResponderExcluirO texto tá ótimo
O programa com o Max ficou muito legal
E obrigada pelo bônus, com o vídeo de Jose Eduardo Cardozo.
Valeu, Curcinha!
ExcluirBeijão,
Léo.