segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Crônicas Classificadas: 26) Gritaria

No primeiro dia ela chegou assustada, assim como um bicho acuado que entra pela primeira vez numa jaula do zoológico, os olhos procurando pr'onde olhar (ou onde se esconder). Possuía uma qualidade rara de timidez, dessas de quem já tomou porrada da vida, mas não perdeu a pureza, pelo menos foi isso o que imaginei ver em seus olhos (e eu confio muito mais no que dizem olhos que bocas). Parecia tudo menos revisora minha nova colega de trabalho.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Crônicas Desclassificadas: 52) Às palavras, com amor


Às vezes acho que não existo, sou apenas palavras. Eu escapo pelas palavras, escoo pelas palavras (ecoo palavras). Vivo impregnado de palavras. Acho que sou mesmo é um poço de palavras ("aquele poço não tem fundo..."). Palavras vãs, palavras vivas, lavras de palavras, lavas de palavras. Palavrões, palavrinhas, enfim, palavras. Limpas ou sujas, puras ou putas, blasfemas ou bentas, sedentas. Palavras que explicam meus pensamentos, meus questionamentos, fixadas em meu cérebro como cimento, palavras que, por me caírem bem, têm o maior cabimento!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Crônicas Desclassificadas: 51) Neologismos, blogues e outras blogagens

Divulgando o texto sobre Ayrton Mugnaini Jr., grafei a palavra blogue, assim, aportuguesada, como tenho o hábito de fazer já há algum tempo. Meu camarada Carlos Lindberg, abismado com tal impropério, escreveu-me um espirituoso e-mail de resposta, no qual grafava shopingue, marquetingue, rot-dogue, entre outros neomonstrengos, pra me fazer ver meu disparate. Pois bem, achei que era chegada a hora de filosofar um pouco sobre essa deliciosa questão. Como a maioria sabe, trabalho como compositor, mas, como o salário dos direitos autorais não basta pra pagar meus excessos, tenho como hobby (passatempo, lembram?) ser revisor ortográfico nas horas livres. Assim, é do alto de minha "patente" que redigo, digo, redijo as desalinhadas linhas abaixo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Os Manos e as Minas: 9) Mario Benedetti, ¡gracias por el fuego!

Tenho pena dos pobres mortais que passam a vida sem descobrir o prazer da leitura. Eu, apesar de também mortal, e mais ainda pobre, alcanço um êxtase praticamente sexual que me faz beirar a imortalidade (e a riqueza) com determinados livros. E ainda mais com determinados autores.

Quem já provou dessa droga barata (caríssima) que é a leitura sabe do que estou falando. E, da mesma forma que as drogas em geral, a leitura, de tempos em tempos, instiga-nos a explorar novos sabores. E foi assim que, todo un explorador, deparei-me com Mario Benedetti.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Crônicas Classificadas: 25) Um (longo) desabafo

Recebi via Caiubi o texto abaixo e tenho que admitir que gostei do que li e me enxerguei em várias coisas nele. Principalmente no que se refere a uma palavrinha que muda tudo: parâmetro! Quanto mais conhecimento temos, mais nosso leque se abre e mais temos elementos pra explicar até algo que dizem ser inexplicável, o gosto.

domingo, 9 de setembro de 2012

Crônicas Desclassificadas: 50) De Serras, Russos, Rossis & cia. ltda.

Reparem nos olhares
de mãe e filho ao fundo...
No conturbado momento em que vivemos, a política anda bastante desacreditada (diria mesmo desclassificada). Nesse carnaval de bizarrices, o mensalão é o carro alegórico que vai na frente, tendo como puxador do enredo o deputado  João Paulo (Cunha), cantando (silenciosos) versos bem distintos dos de outros carnavais. E o PT, que em carnav... digo, em eleições anteriores era o próprio estandarte da ética, vai ridiculamente percebendo que, sim, o poder corrompe. Mesmo que seja em nome do famoso jargão "os fins justificam os meios". Mas, ah, como é doce o poder!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Joaquín Sabina en Portugués: 13) Tato Fischer e a versão de "Cristales de Bohemia"


Ofereço este texto (e sua respectiva canção) a todos aqueles que tiveram a coragem de, pra esquecer um amor, fugir ao lugar mais distante possível (mesmo que esse lugar fosse o boteco da esquina; afinal, depois de duas doses, até o boteco da esquina pode se tornar o lugar mais distante do mundo!). ¡Ay, Praga!

Fazia muuuito tempo que eu não vinha por estas plagas tratar de Joaquín SabinaSabina, que, aliás, anda feliz da vida, em turnê internacional com o grande Joan Manuel Serrat. Desta feita com repertório novinho em folha, todo composto a quatro mãos pelos dois muchachos, repertório esse que resultou num belíssimo CD (que, obviamente, não chegou - e, infelizmente, nem chegará - por aqui), o La Orquesta del Titanic.

domingo, 2 de setembro de 2012

Ninguém me Conhece: 68) Ayrton Mugnaini Jr., o homem da vida... dele!

Numa época em que eu era mais mané que hoje, conheci Ayrton, primeiro virtualmente, na RSMB (leiam mais no texto sobre Adolar), rede criada pelo compositor Madan. Finalmente a RSMB passou a promover eventos esporádicos, e Ayrton cantou num deles. E acho que foi numa dessas noites que o conheci pessoalmente. Figuraça! Magérrimo, não exatamente um galã de TV, ostentando um penteado feito no mesmo cabeleireiro do Visconde de Sabugosa, era mesmo um tanto tímido. Mas, quando subiu no palco, a mágica se deu. Era impossível não rir de seu autodeboche. Puxando pela memória, acho que cantou O Homem da Minha Vida (tenho quase certeza de que acompanhado por Wilson De Repente, que de repente passou a se chamar Wilson Rocha - ou terá sido o contrário?), que contava da infelicidade de se sentir atraído pela esposa de um amigo, e arrematava: "A paixão e o desejo me consomem/ Você também se sente consumida/ Mulher de amigo meu pra mim é homem/ Por isso você é o homem da minha vida".