segunda-feira, 30 de março de 2015

Eu Não Vi, Mas Me Contaram...: 5) Os galhos imaginários de dona Serafina

... Pois é, meu, a mulher num se enxerga! Olha bem pra mim e me diz se eu tenho cara de quem fica de pegação com coroa! Tenho? Claro que não, né? Mano, o velho tem o cabelo todo branco! TO-DO! Tipo assim, ele tem cara de quem já foi gato, mas isso uns, sei lá, 15, 20 anos atrás. Agora, pra ela tava de bom tamanho, mas pra mim? Tô fora. E, ó, quer saber? Quarentão eu tô dispensando, imagina um... sei lá se ele tem 50 ou 60, o que eu sei é que passa longe de ser o peixe que vai cair na minha rede, tá ligado? E digo mais: de pretendente eu tô por aqui, tô dispensando MESMO, na boa. Quer dizer, tipo, se eu tô na balada e pinta um gato dando entrada, eu num sou besta de deixar passar batido, né? Mas aí, nesse caso, é só pra dar uns beijo', tá ligado? Só pra ficar, que esse papo de namoro e casamento é só pra depois que eu tiver me formado, viajado o mundo e tal.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Ninguém me Conhece: 80) Despindo a máscara de Augusto Teixeira

Começo este novo NMC colando o que escrevi em outro texto (aqui): "andei indo pouco ao Caiubi nos últimos anos, daí que ali foi chegando uma nova leva de caiubistas que me era desconhecida. Assim, numa segunda-feira dessas, animei-me e lá fui matar as saudades. Havia pouca gente, mas o ambiente, como de costume, estava dos melhores. Em determinado momento, subiu ao palco um moço que me chamou a atenção. Cantou duas belas canções, uma delas em parceria com o mano Álvaro Cueva, que não perdeu tempo em fisgar o rapaz. Ah, seu nome: Augusto Teixeira. Sugestivo, não? No final da noite, troquei algumas palavras com o moço, e ele ficou de me mandar uma melodia. Mandou-ma. Ouvindo-a, seu 'iaraiá' me sugeriu falar de Iara. Mas, como todo mundo já falou dela, resolvi inverter os papéis e fazer a nova versão da famosa sereia provar do próprio veneno."

sexta-feira, 20 de março de 2015

Crônicas Desclassificadas: 159) A eletrizante história de Lúcio, o eletrófilo


Era uma vez um casal, cujos nomes não vem ao caso revelar, até pra mantermos seu direito à privacidade. O que importa nesta história é que há muito tempo, numa noite em que o céu parecia estar cheio de eletricidade, despachando fortes relâmpagos, raios, trovões e outros aparentados, nossos pombinhos se encontravam num motel chamado Alta Voltagem, onde liberavam seus fluidos, davam vazão à química que rolava entre eles, aquela atração que faz dois corpos ocuparem o mesmo lugar num mesmo instante. Claro, este é um modo poético de dizer, afinal o local não era sempre o mesmo, dado o ato sexual ser algo que costuma ocorrer em movimento. Pra resumir, foi nessa noite que conceberam um menino que nove meses depois rebentaria e seria chamado de Lúcio.

terça-feira, 17 de março de 2015

Crônicas Desclassificadas: 158) Resumo da ópera-bufa

Tenho amigos que foram pras ruas na sexta, outros que foram no domingo, um chegou a ir em ambas ocasiões; eu, particularmente, preferi acompanhar tudo de longe (nem tão de longe assim, visto que moro e trabalho perto da Paulista), até porque nem quero o impeachment de Dilma nem quero passar a mão em sua cabeça. Ouvi dizer que muita gente recebeu pra ir pras ruas na manifestação de sexta; em compensação, na de domingo, como eu previra, lá estavam os bolsonaros, os gentilis, os lobões, as viúvas da ditadura, a elite branca e um ou outro desinformado se fazendo de senzala pra casa-grande vigente. Ah, havia também muita gente que simplesmente estava cansada de tanta corrupção. Também eu estou, mas, dada a predominância das más companhias, preferi o conforto do lar. Afinal, "dize-me com quem andas"...

quinta-feira, 12 de março de 2015

Crônicas Desclassificadas: 157) O grande "esquenta" pré-impeachment

Então, chegou o grande momento da preparação pra marcha pró-impeachment da "presidenta" Dilma. Todos têm que estar preparados, afinal, torcedor do E.C. Petralha na arquibancada reservada ao do Coxinha F.C. tá pedindo pra apanhar, né? Façamos, pois uma autoanálise desses últimos anos: o que mudou? Pobre se meteu a besta e enfiou na cachola que tinha que comprar carro zero... Moral da história? O trânsito está intransitável! Lugar de pobre sempre foi em trem lotado, pendurado em busão, se espremendo pra entrar num vagão da santa Sé... E tem mais: pobre sempre viajou pra Paraíba de busão (ou pro Ceará, pra Pernambuco et coetera) e vice-versa... Agora é um tal de pobre pegar avião, que... ninguém merece!

domingo, 8 de março de 2015

Filho da preta! – na boca dos leitores (2) – por Helena Tassara

Meu FDP! anda recebendo vários comentários positivos, não só de pessoas que admiro e que são de minhas relações, como também de desconhecidos, o que tem me deixado muito feliz. Assim, independente de atingir ou não o coração da imprensa "oficial", continuarei dando voz a esses leitores em meu espacinho. Nesta segunda edição, contudo, me vi obrigado a escolher apenas um deles, por motivos que vocês entenderão. É que recebi na verdade uma baita crítica da querida Helena Tassara, que já esteve por estas bandas quando escreveu texto sobre Belchior pra coluna Grafite na Agulha (leia aqui).

quinta-feira, 5 de março de 2015

Trinca de Ouro: 8) Gabriel de Almeida Prado, Kana (+ Vasco Debritto) e Nelson Machado

O genial Kleber Albuquerque (por quem nutro uma admiração ímpar e cuja amizade aprendi a regar qual fosse a mais rara flor – e é), após safenar seu coração (que, de tão grande, mal sabia caber dentro da caixa do peito), retorna aos palcos de coração recauchutado nesta quinta-feira, também conhecida como 5 de março de 2015 (antevéspera de seu aniversário), pra show único no Espaço Parlapatões, que dorme e acorda na charmosa (e também recauchutada) Praça Franklin Roosevelt, 158, no coração (sic) de Sampa. O evento está marcado pra começar às 21h, e é bom chegar cedo, pois a casa não comporta tantos amigos quanto cabem em seu coração. O nome do show não poderia ser mais acertado, Psicoaudiocardiograma (maiores informações aqui). E a quem vem tudo isso? Resolvi, como forma de divulgação/homenagem ao albuquerqueano mano  – e motivo pra tirar da manga canções que fiz, digamos, de coração –, publicar aqui três delas que foram gravadas e tratam, direta ou indiretamente, desse vital órgão. Às ditas cujas, pois:

domingo, 1 de março de 2015

Os Manos e as Minas: 18) Che – mais que uma estampa numa camiseta

selfie
Ernesto Guevara de la Serna, argentino de Rosario, mais conhecido como "Che" Guevara, médico, escritor, guerrilheiro, político, jornalista (não exatamente nessa ordem), entre otras cositas, é pra mim uma espécie de Jesus Cristo às avessas. Ou um Jesus que, em determinado momento de sua trajetória, tivesse optado pelas armas. Jesus não queria poder, dizia que seu reino não era deste mundo. Assim, sentia-se mais como ferramenta de uma “revolução” divina do que propriamente como um general em busca de vitórias e glórias terrenas. Assim também, de certa forma, era Che. Se ele era ambicioso? Podemos dizer que sim, só que sua ambição não era pessoal, mas coletiva. E talvez tenha sido esta a característica que mais me fez admirá-lo.