sábado, 25 de março de 2017

Os Manos e as Minas: 27) I love Rita

O facebook é, em sua quase totalidade, uma droga que nos vicia e nos transforma em seres meio tontos, pentelhos e verborrágicos; seu uso em excesso nos deixa como que perdidos no deserto que não sabem pra onde querem ir. Entretanto, quando bem usado – e dosado – tem lá seu grau de relevância e de informação. Como procuro ser aquele tipo de usuário que dá um tapa vez em quando, mas não se deixa engolir pela substância, tenho certo olho clínico pra pescar pérolas, sejam as que uso pra compor, sejam as que absorvo pra meu conhecimento. Foi assim que cheguei a Rita Lee: uma autobiografia. Confesso que sua leitura não fazia parte de minhas prioridades, ainda mais porque não faz muito li uma biografia sua meio romanceada que, apesar de interessante, não era lá esse balaio todo. Contudo, via fb entraram em cena dois sujeitos cuja opinião prezo.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Esquerda, Volver: 15) O caso Karnal sob outro prisma

Assisti há alguns anos à reprise de um programa muito popular na década de 1970 chamado Quem Tem Medo da Verdade?. Tratava-se de uma espécie de encenação de julgamentos de personalidades públicas, que iam ao programa se defender de acusações que lhes eram imputadas. Na ocasião, o “julgado” foi ninguém menos que Roberto Carlos. Não vou me estender muito, mas, resumindo, os entrevistadores/promotores públicos o acusavam de ser mau exemplo pros jovens por causa de roupa, cabelo e atitude, entre outras coisas. E coube ao apresentador Silvio Santos defendê-lo. E o fez muito bem, diga-se de passagem. Disse Silvio que Roberto não passava de um tímido rapaz interiorano que nunca havia pensado em ser líder de ninguém e que estava preocupado apenas com sua carreira artística. E tanto era (e ainda é) verdade, que até hoje o Rei raramente se pronuncia acerca de assuntos polêmicos.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Esquerda, Volver: 14) Por que dizemos "não" à reforma previdenciária

Sim, eu sei, sou um utopista; não o fosse, não me dedicaria a versejar melodias mundo afora. Portanto, sonho ainda em ver chegar o dia em que, por exemplo, torcedores de Palmeiras e Corinthians, Flamengo e Fluminense, Atlético e Cruzeiro, Grêmio e Internacional etc. sentem-se um ao lado do outro na arquibancada sem que seja necessário separá-los como separamos suínos de bovinos. Quer dizer, em raras exceções isso já acontece, mas apenas em jogos da Seleção Brasileira. E por quê? Porque nesse caso há um interesse comum. Por essas e outras, estranhei a ausência dos coxinhas na manifestação contra a reforma da Previdência que houve no dia 15 último. Sim, petralhas e coxinhas não se sentam lado a lado na arquibancada quando a disputa é entre Esquerda e Direita, mas o caso era outro, tratava-se então de um "jogo da Seleção".

quarta-feira, 1 de março de 2017

Crônicas Desclassificadas: 184) A Maria que ninguém vê

Lá foi mais uma vez Maria pregar com suas duas companheiras como fazia em todas as manhãs de sábado já nem lembrava mais havia quanto tempo. Chovesse ou fizesse sol, lá estavam elas indo de casa em casa, batendo de porta em porta, versículos na ponta da língua afiada, embaixo do braço a velha Bíblia desbotada e já encardida de tantos sol e manuseio, distribuindo folhetos que continham a Palavra de Deus. Era, na maioria das vezes, um trabalho infrutífero, pois poucas pessoas abriam as portas – e os ouvidos – pra suas pregações. O mais comum era que cansassem as mãos de tanto bater palmas inutilmente, mas nem por isso iriam parar. Se o fizessem, o diabo teria levado sobre elas a melhor. Conseguindo salvar uma alma, já se davam por satisfeitas. No mais, o sacrifício da caminhada, cansando-lhes o corpo, fazia, em troca, bem ao espírito.