sábado, 30 de março de 2013

Crônicas Desclassificadas: 80) Inclusão social

Pois bem, depois de tanto tempo expondo os podres da esquerda, resolvi variar um pouco. Antes preciso dizer que não vejo outra saída pro Brasil que não seja via esquerda. Contudo, carecemos de ética, educação, inteligência, gentileza, elegância... ah, e descer uns dois ou três degrauzinhos na escadaria da arrogância. É pedir muito? Talvez, mas são coisas necessárias pra aplacar o ódio burguês que tem se disseminado Brasil afora. Nosso país, chega a ser até irônico, mas, ao passo que a cada dia aparece um novo partido político, tem, surpreendentemente, se tornado um país que está perdendo a pluralidade de ideias. Hoje o Brasil se divide entre os radicais de esquerda e os radicais de direita, ambos escancarando seus preconceitos e suas mazelas (e não se arruma a própria casa apontando a bagunça da do vizinho). Como a direita agoniza, traveste-se de centro-direita, mas continua direita, ou seja, errada. Já a esquerda, como o comunismo capotou, aprendeu a usar as armas do adversário à frente do discurso e pende ao centro, mas continua esquerda, e continuará enquanto houver dois ou três homens de colhões com coragem pra limpar a própria casa.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Notícias de Sampa: 7) Kana, do Mundo para o Ceará

O novo Notícias de Sampa vem diretamente do Ceará! Já estava em vias de escrever um texto pra divulgar o show de lançamento do novo CD de Kana, quando recebi por e-mail deliciosa matéria sobre ela escrita pelo cearense José Ribeiro. Os leitores do blogue que me acompanham desde os primórdios certamente se lembrarão dessa figuraça que cometeu o despautério de dedicar umas (longas) linhas a minha pessoa (aqui), alegria que devo a meu camarada Sérgio-Veleiro. Pois bem, como sei que em São Paulo é tão difícil conseguir ser alvo de alguma matéria de jornal, enviei a José Ribeiro (que tem coluna semanal no jornal O Senador) o novo CD da Kana e um release, sem muitas expectativas, claro. E não é que o "cabra" se animou? Meu caro José Ribeiro, somos-lhe muitíssimo agradecidos. Infelizmente a produção não tem grana suficiente pra trazê-lo ao show, mas espero vê-lo em breve em Fortaleza!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Crônicas Classificadas: 28) El periodismo en peligro

Recebo diariamente por e-mail o jornal uruguaio El País em sua versão digital. Dia desses li um editorial que me chamou a atenção (negativamente) a respeito do cerceamento da liberdade de imprensa no mundo e sobretudo na América Latina. Recentemente ousei escrever minhas impressões a respeito dos fatos que envolveram a vinda de Yoani Sánchez (a blogueira cubana) ao Brasil (leia aqui) e amigos, muitos deles bastante esclarecidos, caíram de pau em cima de mim pelo simples fato de que eu, que sempre me manifestei politicamente à esquerda, vinha a público defender o direito a que a moça tivesse a liberdade de manifestar suas ideias. Pois bem, em vez de revirar novamente esse caldo, que já entornou faz tempo, preferi traduzir o editorial e publicá-lo aqui. Esquerdistas, direitistas, centristas e outros istas tirem suas próprias conclusões.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Crônicas Classificadas: 79) As pessoas que falam gritando

Por volta dos 12 anos, eu tinha um amigo negro que, apesar de ser um dos maiores da classe, possuía uma voz fininha, mas teimava em falar bem alto. Como morávamos perto, voltávamos da escola no mesmo ônibus. Ocorreu que, em certa ocasião, conversávamos animadamente dentro do coletivo, quando fomos interrompidos por outro homem negro, que pousou um olhar penetrante em meu amigo e sentenciou: "Ó o barulho, rapá! Negão tem que falar baixo!". Sua voz era grave e forte, pois, apesar de ele falar quase num sussurro, podíamos ouvi-lo perfeitamente. Meu amigo esboçou uma reação, mas puxei-o de lado e fomos pro fundão do veículo, onde tentamos continuar o papo, sem muito sucesso. Senti que o impacto nele fora grande, e jamais esqueci essa lição, que, embora tenha mirado um alvo, acabou acertando outro.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Ninguém me Conhece: 73) Elisa Lucinda é gente que gera

Jorge Ben (antes de agregar o Jor) costumava cantar sobre as maravilhas de nosso "país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza". Só que nosso país também é o país dos  estereótipos, do jeitinho brasileiro, que exalta o Carnaval pra inglês ver (leia-se por inglês os turistas endinheirados em geral), trocando a liberdade dos belos sambas-enredo de antigamente pelos cafonas sambas-jingles da atualidade, e que tem como um dos produtos-exportação a bunda (orgulho nacional, com carimbo de qualidade e tudo). Os mais novos não farão a menor ideia da figura em questão, mas há alguns anos Luciano Huck (cadê meu rolex?) lançou em seu programa a mulher-fetiche Tiazinha, hoje quase jurássica perto das tantas mulheres-frutas, comestíveis bundas sem rosto.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Os Manos e as Minas: 12) Sugiyama, o homem por trás do violão

Atualmente a marca Sugiyama é conhecida internacionalmente como sinônimo de qualidade em se tratando de fabricação de violões. Trata-se de um violão genuinamente brasileiro, pensado e criado a partir da sonoridade da música brasileira. Não são poucos os violonistas conceituados que têm em suas casas um violão Sugiyama (alguns deles mais de um). Ironicamente, como o próprio nome revela, Sugiyama é japonês. Mas um japonês, sem dúvida nenhuma, de alma brasileira. E sua história é das mais interessantes. Recentemente estive novamente em sua casa, acompanhando Kana, que, após anos de economias, acaba de entrar pro seleto rol de clientes do luthier Shigemitsu Sugiyama san.

terça-feira, 12 de março de 2013

Crônicas Desclassificadas: 78) Os novos meninos do Brasil

Moacyr Scliar (1937-2011) costumava escrever às segundas, no caderno Cotidiano, da Folha, crônicas baseadas em notícias ali publicadas no decorrer da semana anterior. Ultimamente, quase sem querer, percebi que tenho sido tocado também por algumas dessas notícias a ponto de querer me manifestar por crônicas ou contos. A mais recente delas que me chamou a atenção foi a do ciclista atropelado que perdeu um braço. Cheguei à conclusão, pois, de que nossa sociedade tem formado jovens um tanto bárbaros (psicopatas?), que,  a despeito da pretensa boa educação que recebem, perderam o senso do respeito pela vida alheia. Então, acabei escrevendo um conto que é mais ou menos uma compilação de casos recentes ou nem tanto, mas que refletem um mal que pode estar se alastrando sem ganhar a devida preocupação da sociedade. No entanto, antecipo: apesar de tomar como base alguns fatos reais, trata-se de uma obra de ficção.

domingo, 10 de março de 2013

Crônicas Desclassificadas: 77) Viva o metrô paulistano!

Vou confessar: sou usuário. Do metrô paulistano, claro. E, como é de confissões o momento, confesso também que ando muito irritado com ele. Porém, como não posso, diretamente, fazer nada a respeito (talvez até possa, mas só de pensar na desproporcionalidade entre o ato e o resultado, já sou tomado pela preguiça), resolvi "homenageá-lo" com um texto no qual, a meu bel-prazer, achincalhá-lo-ei. Claro que vou evitar morder a língua. Como há pouco tempo escrevi um texto (este) tratando dos mal-humorados, não vou incorrer no propagado mau humor, ao contrário, pretendo escrever umas linhas bastante bem-humoradas. Vejamos se consigo.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Crônicas Desclassificadas: 76) O anjo

Gastava duas horas (e duas conduções) pra chegar ao apartamento dos patrões, por isso os atrasos eram frequentes. Dona Dulce, em sinal de doçura, foi magnânima e lhe deu duas opções: ou ela passava a dormir no trabalho (havia no apartamento – de andar inteiro – um cômodo minúsculo usado como depósito de tralhas que lhe poderia servir perfeitamente de quarto) ou ia pra rua. O problema era que Chirlei estava em vias de se casar. Josué, o noivo, era um pedreiro pernambucano, moço bom, trabalhador, não bebia, frequentava até os cultos da igreja Universal do Reino de Deus. No entanto, quando soube que a futura esposa viria pra casa só sábado à tarde e voltaria pro trabalho domingo à noite, não vacilou: "Mulher minha não dorme fora de casa. É o trabalho ou eu! Você escolhe."

terça-feira, 5 de março de 2013