quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Grafite na Agulha: 31) A música de Kléber Albuquerque fala com Deus sem precisar de oração

Há pouco tempo, eu perdi um querido amigo que não via fazia muito tempo e o Brasil perdeu (praticamente sem conhecer) um dos mais talentosos compositores da música brasileira contemporânea. Coincidentemente, meu amigo e esse compositor talentoso eram a mesma pessoa: Madan. Chorei bicas e lhe prestei homenagens póstumas em meu blogue (aqui e aqui). Pouco tempo depois, fiquei sabendo que meu não menos querido amigo – e outro genial compositor da música brasileira contemporânea – Kléber Albuquerque, que eu também não via fazia muito tempo, iria se submeter a uma delicada cirurgia... do coração! Confesso que fraquejei. Pensei que, se a moda pegasse, eu e música brasileira iríamos sofrer perdas irreparáveis. Felizmente, Kléber saiu dessa; safenado, mas vivo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Crônicas Desclassificadas: 151) Os dois Brasis

Eu, que moro em São Paulo, adoro o Rio e tenho muitos amigos/parceiros cariocas por quem tenho carinho e respeito. Da mesma forma, adoro a Argentina, país que aprendi a amar e com o qual tenho a maior afinidade. Faz anos que, sempre que a oportunidade surge, dou uma escapada ao país hermano pra matar as saudades e renovar a bagagem cultural. Ah, e tenho também amigos/parceiros argentinos por quem, igualmente, tenho carinho e respeito. Portanto, não estou entre aqueles que dão corda a atitudes bairristas, à futebolização das relações de vizinhança. Em primeiro lugar, porque não acredito em raças. O indivíduo é fruto de seu meio. A mesma pessoa que nasceu, por exemplo, no Japão e pensa assim-assado, tivesse nascido no Zimbábue, teria comportamentos e pensamentos distintos, adquiridos pelo contato com sua realidade local.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Crônicas Desclassificadas: 150) Perguntinhas básicas ao eleitor ou O filho da empregada

Caro eleitor, tudo bem aí? Na tranquilidade? Já excluiu muito amigo do facebook hoje ou ainda não? Já postou alguma notícia falsa a favor de seu candidato ou contra o outro? Ainda não? Então, proponho um joguinho mais interessante. Claro, é mais solitário, mas você pode postar todas as respostas depois no face, só pra dar a face, e compartilhar com os amigos. É assim, só como exercício, pra oxigenar o cérebro e tal: te faço umas perguntinhas básicas sobre convívio social. Peço que responda com honestidade... mas fique sossegado; não precisa responder pra mim. Basta responder pra você mesmo. Portanto, não vá mentir; pois, se mentir pros outros já é feio, mentir pra si próprio é imperdoável. Vamulá? São questionamentos simples, nada que você não possa responder. Talvez não queira, mas aí o negócio fica entre você e você mesmo.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Crônicas Desclassificadas: 149) Minhas razões pra votar em Dilma

Caros amigos e/ou leitores:

As eleições puseram em pé de guerra nosso país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza. A intransigência chegou a tal ponto, que há amigos excluindo amigos em redes sociais pelo simples fato de o outro pensar diferente. Oras, mas democracia não é justamente isso? Ou será que tais pessoas prefeririam o pensamento único das ditaduras? Acho que foi Voltaire quem disse (mentira, procurei no google, onde também dizem que a afirmação não é dele): "Eu discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo." Não é bonito? Num país onde eu posso defender o direito do outro de discordar de mim, supõe-se que a recíproca seja verdadeira, não? Usando uma variável futebolística, é como um palmeirense abraçar um amigo corintiano. Aliás, se todos torcessem prum mesmo time, ia ser muito chato, não?

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Notícias de Sampa: 12) Kana & cia. mandando bala

Ecla – Toca do Saci apresenta:
Kana + Quarteto Saxofonando + Trio do Liw Ferreira
no show Em Obras
Dia: 6ª-feira – 17 de outubro
Hora: 21h
End.: Rua Abolição, 244 – Bixiga (São Paulo-SP)
Contato: (11) 3104-7401
Entrada: R$ 10

Sinopse: Dando continuidade aos shows de lançamento de seu quarto trabalho, Em ObrasKana desta vez se apresenta com sua banda no Ecla (Espaço Cultural Latino-Americano). No repertório, destaque para O Amor Viajou, parceria dela com Zeca Baleiro. O show conta ainda com a participação especial de Gabriel de Almeida Prado.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Crônicas Desclassificadas: 148) Seca em Sampa


Nem na caatinga, nem no cerrado, nem nos pampas. O babado é que a novidade veio dar em Sampa: São Paulo anda seco. De beco em beco, de boca em boca. Nem uma gota. A seca é oca, mas o boboca não nota. Nem uma lágrima cai. Nem dos olhos do Pai, que não se comove com minha rima. Nem chove, nem cai de cima. São Paulo virou sertão. Que nem o coração do paulistano, que virou saarense, de tão desumano. Pense! Ô seca da gota serena! Nada vale a pena, quando a alma é pequena. Menor que ela, só o nível de água das represas, onde a água não mais vive presa. Cantareira? Canta poeira. E só. Pó, sem eira nem beira. Sobra o rio Tietê, que ri de mim e de você. Água de beber, camará? Água de nadar? Que nada! Água penada. 

domingo, 12 de outubro de 2014

Grafite na Agulha: 30) "Meus Caros Amigos"

Venho por esta pedir desculpas aos leitores pelo longo hiato nas publicações desta coluna. Contudo, a volta não podia ser melhor. Corrige, inclusive, falta gravíssima nesta discoteca: a ausência de um de nossos maiores e mais queridos gênios, que outrora já foi unanimidade: Chico Buarque. E quem escreve sobre ele é meu camarada Walter Zanatta, compositor caiubista (visite sua página aqui) a quem ora apresento com suas próprias palavras: "Nasci em São Paulo numa manhã de 1963. Cresci por aqui e pelas praias da baixada santista. Frequentei salas de aula, departamentos de crédito, botequins, salões paroquiais, antros, editoras, inúmeros ambientes, mas nada de pós-graduações e MBAs. Graduei-me economista. Criei poesias, contos, crônicas e canções. Aprecio longas caminhadas a pensar, pensar, pensar..." Abaixo, Zanatta trata de sua relação com este maravilhoso disco: 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Crônicas Desclassificadas: 147) A imparcialidade dos jornais

Li há algum tempo que, quando a crise na Europa chegou a seu ápice, os restaurantes de Paris então ficaram entregues às moscas, o que mobilizou seus donos a se reunirem e tomarem certas medidas paliativas a fim de atenuar os efeitos da crise em seus respectivos bolsos. Todos sabem que Paris é famosa também por sua noite, o que reflete em bares, restaurantes, cafés... e na iluminação (tanto, que também é conhecida como Cidade Luz). Portanto, não ficava bem que os parisienses, que sempre foram notívagos, passassem a optar por ficar em casa à noite. Decidiram aqueles então que era mais benéfico baixar os preços do cardápio e trazer de volta essa clientela. Já no Brasil – e principalmente em São Paulo –, o pensamento é um tanto distinto. Há crise? Faltam clientes? Aumente-se o preço e que paguem o pato os patos que podem pagar por ele.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Crônicas Desclassificadas: 146) Vergonha e medo em São Paulo

Em minha época de criança, não conhecíamos ainda a palavra bullying (tão feia quanto seu significado), mas eu, moleque chegado havia pouco do Ceará, cedo comecei a sofrer com o preconceito e as brincadeiras de mau gosto. Era São Paulo me dando as boas-vindas. Talvez por causa disso tenha – inconscientemente – "trocado" de sotaque e – conscientemente – posto uma máscara paulista. São Paulo faz isso com os bicos de fora: exige-lhes amor incondicional em troca do afeto de madrasta. Lembro de um conhecido paraibano que, certa vez, ao ser indagado sobre seu Estado de origem, respondeu na lata: "Paraibano? Sou não. Fui." Talvez isso ajude a explicar por que, apesar de São Paulo ser a maior cidade nordestina fora do Nordeste, os nordestinos daqui pensam de modo tão diferente do modo como pensam os de lá... principalmente em relação à política.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Crônicas Desclassificadas: 145) Algumas considerações sobre o debate... e outros bafafás

Estava eu trocando por e-mail uma ideia federal com o mano Marcio Policastro, quando o assunto derivou pro tema eleições. Daí, como ambos havíamos gastado duas preciosas horas assistindo ao recente debate promovido pela Rede Globo, relatei minhas impressões a respeito e, como de costume, acabei vencido pela velha verborragia. Tanto que, quando pus o ponto final, reli o relato e pensei cá com meus botões que o poderia aproveitar no blogue, visto que o assunto é atual e pertinente. Contei-lho e, como Poli corroborou minha intenção, cá estou eu outra vez metendo a pata onde não fui chamado, mas exercendo meu direito de cidadão e blogueiro semianônimo, feliz por viver num país onde qualquer um é livre pra falar o que quer e ouvir o que não quer. Abaixo, segue o relato, ligeiramente adaptado (caso contrário, não poderia ser publicado). A ele: