sexta-feira, 27 de maio de 2011

Joaquín Sabina en Portugués: 4) Pedro Moreno e a versão de "Contigo"


Joaquín Sabina é do time de Vinicius de Moraes: excepcional letrista, sonetista, mais intérprete que cantor, bom de copo, boêmio, notívago, cultivador de amizades, mulherengo e... dado a casamentos! Assim mesmo, no plural. Aliás, como foi Vinicius, é adepto do "que seja eterno enquanto dure", visto que não consegue viver ao lado de quem não ama.

No entanto, ao contrário de ViniciusSabina tem poucas canções derramadamente românticas. Em certa ocasião, uma amiga lhe pediu uma canção que falasse de amor, ao que ele lhe respondeu que era só a moça escolher uma de seus discos. Pra seu espanto, ela lhe disse que já havia procurado, mas sem sucesso.

domingo, 22 de maio de 2011

Crônicas Desclassificadas: 15) Meu amanhã é agora

Sexta-feira, 22 de maio, de manhã, recebi um telefonema de meu amigo Adolar Marin, avisando-me que ouvira na CBN que Zé Rodrix havia falecido. Eu estava numa sala de espera do Colégio Marista Arquidiocesano, onde iria conversar com uma professora a respeito de um estágio. As lágrimas rolaram fartas. Corri pro banheiro mais próximo (que era longe pra caramba!) e chorei. Chorei muito. Não lembro onde eu estava quando nenhum desses artistas consagrados morreu, mas vou me lembrar até o fim dos dias daquela sala de espera do Arquidiocesano, do imenso corredor até o banheiro e do sol implacável que batia no meu rosto, insensível, quando de lá saí.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Trinca de Ouro: 2) Kana (+ Yosui Inoue), Samantha Navarro e Zeca Baleiro

Este mês de maio, que começa taurino e termina geminiano (ui!), promete ser especial pra mim, pras pessoas que me são próximas e pros amantes de música em geral que se encontrem em São Paulo nos dias 20 e 21 de maio. É que estou à frente da produção de três shows que prometem ser, no mínimo, muito bons. Claro que "muito bons" é muito pouco mas a (falsa) modéstia não me deixa ir além, pra não cair no autoelogio.

domingo, 15 de maio de 2011

Ninguém me Conhece: 45) O misterioso coração de Sérgio Sampaio

Há exatos 17 anos morria o compositor "maldito" Sérgio Sampaio, de uma crise de pancreatite. A título de curiosidade, pesquisei no arquivo da Folha de São Paulo e encontrei uma ínfima nota, escrita por free-lance, numa lateral de página dedicada aos obituários onde se lia: "O cantor e compositor Sérgio Sampaio, 47, morreu às 5h de ontem, no Rio. Autor da música Bloco na Rua (sic), Sampaio morreu de pancreatite crônica. Ele estava internado no Hospital Quarto Centenário, no centro, desde abril. O enterro será hoje, às 10h, no Cemitério São João Batista". Só. Como se se tratasse de um anônimo. Bem, pelo menos, se o nome do sujeito lhe gerava dúvidas, sua associação à música "Bloco na Rua", ou melhor, Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua, certamente lhe deve ter lançado luz. Afinal, quem nunca ouviu "Eu quero é botar meu bloco na rua/ Brincar, botar pra gemer/ Eu quero é botar meu bloco na rua/ Gingar, pra dar e vender"? Pois então, Sérgio Sampaio é o autor da canção que contém esses versos, canção esta que participou do VII FIC (Festival Internacional da Canção), em 1972, vencido por Fio Maravilha, de Jorge Ben (muito antes de vir a ser Ben Jor). No entanto, o lançamento logo em seguida de um compacto com Eu Quero É Botar... ultrapassou a considerável soma de 300 mil vendas.

sábado, 7 de maio de 2011

Joaquín Sabina en Portugués: 3) Ricardo Moreira e a versão de "Y sin embargo"


Ricardo Moreira virou cantor por força do destino. Baterista e gaitista, belo letrista que, quando não acha quem musique suas letras, também se vira bem como melodista, começou como membro (baterista e compositor) da banda Salada Mística. Aos poucos as verduras se mandaram e ficou ele só com a mística. Daí o jeito foi virar cantor. As histórias variam, mas o Brasil tem um vasto leque de cantores "por acidente". Moreirinha vem aumentar esse leque. De quebra, tem se mostrado bom arranjador nas gravinas caseiras que exercita durante os intervalos das aulas que dá (como eu, é letrista profissional - formado em Letras -, mas ele vestiu o avental de professor, enquanto eu fui me ajustando em paletós alheios). Essa junção de fatores me levou a crer que sua escolha pra gravar Y Sin Embargo seria acertada. Meu faro não me enganou. Foi. Com alegria recebi sua gravação, e até as "traves" me gustaron. Contou-me ele que gravou numa sexta-feira, depois de uma semana de aulas dadas a turmas de sextas séries. Daí a voz rouca e falha. Genial! Nada mais sabinístico! Sabina tem uma voz que seus inimigos podem apelidar de "taquara rachada", gasta com noitadas, bebedeiras, mulheres e outros pós. A voz de Moreira tá nesse pique, pero sin perder la ternura... ¡jamás!

domingo, 1 de maio de 2011

Ninguém me Conhece: 44) O desejo ardente de Lucia Helena Corrêa

"Mulher, negra, jornalista, poeta e CARIOCA!". Foi no apartamento de outra jornalista-poeta, Guta Campos, num dos muitos saraus que esta promovia, que ouvi, à guisa de apresentação, a frase acima, da boca da própria Lucia Helena CorrêaLucia sem acento e Corrêa com circunflexo e sem "i", como gosta de dizer a própria Lucia, a mulher-sigla (LHC - não confundir com FHC!). Achei o tom um tanto carregado nas tintas, e não me caiu bem aquele "carioca" como qualidade; ainda não conhecia bem a dona da voz e seu enérgico (mas também afável) temperamento. Feita a apresentação, abriu seu vozeirão e cantou (à capela) uma canção de sua autoria, Cebola Crua, aliás, um poema seu por ela mesma musicado, poema este que também emprestou título a seu livro de poesia, com o qual, naquela noite, fui por ela presenteado. Melhor dizendo, Kana foi. Por falar em Kana e Cebola Crua, esta também musicou um poema desse livro, Negritude, uma bela canção que não vingou, como tantas outras que residem nos vários baús de canções órfãs.