quinta-feira, 29 de julho de 2010

Crônicas Desclassificadas: 2) Apenas um baixista

Não conheci Luizão Maia. Nunca o vi tocar. Dele sei apenas que era um excelente baixista e que acompanhou nomes como Tom Jobim, Elis Regina, Gilberto Gil e outros. Portanto, não recebo nada para escrever estas linhas. A nota minúscula no canto de página do jornal tal me informa que ele morreu ontem em Tóquio, onde morava desde 1996. Tinha 55 anos e desde a década passada sofria as consequências de um derrame.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Crônicas Desclassificadas: 1) República dos crachás

No começo de 2005 me deu na cachola começar a escrever crônicas regularmente. Assim, estaria preparado pra quando a Folha de São Paulo enfim me descobrisse (hoje opto por O Povo). O fato é que, como não fui descoberto, acabei me cansando. Agora resolvi aproveitar este espaço e resgatá-las. Ah, o nome da coluna era (e ainda é) Crônicas Desclassificadas. Eis a primeira:

domingo, 25 de julho de 2010

Ninguém me Conhece: 2) Kana, mais uma brasileira

Um dia, não sei se era belo, se era ensolarado ou chuvoso, se fazia frio ou calor, não sei nem mesmo se era dia, o que sei é que uma japa baixinha de nome curiso, Kana, com a mala numa mão e o violão na outra, pegou um avião rumo ao país da bossa nova. Não falava português. Não tinha amigos lá. Não olhou pra trás.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ninguém me Conhece: 1) Léo Nogueira, de Senador Pompeu para o mundo

Não tinha a intenção de ser cabotino nesta série que se inicia (Ninguém me Conhece, conforme expliquei no texto anterior), mas estaria sendo no mínimo burro se não aproveitasse este espaço pra divulgar uma longa matéria que foi publicada domingo passado (falando de mim!) no jornal O Senador, de minha cidade, Senador Pompeu. Ainda mais porque, infelizmente, O Senador não possui edição digital. A matéria foi escrita por José Ribeiro, que, além de escrever semanalmente neste jornal a coluna Espie!, é professor de Literatura na Uece (Universidade Estadual do Ceará) e apresenta um programa em Fortaleza, pela rádio Difusora, chamado Ler e Rir, que trata de literatura e humor (!). Pra se ter uma ideia, o programa tem como vinheta de abertura a canção dos Beatles Let It Be, mas, no lugar da frase-título, ouve-se um "Ler e rir, ler e rir, ler e rir, ler e rir. Cearense sabe ler e rir". Um figuraça, como vocês lerão abaixo (a grafia para palavras estrangeiras é proposital). Mas "o cabra" é sério! É formado em Filosofia, Literatura e Jornalismo e já escreveu pra mais de 20 livros! Ei-la:

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ninguém me Conhece – Prefácio

Claro que você me conhece! Se está lendo estas tortas linhas é porque é meu amigo, ou parente, ou amigo do amigo, ou amigo do parente, ou parente do amigo, ou colega, conhecido, inimigo, ou, na pior das hipóteses, um desavisado cujo paraquedas demorou pra abrir e acabou, vítima do vento, sendo trazido pra esse território estranho. Pois bem, a vocês todos, da terra ou do ar (ou do mar, claro), aviso que eu, Léo Nogueira, cearense-paulista, compositor-letrista, poeta vão-guardista, romancista, cronista, contista, humorista, motorista, revisor arrivista, auxiliar de serviços gerais diarista et ceterista, tive a brilhante ideia de, já que não trabalho pra nenhum jornal (infelizmente) (ainda) e sendo também eu um anônimo fora do vasto circuito acima descrito, utilizar este espaço pra criar uma série escrevendo acerca de meus iguais. Contudo, minha promessa é de escrever tendo sempre em primeiro plano o rabo preso com este patrão injusto e estúpido que é o coração (e que não me paga salário), assim sendo, tratarei apenas de artistas que tocam meu coração de forma arrebatadora, avassaladora, explosiva e, o que é melhor, irremediável. Dessa forma, evito falar mal de outrem e fico bem na fita!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cordeiro em pele de lobo

Desde James Dean e Marlon Brando, passando por Elvis Presley, Jack Kerouac e Che Guevara, a rebeldia tem encantado gerações de jovens, que já tiveram o rock como instrumento, as drogas, a revolução sexual com o movimento hippie, o engajamento político e mesmo a literatura. No entanto, os anos se sucedem e a rebeldia vai amansando, amansando, até que, sem que se perceba, o rebelde, o lobo mau, tira sua máscara de lobo e revela sua verdadeira face, a de cordeiro. Quando se vê no espelho, “aquele garoto que ia mudar o mundo” não reconhece mais o cabeludo de ideias revolucionárias. A cabeleira deu lugar a uma digna calvície; o abdômen delineado expandiu-se até se transformar numa simpática barriguinha de chope; a velha calça jeans surrada foi aposentada, sendo rendida por um traje respeitoso envolto por um laço; a tão adorada guitarra foi escondida num porão, ou vendida, pra ajudar na prestação do apartamento; enfim, não restou nada daquela rebeldia. Com mulher e filhos que dependem de seu desempenho profissional, suas ideias chegam mesmo a se posicionar um tanto à direita, preza a tradição e os bons costumes, e, de quando em vez, expurga suas frustrações num balcão de bar ou no colo de uma amante.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Carta à maioria ou Prosa em linha torta

Escrevi esta carta há pouco mais de um ano, mas acho que, infelizmente, durante um bom tempo ela vai continuar sendo atual. Pelo menos gosto dela. É meio pessoana, mas em prosa:

Carta à Maioria ou Prosa em Linha Torta
Por
Léo Nogueira

Venho por esta pedir desculpas à maioria. Desculpas por meu egoísmo, meu ensimesmamento (ou seria meu "enmimesmamento?), minha ranzinzice, meu olho no umbigo. Quero pedir perdão a todos que pertençam à maioria a quem eu tenha porventura ofendido e àqueles a quem esquecerei de citar.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Procura-se

O Amor acordou, naquele dia, desempregado. Do lado esquerdo do peito, digo, da cama, nem os lençóis. O Amor levantou-se, persignou-se, tomou um banho demorado, escovou os dentes, vestiu a melhor roupa, preparou o café-da-manhã (pra um), tomou-o, saiu sem bater a porta… Esse item merece um parêntese: o Amor nunca bate a porta (sem crase) (a recíproca não é verdadeira). O Amor caminhou até o ponto de ônibus, esperou durante trinta minutos, tomou o lotação (lotado), desceu no Centro e foi procurar emprego. Deu com a cara na porta. “Não há vagas”. Nem no escritório, nem na indústria, nem no comércio, nem na obra, nem, nem, nem, nem… Pra ser funcionário público precisava prestar concurso. Pra ser motorista ou doméstico precisava de carta de referência, e, como se sabe, em casa e ao volante, o Amor não tem lá as melhores referências.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O X do Poema – a canção

Em meu primeiro texto, expliquei os motivos que me levaram a escolher O X do Poema como nome deste blog. Também expliquei que tomei emprestado (mas não pretendo devolver) o título de uma canção de mesmo nome que compus com Clarisse Grova, cuja letra nasceu no dia em que soube que havia morrido o poeta Waly Salomão. Enviei a letra pra La Grova, e em alguns dias recebi uma gravação com a canção pronta, interpretada pela própria.

Boca da Noite – Parte I

Era uma vez um cara que brincava de ser compositor. Mas brincava a sério. A ponto de, nos momentos de maiores solidão e desvario, chegar a pensar que era um Chico Buarque reencarnado (e olha que o Chico nem morreu ainda!). Com seu teclado de brinquedo inventava melodias já inventadas e criava letras clonadas de outras. Todos os temas eram chupados, e as rimas, idem. E assim seguia nosso compositor errante, e assim continuaria seguindo, não fosse um acontecimento que mudaria sua vida. Tinha nosso quixote das letras um amigo amante de música e frequentador assíduo de um bar de MPB localizado no bom e velho Bixiga (hoje mais velho que bom), pra ser mais exato, na rua Santo Antônio, chamado Boca da Noite. Quis o destino que esse amigo uma bela noite arrastasse nosso herói pra tal antro de perdição (ou encontração).

sábado, 10 de julho de 2010

Caiubi: Outro Clube, Outras Esquinas

Antes do próximo texto, umas notinhas:

1) Tomei um susto quando indagorinha percebi que tenho seguidores. Agradeço a estes e prometo que, logo o saiba, também eu irei "na cola" de alguéns.

2) Resolvi começar a escrever este blog num feriado; achei mesmo que o dito cujo ia passar batido (pelo menos "até segunda-feira, quando volto a trabalhar, morena"), portanto, todos os comentários daqueles que preferiram me responder a estar em outro lugar são louváveis (eu também preferia estar em outro lugar, claro!). Agradeço a todos pelas palavras de carinho e incentivo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O X do Poema

Há milênios os amigos tentam me convencer a ter meu próprio blog. Eu, no entanto, sempre relutei. Afinal, tenho dificuldade até mesmo pra ter um dog! Um dog, há que... (tá bom, feita a piada, chamemo-lo cão) Um cão, há que o alimentar constantemente, levá-lo pra passear, fazer pipi e caca (não confundir com Kaká), namorar, ladrar, socializar-se com seus iguais etc. Com um blog não é diferente. Claro que há diferenças gritantes (pra não dizer ladrantes) entre um e outro, mas ambos podem igualmente ser vítimas do descaso de seu dono. Se um camarada resolve ter um blog e não faz deste seu melhor amigo, melhor ter uma namorada, um gato, uma bicicleta, uma gripe...