sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A Palavra É: 21) Mato

Ah, que saudades do mato! Do matagal, do mato verde, do mato sem cachorro (ou com cachorro), de me esconder no mato, de correr no mato, de deitar no mato, de brincar no mato... Sim, jovem leitor, o mato, além de servir de parque, era também o próprio brinquedo! E a gente nem precisava pôr pra carregar depois; ele é que nos carregava pra lá e pra cá pela vastidão de sua verdura. O mato era foda! Nele, podíamos inventar mil diabruras, travessuras, aventuras... e outras safadezas e sacanagens que não rimam com "ura". Também não era necessário ligá-lo antes do uso, tampouco desligá-lo depois deste. O mato fica ficava ali, on, o tempo todo, e, quando íamos embora, permanecia, majestoso, numa espécie de modo de espera... ops, traduzo: stand-by. Era uma matavilha! E sem a limitação geográfica das atuais quatro paredes. Nem nos cansava a vista, apesar de ser vasto!

domingo, 22 de janeiro de 2017

Grafite na Agulha: 40) Meu despertar em sintonia com o de Guilherme Arantes

Cada geração tem suas emoções e a trilha sonora que embala suas paixões, mas temo que hoje, com a vulgarização da música e as facilidades de acesso digital a ela, a relação que os amantes tenham com a canção haja mudado – e pra pior. Em minha época, a canção estava intrinsecamente ligada ao ato de se apaixonar, e de forma quase religiosa, quiçá mais. É possível que eu esteja menosprezando essa relação nos dias de hoje, mas uma coisa é certa: só quem foi jovem no tempo dos vinis sabe do que estou falando. E, mais que isso, deve neste exato momento estar se lembrando com uma nostalgia danada de um punhado delas. As lembranças nos vêm às vezes com cores, cheiros, até mesmo com dores tão reais que chegam a ser quase físicas, e, obviamente, com sons de canções que parecem estar tocando no exato momento em que nos lembramos de certas passagens de nossa vida. Ah...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Trinca de Copas: 38) Dose dupla de Adolar Marin + Kana (e Marcio Policastro)


1) CRIAÇÃO

Já contei esta história antes (aqui), mas agora, animado pelo vídeo que a turma do Peixe Barrigudo fez dela, e também porque ela será uma das que farão parte do novo trabalho de Adolar Marin (só com parcerias nossas), volto a tratar do tema: em certa ocasião, fui tomado por um desejo muito grande de compor, mas, quando olhava pra folha em branco, nada vinha. Atualmente, costumo compor no computador, mas vez em quando ainda exercito o ato de escrever em papel. E, confesso, a folha em branco é um desafio pra qualquer compositor (ou escritor). Mas voltemos a esse dia. De repente, escrevi na famigerada folha "Do nada também se cria". Daí pra diante, a caneta praticamente se moveu sozinha e a letra se autoescreveu. Enviei o resultado a Adolar, e ele me devolveu uma belíssima canção, que batizamos de, obviamente, Criação. Vejamos sua interpretação neste precioso vídeo:

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Esquerda Volver: 12) Lenine e Jovem Pan, tudo a ver

Vira e mexe, trago pra cá algum texto que meu amigo Teju Franco (ex-Edu Franco) publica no facebook. Primeiro, porque entre os compositores chegados meus ele é um dos que mais têm familiaridade com a prosa escrita; segundo, porque sempre toca em temas relevantes e pertinentes; e, terceiro, porque sou admirador de sua verve, sua complexa linha de raciocínio e sua falta de receio de chutar o balde. E isso mesmo quando não concordo inteiramente com o que escreve, porque acho sempre salutar o diálogo, o debate, e suas escrevinhações dão margem pra tal. Por essas e outras, resolvi "raptar" sua prosa mais recente, desta feita tratando de entrevista que o mestre Lenine deu recentemente ao programa Morning Show, da Jovem Pan.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Filho da preta! – na boca dos leitores (6) – por Escobar Franelas


Cada qual divulga seu trabalho (parafraseando o saudoso Zé Rodrix) como pode, quer ou consegue. Respeitando essa máxima, e vendo frustradas as expectativas de que meu livro ganhasse alguma crítica nos chamados grandes meios de comunicação, não me dei por vencido e comecei a publicar em meu blogue comentários daqueles que são os mais importantes pra quem escreve: os leitores. Esses comentários foram publicados em cinco edições (leia aqui). O engraçado é que meu filho já ganhou uma bela resenha – que hoje completa um ano de publicação! –, mas eu só vim a saber dela há poucos dias. Então, usando desse marketing das efemérides, aproveito a data pra divulgá-la aqui. Ah, em tempo: agradeço a Rosana Banharoli e Rosinha Morais pelo toque sobre a resenha. A ela, pois!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Crônicas Desclassificadas: 183) Existe amor no Ibirapuera – assinado: Deus

Cada ano que começa faz renascer em nossos corações a esperança – em nós mesmos e na humanidade. Com o passar dos dias, contudo, esse sentimento vai infelizmente diminuindo, mas por nossa culpa, visto que vamos nos deixando sucumbir ante as porradas do cotidiano. Por isso, antes de ceder a elas, tomado ainda desse sentimento de fé na humanidade adentrei os portões do Parque Ibirapuera pra uma caminhada. Só que dessa vez resolvi caminhar por aquele espaço tão meu conhecido lhe lançando um novo olhar: o olhar de Deus. Invadido por uma magnitude divina, deixei de ser eu e permiti me transformar por alguns minutos em recipiente do Todo-Poderoso. E, vendo por meio de seus olhos, tudo ganhou cores vivas, exorbitantes, que quase me cegaram. O astro rei passou de repente a lançar sobre os espaços em que as árvores permitiam uma luz tão intensa como se ele estivesse ao alcance da mão. Da mão divina, diga-se.