quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Trinca de Copas: 37) Raquel Martins, Valdir Dafonseca e Vasco Debritto


Os anos não têm culpa do que fazemos com eles; portanto, quando dizemos que um ano foi terrível, nós é que fomos terríveis com ele. Há algumas exceções, e 2016 é certamente uma delas. 'Taqueopariu! O cara caprichou no bizarro, hem? Golpes, mortes, chacinas, tragédias, arrochos, desemprego, perdas de direitos... Afe! Paro por aqui antes de dizer que vou ir ali cortar os pulsos e já volto. Brincadeira, hem, seu 2016? O sr. foi tão fdp, que 2017 vai ter que fazer muita merda pra te superar! Mas a notícia boa é que se você está me lendo agora é porque conseguiu escapar das piores estatísticas. Portanto, temos motivos pra comemorar agora com música o definhamento deste miserento ano que não vai deixar saudades. Som na caixa, maestro!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Crônicas Desclassificadas: 182) Os pintinhos e as xoxotas de Clarice Falcão

Pouca coisa me abala. Não tenho a hipocrisia de me dar ares de constrangimento ou afetação ante qualquer coisa que me digam ou mostrem. Se eu estiver encarando, por exemplo, um delicioso filé e algum desavisado vier me contar uma piada escatológica, vou gargalhar (se a piada for boa) ou mostrar meu riso amarelo (se não for) e, na sequência, continuar concentrado no que realmente importa: meu filé. O pé que tenho no conservadorismo talvez resida em minha declarada inveja da geração atual. Mas não me refiro a nada que ela tenha de melhor que a minha – nem de pior, deixemos claro. Aliás, não vou cair novamente na armadilha de entrar numas de guerra geracional; quando digo inveja, é em relação às liberdades que a geração atual tem que a minha não teve. Assim, é hora de dizer que o vídeo de Clarice nem me abalou. Voltarei a ele alguns parágrafos abaixo, por ora só quero dizer que ele me motivou a escrever sobre um tema que foi quase tabu pra galera de minha geração: o sexo.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Crônicas Desclassificadas: 181) Cohen, Castro, Chapecoense...

Estava eu escrevendo algumas palavras sobre o passamento do bardo Leonard Cohen, mas resolvi dar um tempo, pois esse assunto de morte recentemente tem mexido muito comigo. E eis que, na sequência, fico sabendo do desaparecimento de Fidel Castro e das verdadeiras batalhas nas redes sociais entre amigos que o acham santo e outros que o creem demônio. Quase ia dar um pitaco, mas acelerei em minha mente o filminho desse entrevero, cansei minha beleza e abortei o projeto antes de o pôr em prática. Corta pra tarde do domingo do histórico 27 de novembro: lá estou eu feliz da vida com um dos poucos acontecimentos bacanas deste ano, a saber: a conquista do Brasileirão pelo Palmeiras, depois de 22 anos de espera – num jogo contra o Chapecoense! Dias depois, fico sabendo do acidente aéreo que dizimou esse time. Resolvi juntar todos esses assuntos num só texto então, como uma forma de homenagem:

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Notícias de Sampa: 20) Né? – um clipe de Kana

Vira e mexe, Kana desanima. Pensa: "Se o Brasil ainda não aprendeu a abrir espaço democraticamente nem pros tantos talentos filhos de seu solo, que dirá pra mim, que sou estrangeira e meio que penetra nessa 'festa'?" Já aconteceu mais de uma vez. Mas sempre ela encontra carinho e incentivo vindos dos mais variados lados. Em certa ocasião, ela ficou muito tempo sem sair, sem se apresentar, e um dia, quando Tavito me encontrou só no Caiubi, perguntou de cara: "Cadê a Kaninha?" Respondi-lhe que ela andava desanimada, pensando em jogar tudo pra cima e desistir da carreira. Tavito arregalou os olhos, segurou-me pelos ombros e sentenciou: "Diz pra ela que se ela desistir eu também desisto!" Dei o recado. Kana não desistiu. Nem Tavito.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Os Manos e as Minas: 26) Sander Mecca, desestruturando

por Vanessa Curci
Havia algumas profissões que me deixavam encafifado. Um mecânico, por exemplo. O que levaria um cara a escolher tal profissão? Daí, depois de muito pensar, cheguei a uma resposta. O amor. Sim, o amor. Há aquelas profissões que um camarada só aceita por falta de opção. Lixeiro, por exemplo, servente de pedreiro, porteiro etc. Mas mecânico, não. Um mecânico é aquele cara que adora carros, que desde moleque sempre teve curiosidade em saber mais a respeito do funcionamento desses bichinhos que caminham sobre quatro rodas. O mecânico é o médico dos automóveis. E porque os ama. Só isso explica o sujeito ficar o dia inteiro cheirando a graxa, óleo, gasolina. Eu respeito muito um profissional que escolhe sua profissão com base no amor. E é exatamente por isso que eu respeito Sander Mecca.

domingo, 20 de novembro de 2016

Grafite na Agulha: 39) Falso Brilhante, de Elis Regina

Mais uma vez conto com a contribuição da talentosa (e generosa) pena de Helena Tassara em minha coluninha sobre discos. E Helena vem preencher uma lacuna que persistia ainda por aqui: a falta de um disco de Elis. Acrescento que não houve coincidência, este texto foi pensado pra ser publicado na semana em que estreia o filme sobre a cantora. Costumo apresentar aqui o/a colaborador/a, mas, como Helena é reincidente, deixo o link de seu texto anterior, pois lá estão informações sobre ela e deliciosa prosa a respeito do disco Alucinação, de Belchior (aqui). Antes de irmos ao texto sobre Elis, preciso avisar aos apressados que se trata de leitura pra fortes, pois Helena usou e abusou de seu talento de pesquisadora pra trazer pra cá um trabalho detalhista digno de constar de cadernos de cultura de jornais de primeira linha. Aos preguiçosos, sugiro leitura em conta-gotas, pois cada palavra escrita vale muito a pena. De quebra, fica aqui também como farto material pra futuros pesquisadores. Vamos a ele, pois:


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Crônicas Desclassificadas: 180) A história das gêmulas Lignina e Suberina

Era uma vez duas lindas e floridas irmãs, Lignina e Suberina, que, apesar da diferença de um ano entre uma e outra, eram idênticas na epiderme e pareciam duas gêmulas. Entretanto, eram completamente distintas no temperamento. Viviam elas felizes no distante e pacato reino de Catafilos. Nossa haustória teve seu começo no exato momento em que ambas deixavam seu doce fascicular pra dar um passeio de pericicleta pela periciclovia da orla, logo ali à beira da Praia dos Parasitas. Como era sábado, não havia caules, e Lignina, a mais velha, como em todos os sábados, não tendo que estudar, estava toda pilosa. Aliás, cá pra nós, Lignina era uma moçoila um tanto epífita, aluna mediana que, fraca nos caulículos, odiava exatas, principalmente meristemática, e a pulso conseguira decorar a tabular do 5.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A Palavra É: 20) Septo

Os poetas vemos uma
borboleta; 
e você?
Um amigo cujo nome não posso revelar, a pedido do próprio (não confundir com o mesmo!)... Hmmm... Dá pra dizer apenas que suas iniciais são MP, como as de medida provisória. Bem, o fato é que ele me confidenciou que vai entrar na faca, pra tratar do desvio do septo. E em plena véspera de meu aniversário. Marcou de propósito, pra que seja uma véspera inesquecível. Se eu fizesse festa, ele seria ausência garantida. Mas o culpado não teria sido eu, e sim o tal do septo, que faz algum tempo se desviou do caminho cepto – e o trocou pelo erradpo. Pra quem não sabe o que vem a ser o septo (como era meu caso até segundos atrás), não custa nada uma visita ao pai dos burros.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Entrevistando: 12) Zeca Baleiro no Na Minha Casa

Craque é craque. E quando dois craques se encontram já dá pra adivinhar o que vem pela frente. O toque de bola sofisticado nem carece de treino. Vavá e Garrincha, Pelé e Tostão, Sócrates e Zico, Bebeto e Romário, Rivaldo e Ronaldo, mais recentemente Messi e Neymar... Dá gosto ver, né? Do mesmo modo, botar frente às câmeras dois craques da canção como os manos Adolar Marin e Zeca Baleiro e dar a cada um deles um microfone e um violão é algo que ao mesmo tempo é previsível e surpreendente (né, Fernando Freitas?). Previsível porque sabemos que a vitória está garantida. Surpreendente porque nunca somos capazes de adivinhar as jogadas que os caras vão inventar, as tabelinhas que farão, os dribles que darão. Nesse caso, o gol, mais que ser um detalhe, é uma inevitabilidade. Nossa única certeza é a de que o placar jamais terminará em branco. Ou em brancas nuvens, como prefiram.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Grafite na Agulha: 38) A lírica de Lira

Após um razoavelmente longo hiato, volto a dar um pouco de atenção a esta coluna – uma de minhas preferidas por aqui. Na verdade, gostaria de escrever mais sobre música e/ou literatura, que são as áreas que mais me interessam e apaixonam, mas nosso imenso paisinho tem o dom de me dar infelizes matérias-primas que me acabam levando por outros caminhos e, quando percebo, já estou completamente perdido num labirinto (nada a ver com o disco em questão) de assuntos que tenho que vomitar pra não deixar que virem enfermidades. Agora mesmo, enquanto escrevia, soube da prisão de Eduardo Cunha e fiquei cá comigo pensando em por que raios não o algemaram. Deu vontade de escrever algo, mas ainda é cedo. Não sei até que ponto é sério e até que ponto é teatro. Mas deixemos Cunha saborear sua nova residência e voltemos à música.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Os Manos e as Minas: 25) Dylan – the answer is blowin' in the wind!

Meu caríssimo editor Marcelo Nocelli (cuja editora Reformatório acaba de ter o romance A imensidão íntima dos carneiros – de Marcelo Maluf – laureado no Prêmio São Paulo de Literatura) iniciou no facebook interessante discussão sobre a escolha de Bob Dylan como ganhador do Nobel de Literatura deste ano. Segundo ele, apesar de reconhecer a genialidade de Dylan e achar que o artista merece todos os prêmios possíveis – em se tratando de música, of course –, preferia ver um escritor – na verdadeira acepção da palavra – receber o prêmio, principalmente nestes tempos modernos em que, "cada vez mais, ser apenas escritor é cada vez menos" – frase lapidar, diga-se. Finaliza parabenizando Dylan, que "merece tudo o que conquistou" e afirmando que "prêmios são sempre discutíveis; esse também é um intento das premiações".

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ninguém me Conhece: 82) Folk na Kombi – nos levando em frente

Existem sujeitos que parecem ter nascido com o, digamos, traseiro virado pra lua. Tudo em que se metem acaba dando o maior pé. Meu querido parceiro Bezão sem dúvida nenhuma é um dos mais bem acabados exemplos desse tipo de sujeitos. Conheci-o há muitos anos numa das noites autorais do Clube Caiubi, quando ainda funcionava em seu primeiro endereço, na rua homônima. Nessa época, Bezão era um dos integrantes do Rossa Nova (que contava ainda com Juka e Xamã), um trio que fazia um som que poderia ser classificado como uma renovação do rock rural. Não à toa, era apadrinhado pelo saudoso Zé Rodrix, um dos expoentes (juntamente com Sá & Guarabyra) desse movimento musical que explodiu na década de 1970.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Esquerda, Volver: 11) Ladainha dos golpistas

A data de 31 de agosto de 2016 será entendida no futuro como um dia que entrou pros anais... do povo brasileiro. Nossos netos se envergonharão muito dela. As conquistas sociais tão duramente alcançadas cairão por terra, como os gestos do então interino golpista já deixavam vislumbrar. E agora, com o golpista finalmente efetivado, obviamente depois de negociar alguns cargos com os senadores indeci$os, voltaremos ao século XIX. Mulheres, voltem pra cozinha; negros, voltem pra senzala; nordestinos, voltem ao trabalho braçal; gays, voltem pro armário; usuários de drogas, agora vocês são tão culpados quanto os traficantes! O país dos brancos bem-nascidos está de volta, pra alegria geral dos amarelinhos da Paulista e dos derrotados nas urnas. Esse golpe mostra ao mundo que no Brasil inexiste a igualdade de direitos; o voto de quem tem maior poder aquisitivo vale mais.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Esquerda, Volver: 10) Por que eu sou Haddad

Aos 44 do segundo tempo, vim aqui deixar meu depoimento. Vale mais que retarde do que tarde demais. Eu, cearense filho de retirantes, que sempre fora reticente antes, que me sentia um invasor, um perneta penetra, enfiado na cidade-desamor pela uretra (abaixo), e eis-me aqui dando a letra, pensando "agora me encaixo!", metendo a caneta, sentindo-me cidadão, quase orgulhoso de ser paulistano por adoção, junto com meus manos de coração e de luta, todos filhos da labuta, crescidos na família perifa, onde o pau come e a PM grifa, e tome cacetada, cacetete, pro pivete e pra rapaziada. Americanópolis City, vizinha da Vila Clara, onde o diabo teve conjuntivite, o horror deu as caras, Deus perdeu o apetite, o menoscabo da burguesia ganhou CEP e geografia... e cada lobo que se estrepe.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Crônicas Desclassificadas: 179) O homem e seu toque – um Midas ao contrário

Devia haver uma lei que proibisse o homem de se utilizar das coisas. Estas, em geral, são belas, até que vem unzinho qualquer, põe suas mãos sobre elas e... violà! Adeus, beleza! O homem nasceu pra estropiar tudo. É por isso que o mundo anda como anda hoje. A parte mais importante do homem são os olhos, que podem ver e ver e ver à vontade e nem por isso têm o poder de gastar as coisas. As coisas deveriam ficar intactas. Vejamos, por exemplo, o caso da lua. Que linda! Quantas canções de amor já inspirou, e continua lá, bela, impávida, intocável, majestosa. E por quê? Porque o homem não teve a capacidade ainda de pôr suas mãos sobre ela. Quer dizer, fora um astronautazinho mequetrefe que foi lá, fincou uma bandeira e foi embora. E o homem é tão pequeno perto da lua que nem a bandeira dá pra ver daqui.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Crônicas Desclassificadas: 178) Os compradores de canções

Venho por esta publicamente afirmar que EU TAMBÉM compro canções! Sempre comprei desde meus primórdios de pastinha verde com letras batidas a máquina. A verdade é que eu tinha vergonha de dizer, pois tenho muitos fãs, mas meu ídolo maior, Chico Buarque, me deu coragem de dar esse grande passo. Adeus, insônia! Adeus, complexo de culpa! Adeus, análise! Adeus, confessionário! Agora, eu sou um homem livre! Eu compro canções! Aliás, falando nisso, agora que eu admiti fica muito mais fácil de conseguir vendedor; o que eu antes fazia na surdina, no câmbio negro, na calada da noite, agora posso fazer à luz do dia, sem o menor medo de ser flagrado. Posso encontrar um vendedor numa esquina e na caruda efetuar a transação sem medo de olhares de censura e reprovação. Obrigado, Chico!

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Os Manos e as Minas: 24) Vander Lee – escrito no infinito

Quando morre uma pessoa legal, ainda que eu não a conheça fico bastante mal, tanto quanto triste. Me lateja a cabeça e a brotoeja de uma vergonha medonha persiste, como se o fato de eu continuar por aqui vendo o outro partir demonstrasse minha falta de classe, ou de passe, fosse eu um mentecapto que não estivesse apto a penetrar nos salões celestiais do lado de lá. Ou mais. Ao mesmo tempo, me ataca um sentimento mesquinho – visto que a carne é fraca –, e me regozijo por não estar sozinho; vem aquele alívio por estar eu ainda em vosso convívio, e sem querer me ouço dizer "Ufa! Ainda bem que não foi comigo!". Só por essa eu já mereceria castigo, mas imagino que não esteja só nesse quesito. Atire a primeira pedra fatal o infeliz sem eira nem beira que nunca quis adiar a viagem final pro infinito!

terça-feira, 23 de agosto de 2016

A Palavra É: 19) Gol

Parecia que seriam favas contadas. Começo do primeiro tempo, gol de falta (e de placa!) de Neymar, o time jogando bem, confiante, por um momento deu até a impressão de que o placar podia ser elástico. Não um 7 a 1, obviamente, mas um 3 a 0 não era de todo impossível naquele momento. Sonhar é permitido (pelo menos até agora, enquanto não privatizam). Corta! Começo do segundo tempo, gol da Alemanha – putz!!! Tensão, autoestima descendo dentro de um elevador desgovernado ao mesmo tempo que esquecidos traumas vinham à tona: complexo de vira-lata, crise, golpe, desemprego, falta de expectativa, nervos à flor murcha da epiderme, nós baratas tontas embaixo da pata de um paquiderme...

domingo, 14 de agosto de 2016

Crônicas Desclassificadas: 177) O traje do defunto

Foi apenas de relance. Mais um pouco e lhe teria passado despercebido. Contudo, a imagem ficou fixada em sua mente e passou a visitá-la com frequência, como um fantasma inofensivo, mas inconveniente. Chegou mesmo a sonhar com ela, que, mais que uma imagem, já era meio que uma visão do além, o que lhe gerava inúmeras indagações. Como o traje do defunto marido tinha ido parar no corpo esquálido daquele mendigo? E logo depois do sacrifício que tinha sido se desfazer de tudo o que pertencera ao esposo pra finalmente tentar viver sua vida em paz, sem tralhas do passado que levar a tiracolo na alma. Sim, amara-o com todas as suas forças e até com a justa abnegação de uma esposa de respeito, mas abrira mão de muitos sonhos, muitos projetos, e ainda era razoavelmente jovem pra ir atrás deles agora.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Entrevistando: 11) Max Gonzaga (por Adolar Marin)

É com um baita orgulho que mais uma vez abro as portas desta minha humilde casa pra meu mano Adolar Marin e sua, digamos, casa irmã: seu programa Na Minha Casa. Aliás, pode-se dizer que esta coluna Entrevistando já virou a casa dele, tão recorrentes são suas aparições por aqui, sempre trazendo gente que tem (e dá) o que falar. Sem falar que o autoencargo de anfitrião caiu bem em Adolar, que tem se mostrado a cada novo programa cada vez mais à vontade como tal. E tanto é verdade, que trouxe como exemplo o mais novo programa da temporada 2016, que, em minha modesta opinião, resultou numa das melhores entrevistas até agora do Na Minha Casa, o que gera muita expectativa quanto aos programas futuros, visto que vem seguindo numa escala ascendente.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Palavra É: 18) Brisa

De Vladimir Kush
Assisti com prazer a Observar e Absorver, documentário tão necessário de Júnior SQL que me arrepiou a pele e me impeliu a jogar palavras mil na parede imaginária da rede. Mas, pra ser sincero, o que deu ímpeto ao lero foi um detalhe quase besta que me garantiu o talhe pra esculpir esta. Mas, antes, preciso não ser conciso pra explicar a grama em que piso, aliás, pisei, pra chegar aonde ainda não cheguei. Epa rei! E é até engraçado que o entrevistado desse documentário, um sujeito que de otário não tem nada e que se enquadra feito círculo num quadrado, tenha sido batizado com o nome de Eduardo, sobrenome Marinho, o mesmo dos donos daquela organização que tem a satisfação de rimar globo com fazer o polvo de lobo.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Esquerda, Volver: 9) O legado de Stalin

Foto: Paulo Pires/GES
Ao longo das não poucas décadas que carrego no lombo (e na alma) – mais de resistência que de existência –, a literatura tem sido uma de minhas fontes preferidas de aprendizado de (não só) história, pois é um modo de eu estudar, se não brincando, ao menos me divertindo. E considero este o mais eficaz (e ainda pouco utilizado) método de aprendizado. Por isso, celebro o fim da leitura do talvez mais importante (e interessante) romance deste século que ainda não atingiu sua maioridade: O homem que amava os cachorros, do escritor e jornalista cubano Leonardo (tinha que ser!) Padura, que conta, de modo romanceado (obviamente, visto que é um romance), as histórias de Leon Trotski, seu assassino e, de quebra, grande parte do século XX.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Os Manos e as Minas: 23) Dodô e eu, eu e Dodô

Por Fernando Freitas
Gratidão. Essa palavra anda tão na moda hoje em dia, que muitas pessoas trocaram o bom e velho "obrigado" por ela. Antigamente, a gente dizia "obrigado/a", com esse o/a variando de acordo com o sexo, obviamente. Hoje, resolvemos o problema de gênero: tascamos um "gratidão", e tá tudo certo, seja homem, mulher ou como se autodefina. Mas, falando sério, gratidão é o que sinto por meu mano velho Adolar Marin. E por uma série de fatores, tantos que nem sei se o espaço aqui vai dar conta de abarcá-los se eu os começar a enumerar. Porém, independente do cabimento, resolvi que era hora de tratar dele. Aliás, dele não, de nossa relação. Já faz algum tempo que vinha querendo escrever a respeito dela, e acontecimentos recentes me fizeram bater o martelo.

sábado, 16 de julho de 2016

Crônicas Desclassificadas: 176) Eu, invasor de corpo ou A infância roubada

Sinto uma legítima inveja quando vejo algum barbado (refiro-me a um adulto; a barba aqui no caso é pura retórica) contar com riqueza de detalhes sobre períodos ou passagens de sua infância. Eu não vivi minha infância. Melhor dizendo, eu não me lembro de ABSOLUTAMENTE NADA de minha infância. Quando revejo velhas fotos, fico deveras assombrado ao ver aquele moleque que, dizem, eu fui em situações e locais sobre os quais não me vem a mais vaga lembrança. Pior, muitas vezes me autoengano, sugestionado por parentes que contam sobre esse ou aquele fato, e com tamanha familiaridade, tanta proximidade, como se tais fatos tivessem ocorrido ontem, que chego mesmo a acreditar que me lembro deles(!).

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Crônicas Desclassificadas: 175) Pra quem o escritor escreve?

Há alguns dias, deparei-me, sem querer querendo, com réplica de Bernardo Carvalho (colunista da Folha de S.Paulo) a João Pereira Coutinho (outro colunista da mesma Folha). Pra resumir, a história era a seguinte: Carvalho, durante um debate na Flip do qual participou, a certa altura se saiu com este polêmico comentário: "Não me interessa se o leitor lê ou não lê; eu quero que se foda. O que eu quero é fazer minha literatura." E então o português Coutinho dedicou sua coluna seguinte a espinafrar o colega. Antes de continuar, um aparte: quando Coutinho chegou à Folha, há alguns anos, deslumbrei-me com ele, cheguei até a lhe dedicar uma crônica (esta); depois, cansei-me um pouco dele, e não por seu explícito posicionamento político à direita, mas porque percebi que seu fôlego era curto.

sábado, 9 de julho de 2016

O X do Poema – 6 anos de teimosia

Neste 9 de julho novinho em folha, O X do Poema completa 6 anos de teimosia pura, ou pura teimosia; como prefiram. Quando comecei, vendo tantos blogues baldios por este quarteirão virtual, não sabia realmente por quanto tempo ia ter fôlego pra me dedicar a esse gratuito (porém prazeroso) ofício; mas os textos foram nascendo espontaneamente (em sua maioria), colunas foram sendo criadas, leitores, colaboradores e divulgadores foram dando o ar da graça, e assim o bloguinho chega a seu sexto ano de resistência muito bem, obrigado! Durante esse período, fui vendo também o ir e vir de leitores, o surgimento de desafetos (é, a sinceridade tem seu preço), a sempre bem-vinda chegada de novos parceiros... E posso também me gabar de não ter fugido de temas espinhosos; a nova coluna Esquerda, Volver tá aí e não me deixa mentir.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Cançonetas (7) + Trinca de Copas (36): Fernando Cavallieri, Marcio Policastro e Pedro Moreno


1) CIDADE ABERTA

Há algum tempo, pensando em minha relação de amor e ódio com a cidade de São Paulo, compus um soneto duplo batizado de Soneto Paulistano, que acabou ficando engavetado por falta de parceiro afim. Só que, há algumas semanas, quando fiquei sabendo que o usurpador Michel Temer era o primeiro presidente paulista em 110 anos, resolvi, num dos tantos encontros da MPB Universitária no Garagem Vinil, recitar o bendito double soneto e "dedicá-lo" ao Temerário. Fernando Cavallieri, que estava presente no dia, gostou do poeminha e me pediu autorização pra musicá-lo. Poucos dias depois, já rebatizada de Cidade Aberta, nasceu a canção que ora divulgo em primeira mão:

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Trinca de Ouro: 11) Folk na Kombi, Iris Salvagnini e Sander Mecca


Há muito se fala no fim do CD físico. Eu, que sou da época do LP, do qual, admito, tenho saudades, posto-me como voz dissonante em relação a esse assunto. Sou favorável a tudo o que apareça pra facilitar nossa vida, mas ainda defendo a bolachinha (como defendi a bolachona), nem que seja apenas por questões afetivas. Contudo, a Terra gira, a vida segue e, como diz Zé Simão, quem fica parado é poste. Por isso, escolhi desta feita, pra tirar o pó desta coluna, três parcerias minhas lançadas (por ora) em plataformas digitais. Vamos a elas:

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Grafite na Agulha: 37) Ainda são tempos de canção

O orgulhoso (e ainda pior quando é invejoso) tem o mau hábito (alguns, também o mau hálito) de achar que o mundo gira em torno de seu umbigo. Não digo que seja meu caso, até porque pra bom entendedor... Melhor não me estender mais, pois o sujeito, quando não tem razão, quanto mais explica mais se complica. Façamos assim: tentemos ir por caminhos mais amenos (mais ou menos), como os cronológicos (não confundir com cronópios). Farei o que gosto, contar uma historinha. Esta: lá nos primórdios, quando passei a frequentar o Clube Caiubi (ainda em seu primeiro QG, na rua Caiubi, 420, no paulistano bairro que atende pelo nome de Perdizes), reencontrei o mano Álvaro Cueva, velho companheiro de Samba da Bênção (a história é antiga, se quiser saber maiores detalhes, segue o link), e... Bem, vamos a um parágrafo novo, que este já anda um tanto capenga...

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A Palavra É: 17) Geminianos


Pra todo intelectual que se preze, é de bom-tom começar um texto com uma citação de alguém famoso. Apesar de eu não ser intelectual (muito menos me prezar), como vou escrever esta crônica tratando de geminianos e sei que eles têm o ego nas alturas resolvi meter um "gêmeo" nas ideias e começar parafraseando Euclides da Cunha, que dizia que "o sertanejo é, antes de tudo, um forte". Assim, digo eu que o geminiano é, antes de tudo, um ególatra. E que, entre todos eles, os humildes são os piores, pois um geminiano vaidoso quer PROVAR COMO é o suprassumo da quintessência, já um geminiano humilde faz o impossível pra que terceiros PERCEBAM COMO ele é o suprassumo da quintessência. Resumindo: os geminianos seriam deverasmente intragáveis se não fossem... maravilhosos! Em minha humilde e sagitariana opinião.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Trinca de Copas: 35) Adolar Marin (+ Gilvandro Filho), Clarisse Grova e Nando Correia


1) INCONTÁVEL


Há alguns dias, aniversariou meu mano Élio Camalle, o cara com quem mais filosofei, bebi, briguei, ri e compus (não exatamente nessa ordem, mas às vezes tudo isso ao mesmo tempo). Coincidentemente, perto do aniversário dele minha também parceira Clarisse Grova divulgou no fb uma canção dela em parceria comigo feita justamente em homenagem a Camalle. Então, resolvi trazê-la pra cá juntamente com sua história. Deu-se desse modo: há alguns anos, quando eu e Camalle (assim como hoje) vivíamos um período de afastamento, alguém divulgou nas redes sociais uma canção chamada Dia de Estrelas, dele em parceria com meu também parceiro Kleber Albuquerque – ouça-a aqui com o incrível Rubi.

sábado, 11 de junho de 2016

A Palavra É: 16) Morango


Uma pessoa amiga minha – que preferiu permanecer anônima (não sei por qual motivo) – me desafiou a escrever sobre uma fruta de minha preferência. Não vacilei e decidi tratar sobre o morango. Sou completamente apaixonado por essa fruta, e desde criança. Lembro que quando minha mãe ia me comprar um Nescau ou um Toddy eu sempre lhe pedia que, em vez do de chocolate, escolhesse o de morango. Já grande, me amarrei também na caipirinha dessa fruta. Pra mim, tudo com morango fica bom. Nunca experimentei, mas acho que posso comer morango até com farinha; no meio de uma feijoada, no lugar da laranja; ou mesmo como recheio de um pão francês. E percebam que nem citei a bolacha de morango, o iogurte de morango, o fondue de morango... Ah, e o bolo de morango, hem? E se for de aniversário então... hummm!

domingo, 29 de maio de 2016

Crônicas Desclassificadas: 174) Eu sou mais ela, sou mais Zélia

Fiquei sabendo pelas redes sociais que Zélia Duncan foi chamada de oportunista por um sambista que se sentiu ofendido ao ver, no Prêmio da Música Brasileira, o nome dela indicado ao lado do dele na categoria de melhor disco de samba. Na sequência, li a resposta que ela lhe deu na coluna que assina n'O Globo (leia aqui) e fiquei encantado com essa moça, com vontade de lhe tascar um beijo pleno de afeto e admiração. Aliás, diria que estamos afinados no que se refere à questão. Eu, por exemplo, sempre gostei de samba, mas odeio o "sambismo", da mesma forma que sempre gostei de rock, mas sinto particular pena daqueles que se reduzem a "roqueiros" ignorando que há uma infinidade de estilos musicais maravilhosos mundo afora dos quais abrimos mão ao nos autorrotularmos um "ista" ou um "eiro".

domingo, 22 de maio de 2016

A Palavra É: 15) Felicidade

Estava começando a escrever sobre o assunto do momento, cultura, agora que o presidente golpista tá brincando de tira e põe com esse ministério e alguns imbecis ainda vêm com aquele papinho de "nós não precisamos de cultura, precisamos de mais hospitais, de mais empregos; abaixo a Lei Rouanet; e blá-blá-blá e nhem-nhem-nhem e ti-ti-ti"; só que meu amigo Henrique Barros, que está à frente de uma revista eletrônica chamada Papel da Música, me pediu pra escrever umas linhas introdutórias sobre a canção que escolheu pra primeira edição, que é justamente A Felicidade, de Élio Camalle, então, inspirado pelo que escrevi pra ele, resolvi fazer um tricô por aqui entre esses dois temas, que, aliás, estão interligados: cultura e felicidade. Afinal, a felicidade plena só pode existir numa sociedade que leva a sério sua cultura.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Entrevistando: 10) Kana & Sander Mecca no Na minha Casa

O programa Na Minha Casa, de meu mano Adolar Marin, começou 2016 com o maior gás e já de cara trouxe dois artistas muito próximos a mim, Sander Mecca (parceirão, baita intérprete, visceral, "nervoso", enfim, total em cada nota; de quebra, também um inspirado, ainda que bissextamente, compositor) e Kana (minha japa do coração, charmosa, polivalente, toda empatia, cantora de timbre peculiar e compositora originalíssima). Portanto, eu não podia deixar a ocasião passar em branco, tinha que trazê-los pra cá, pra este espaço que, de uma forma ou de outra, se irmana com o projeto de Adolar.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

A Palavra É: 14) Corrupção

Admito que a nova coluna de meu blogue, Esquerda, Volver, por motivos óbvios, tem ganhado mais atenção minha que as demais colunas. Mas constato isso com tristeza; preferia estar tratando mais de música, literatura, enfim, de assuntos do meio ao qual pertenço, só que os acontecimentos atuais ou me desmotivam a fazê-lo ou tornam tudo o mais coisas de somenos importância. Contudo, pra democratizar o espaço e deixar o desequilíbrio da balança um pouco menor, maquiei um assunto e o travesti de palavra pra trazê-lo pra esta coluna. Sim, caros, a palavra é a que está, aliás, tem estado na moda há pelo menos três anos: corrupção. E, mais, desde que Chico Buarque deixou de ser unanimidade em solo pátrio, é uma das poucas unanimidades por aqui. Ou seja, NINGUÉM é a favor da corrupção. Nem os corruptos (pelo menos em público)!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Esquerda, Volver: 8) O luto e a luta

Tô puto. Num mato sem cachorro. Nem sei pra onde corro. Esta quinta-feira sem eira nem beira, 12 de maio de 2016 (tá bom pra vocês?), é um dia de luto. Dia em que os filhos da puta (piratas de gravata) tomaram a pátria à força (bruta) graças a mamatas entre os trutas, com a ajuda dos otários de amarelo e do elo com um judiciário salafrário, casa de demagogos de toga onde a justiça se afoga (a ferro e fogo) mudando a seu bel-prazer as regras do jogo. Essa liga da justiça de uma figa carece de heróis no lugar de caubóis fora da lei. Em terra de sócios, quem tem quadrilha é rei (onde foi que eu errei?). Quem tem filha que a tranque em casa, quem ora assume o poder é o caralho de asas.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Esquerda, Volver: 7) O que não queria magoar e o injuriado

"Eu sei que já faz muito tempo que a gente volta aos princípios/ Tentando acertar o passo, usando mil artifícios/ Mas sempre alguém tenta um salto, e a gente é que paga por isso/ Fugimos pras grandes cidades, bichos do mato em busca do mito/ De uma nova sociedade, escravos de um novo rito/ Mas, se tudo deu errado, quem é que vai pagar por isso?" Estes são alguns dos preciosos versos de Bernardo Vilhena sobre melodia de um compositor que não existe mais. A canção, atualíssima, chama-se Revanche, e o dono da melodia e que já não a canta faz um tempo se chama Lobão. Sim, aquele mesmo que preferia viver dez anos a mil a viver mil anos a dez na nervosa Décadence Avec Élégance; aquele da Vida Bandida; dos Canos Silenciosos; que puxava a orelha do (e na) Mano Caetano; que...

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Esquerda, Volver: 6) Fragmentos de "A desobediência civil" e outros textos de Thoreau

Certa vez, estava eu assistindo a um filme antigo (cujo nome esqueci) dirigido por Douglas Sirk, quando reparei que em uma cena a personagem principal folheou meio por acaso um livro que até então repousava sobre uma mesa. Sou muito curioso em relação a capas de livros; quando estou em algum transporte coletivo e vejo alguém lendo, dou sempre uma pescoçada (in)discreta pra ver o nome. Assim, congelei a imagem na cena em que apresentava um melhor ângulo da capa do livro em questão e li Walden, Henry David Thoreau. Anotei título e autor e mais tarde fui pesquisar a respeito. Descobri que o tal de Thoreau foi um polêmico estadunidense que viveu no século XIX e era um ferrenho crítico da escravidão, do ideal de viver em função do trabalho e, sobretudo, do american way of life.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Canções que Amo: 5) Novas canções de protesto, por Fernando Cavallieri (na voz de Karina Ninni); Kleber Albuquerque + Adolar Marin; e Max Gonzaga

Nossa democracia nem bem teve tempo de crescer e aparecer e já se depara novamente – em pleno século XXI! – com artifícios da direita, que nunca soube admitir a soberania do voto e os avanços sociais e busca camuflar um novo golpe travestido de processo legal. Trata-se, obviamente, de artimanha de uma corja que só atende a interesses próprios (e de quem a mantém, por supuesto). Em nossa mais recente ditadura (até hoje, porque, como gostamos de ditaduras, não será de causar espanto se cairmos no abraço madrasto de uma nova nos próximos dias), os compositores engajados nunca se deixaram calar e compuseram uma série de clássicos que, batizados de "canções de protesto", viraram verdadeiros hinos de resistência.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Esquerda, Volver: 5) Em defesa do cuspe

Chegou o momento de o cuspe ter seus 15 minutos de fama. É um tal de cospe pra lá, cospe pra cá; e, como tudo o que tá na moda, o cuspe tem suscitado muita polêmica. Já há a turminha do pró-cuspe e a outra do contra cuspe. E eu, que nunca gostei de ficar em cima do muro e sempre procurei não passar ao largo do clamor dos mais fracos e oprimidos cuspidores, venho por esta me posicionar (salivar?) ao lado da galera da cusparada. Sim, porque o cuspe é a arma da impotência, é o digno desprezo da vítima ante um algoz mais poderoso e, não raro, injusto. O cuspe é o três-oitão do lutador pacífico, daquele que sabe que não pode contra o adversário, mas nem por isso se deixa subjugar por este. Não à toa, em espanhol cuspir significa escupir; porque cuspir não deixa de ser uma forma de esculpir.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Notícias de Sampa: 19) A música subversiva da nova MPB Universitária

O charmoso clube paulistano Garagem Vinil acolheu semana passada um show coletivo de artistas contra o golpe, que foi também marco inicial do novíssimo movimento musical MPB Universitária. Mais abaixo, um de seus membros – e seu mentor intelectual –, Edu Franco, explicará a que vem esse movimento (do qual também faço parte juntamente com Adolar Marin, Fernando Cavallieri, Kleber Albuquerque, Marcio PolicastroMarco Vilane, Max Gonzaga, Rica Soares, Ricardo Moreira e nossa musa/madrinha/produtora Solange Rocco... outros estão chegando); antes, contudo, aviso aos navegantes que nesta quinta-feira próxima, 21 de abril, não coincidentemente quando se comemora o Dia de Tiradentes, alguns dos membros do movimento sobem novamente ao palco do Garagem Vinil pra mais uma apresentação, que, ao que tudo indica, estará em cartaz nessa mesma casa em datas a confirmar. Se você estiver por aqui, venha prestigiar. Como disse o amigo Vlado Lima, não é necessário apresentar carteirinha da UNE.

sábado, 16 de abril de 2016

Esquerda, Volver: 4) O rumo dos ex-petistas

Eu, desde criança, sempre fui petista. Tive até um tio que foi candidato a vereador pelo PT. Ele não ganhou, mais tarde se desiludiu com o partido da estrelinha, pegou sua trouxa e se picou pras bandas de outros partidos. Importante frisar: outros partidos mais à esquerda que o PT. Ou seja, chutou o balde. E era justamente esse o ponto nevrálgico no qual eu queria tocar. Hoje, vemos um país dividido entre petralhas e coxinhas, tendo uma razoável parcela da sociedade sentada em cima do muro esperando a banda passar. E eu vim aqui hoje justamente conversar com você, meu amigo ex-petista. Eu também sou um ex-petista. Quem acompanha meu blogue sabe que, durante esses anos em que escrevo minhas inofensivas bobaginhas por aqui, tenho sido crítico ferrenho do governo petista.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Trinca de Copas: 34) Lalo Guanaes, Márcio Guimarães e Marcio Policastro

1) ANACORETA BLUE

Ano passado, o bróder Sander Mecca me apresentou a um músico feraça chamado Márcio Guimarães e me disse que, como este se tratava de um "monstro", acreditava que nós nos iríamos dar bem (cri, naquele momento, que ele me chamava também, de tabela, de "monstro". rsrs – putz, usei um "rsrs" num texto! Phodeu!). Fiquei com o nome do do sujeito na memória, pois, quando algum amigo faz esse tipo de apresentação, costuma dar samba. Já me havia ocorrido o mesmo tempos antes quando outro chegado, o também parceiro Daniel Ramos, numa feliz madrugada, me apresentou ao próprio Sander.