sábado, 24 de fevereiro de 2018

A Palavra É: 39) Gengibre

Minha "patroa", Kana, faz um karê dos deuses — pra quem não sabe, karê é a versão japonesa do indiano curry. Antes de nossa mudança pro Japão, fomos recebidos na casa de Sander Mecca & família pra um bota-fora, e, pra enriquecer ainda mais o cardápio preparado pelos anfitriões, Kana mais uma vez nos brindou com seu karê. Sander, maravilhado, perguntou-lhe qual seria o segredo de tão mágico sabor; e Kana lhe respondeu com simplicidade: "O segredo está no gengibre." Claro que eu já estava a par desse "segredo". Aliás, mais que isso; já tinha o costume de propagar o bendito gengibre pra cima e pra baixo, e não poucas vezes fora do contexto culinário.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Os Manos e as Minas: 31) Na ilha de Chico, no barco de Caetano

Tom Zé, nos primórdios, quando a Tropicália ascendia, ao ser questionado num programa de TV a respeito das diferenças estéticas entre eles (os tropicalistas) e Chico Buarque, tascou sem dó e com a fina ironia que sempre lhe foi característica que respeitava muito o autor d'A Banda, "pois ele é nosso avô". Claro, Tom Zé, que é oito anos mais velho que Chico, referia-se à música deste, que, segundo ele, parecia antiga se comparada com a que os baianos & agregados andavam fazendo. Já eu costumo dizer que a genialidade de Chico foi revolucionar a música brasileira sem violar sua estrutura, seguindo todos os padrões clássicos. A modernidade de Chico sempre esteve na qualidade do que fazia/faz. Creio mesmo que depois da morte de Noel Rosa o Brasil teve que esperar quase três décadas pra ver surgir alguém com a pena tão refinada.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A Palavra É: 38) Bunda

Aviso aos navegantes: 
Esta crônica foi encomendada por minha amiga Silvia Maria Ribeiro. Sou um blogueiro sério e costumo tratar de assuntos da mais alta relevência, mas, como bom covarde, não fujo a desafios... só por masoquismo.

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El baño — de Fernando Botero
Vinicius de Moraes em certa ocasião deixou escapar uma afirmação que dita hoje causaria furor na nova inquisição que são as redes sociais e, por que não?, o feminismo exacerbado que vê em cada flerte uma ameaça de assédio(/estupro?). Disse ele, sem medo de ser feliz: "Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental." Levada ao pé da letra (sobretudo desta pequena letra que é o pensamento único das ditas correntes), a viniciana aberração levaria seu autor ao corredor da morte ou, na melhor das hipóteses, ao degredo a que são sujeitas as personas non gratas (Woody Allen?). Contudo, se dermos dois passos atrás pra vermos melhor esta chistosa pérola, perceberemos que Vinicius não tratava da beleza vã, mas da beleza como obra de arte.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Filho da preta! — na boca dos leitores (7)

Venho por esta avisar a quem interessar possa que dei o ponto final a meu segundo romance, A Confraria dos Mascarados, já faz algum tempo, porém ele não pôde ser lançado ainda porque minha mudança pro Japão veio modificar meu calendário. Espero que quando volte possa publicá-lo. Por ora, segue mais uma leva de depoimentos de leitores sobre o primeiro, Filho da preta!. E, desta feita, com um acréscimo importante. Um leitor mais sagaz terá percebido que meu livro foi dedicado a três pessoas; uma delas, no entanto, só agora, quase quatro anos depois do lançamento, encontrou tempo em sua ocupada agenda pra dedicar umas horinhas à leitura dessa minha humilde obra.