sábado, 28 de novembro de 2015

Crônicas Desclassificadas: 168) A (in)utilidade da arte e outras belezas

Paweł Kuczyński
Meu amigo Erico Baymma está preparando uma matéria sobre a utilidade da arte e me convidou a escrever umas palavrinhas a respeito do tema, tendo como base uma frase de Oscar Wilde que aparece no prefácio de seu romance O retrato de Dorian Gray.  A bendita frase diz que "all art is quite useless". Erico me diz ainda que viu, em duas editoras diferentes, duas traduções distintas: 1) "Toda arte é essencialmente inútil" e 2) "Toda arte é basicamente inútil", fato que lhe chamou a atenção por revelar diferenças, se não essenciais, ao menos básicas. Pra complicar mais ainda a coisa, indo ao tradutor do Google me deparo com terceira tradução, "toda arte é completamente inútil". Confesso que deveras fiquei completamente pasmado com a gama de possibilidades dessa inutilidade.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Crônicas Classificadas: 43) A desinformação midiática deforma o brasileiro

Há alguns meses, escrevi um texto chamado O PT errou, que mereceu longa resposta de meu amigo Roney Giah, que acabei, democraticamente, publicando também por aqui (o link pra lê-lo é este). Tal diálogo gerou muitos comentários, e calhou de outro amigo se sentir motivado a escrever, por sua vez, uma resposta à resposta de Roney. Seu nome: Edu Franco. Pra ser bem sincero, essa resposta de Edu tá guardadinha aqui em meus arquivos já faz uns meses, mas, sempre quando eu pensava em publicá-la, algum assunto urgente (ou mesmo a falta de tempo) me impedia de fazê-lo. Esta semana, contudo, após os acontecimentos políticos cobertos com a tendenciosidade de sempre, acho que o texto de Edu chega em boa hora. Como em relação ao texto de Roney, antecipo que a responsabilidade pelas palavras abaixo é totalmente de Edu, que, no mais, não costuma fugir de um bom debate. Ao texto, pois:

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Crônicas Desclassificadas: 167) Paris x Mariana

A morte me é um tema muito sensível. Já escrevi sobre ela diversas vezes aqui. Não à toa, um dos romances que mais mexeram comigo nos últimos anos foi justamente As intermitências da morte, de José Saramago, no qual durante um período ela (a morte) para de atuar, pra logo voltar, mas de acordo com novas regras. Confesso que o interesse pelo assunto é novidade pra mim. Como todo jovem, achei que tinha uma eternidade pela frente. Contudo, com o passar dos anos, e após ter tido contato real com a morte por mais de uma vez, de repente, do dia pra noite, dei-me conta de que sou mortal, meu tempo pra realizações pessoais é limitado. E, a partir de então, passei a vislumbrar a possibilidade de um mundo sem mim(!).

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Entrevistando: 9) Léo Nogueira (por Adolar Marin)

foto: Fernando Freitas
O mano Adolar Marin é um parceiro (e amigo) meu da velha. Conhecemo-nos há aproximadamente 15 anos e, de lá pra cá, devemos ter composto juntos cerca de 40 canções. Não compusemos mais porque ele, além de ser um tanto caymmiano, é supercriterioso em relação a letras, motivo pelo qual não titubeou em me devolver muitas das minhas que não passaram por seu controle de qualidade. Ou seja, desenvolvemos uma relação na qual o que nunca faltou foi sinceridade. E foi exatamente por isso que, quando me convidou pra ser entrevistado em seu programa Na Minha Casa, apesar de eu ter ficado envaidecido, minha primeira intenção foi declinar do convite. Afinal, eu tinha acabado de publicar aqui mesmo a primeira edição do programa, com Gabriel de Almeida Prado, e temi que minha ida pudesse ser vista como jogação de confete.

domingo, 15 de novembro de 2015

Filho da preta! – na boca dos leitores (5) – por Kléber Albuquerque

Sabe o tamanho da alegria que um autor sente quando um cara que ele admira pra caramba escreve, generosamente, umas linhas sobre seu trabalho? Se você não souber, não serei eu quem vai lhe explicar, porque, embora tal fato tenha ocorrido comigo, faltam-me palavras pra qualificar essa alegria; tudo o que ousar dizer poderá parecer pouco. Assim, deixo que as palavras falem por si. Não as minhas, obviamente; as de Kléber Albuquerque, que gostou tanto de meu livro a ponto de permitir que sua mãe o lesse (confesso: ainda não tive a coragem de induzir minha própria mãe à leitura dessas páginas, por medo de ver, "verdadeiramente", a coisa ficar preta!). No fim das contas, o amor materno sobreviveu ao ponto final (que não há) e eu ganhei este presente que ora emolduro aqui:

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Filho da preta! – na boca dos leitores (4)

sonho realizado de ter
um livro meu na estante,
entre meus livros
Na próxima terça-feira, também conhecida como 17 de novembro de 2015 (se você lê estas linhas após a referida data, continue, pois os comentários abaixo ainda estarão valendo), chega a vez de levar meu Filho da preta! pra expor seu beabá ali no ABC, mais especificamente em Santo André (SP). Pra quem estiver por perto e quiser aparecer pra bater um papo comigo, ouvir um som da Kana (que fará uma pequena apresentação enquanto autografo) e, de repente, adquirir meu quixotesco romance, anote aí: o babado rolará na Casa da Palavra, que está localizada na Praça do Carmo, 171, no Centro, a partir das 19h. A entrada, obviamente, é gratuita; você só paga se achar que o verbo que vou soltar por lá vale o preço do livro. Como não poderia deixar de ser, os CDs da cantora também estarão à venda. 

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Crônicas Desclassificadas: 166) Os incendiários da arte

Escrever é, entre outras coisas, também um exercício de estilo. Não é apenas o que se quer contar, mas a forma utilizada pra fazê-lo. Claro, estou me referindo à literatura, mas podemos aplicar o mesmo raciocínio a outras artes, como, por exemplo, o cinema, a música etc. Ao vermos um filme, percebemos quando tem a "digital" de seu diretor por alguns detalhes, como a forma de manejar a câmera, a opção por sequências longas ou cortes rápidos, a utilização de cores berrantes (tão ao gosto de Almodóvar) ou desbotadas, ou ainda o preto e branco. Já quando ouvimos uma canção de João Bosco, por exemplo, logo nos primeiros acordes reconhecemos seu violão único; ou, se é de Chico, suas rimas sufocantes chamam a atenção, assim como suas aliterações e metáforas.