segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Ninguém me Conhece: 72) Brindo por Andrés Calamaro

Quando viajei a Buenos Aires pela primeira vez fiquei apaixonado pela cidade e saí avidamente a pesquisar livros e discos argentinos. Claro que eu não era ignorante de todo, mas admito que meu conhecimento sobre os vizinhos era bem limitado. Em relação aos discos, recebi uma grande ajuda de uma jovem garçonete (imagine se um estrangeiro perguntasse sobre música brasileira a uma garçonete por aqui... afe!), que anotou num guardanapo nomes de vários cantautores locais, como Charly GarcíaFito PáezLeón GiecoVictor Heredia e... Andrés Calamaro.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Notícias de Sampa: 6) Tavito's Birthday 2013

Falar a respeito de reconhecimento atualmente é assunto pra não poucas laudas. Parece que a coisa funciona na base do inversamente proporcional. Quanto menos conteúdo, mais reconhecim... Não, ia escrever uma palavra pensando em outra. A frase que ficou capenga se referia a fama, que não tem, necessariamente, que ver com reconhecimento. Podemos apontar e dizer "lá vai um famoso" sem, contudo, conferir-lhe mérito. Por isso hoje a profissão mais rentável é a de famoso, que, em boa dose, é o talento que certo indivíduo possui pra ser conhecido pela falta de qualificações, em outras palavras, talento.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 68) O livro de Lídio

Lídio penentrou naquela biblioteca que mais parecia um parque de versões e aleitoriamente ex-colheu um livro e o abriu. Mas aquele não era só um livro, era, mais que isso, um poço. De forma que este se apoçou dele, poçoindo-o mais quanto mais Lídio caía, meio assim como quem sobrevaga, engolendo a desgravidade, grávido de palavras até então em tranhas, neolongando a paraqueda como uma borboletra, até chegar ao texto chão e salvo. Ficou alguns segundos assim, teceiro, minuteando entendercido, descompaginado, acostumolhando os olhos no emaralhamento de letras, até que se sentiu melhor, acentou os pés nas vogais, calçou duas vírgulas e saiu entrelinhando por antalhos, no encauso de parágrafos paralelepítetos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 67) Conto de babas

Dizem que quando a gente deseja muito uma coisa, mas MUITO MESMO, todo o universo conspira pra que consigamos obter o objeto de desejo. Com Naldinho acontecia justamente o contrário. Estava às vésperas da maioridade e ainda era BV (boca virgem), cabaço de boca. O outro cabaço perdera fazia alguns meses, quando dera umas bandas pelo centro e encontrara uma espécie de casa de assistentes sociais pra problemas íntimos. Só que a profissional a quem coube atendê-lo, por mais que fosse competente, fora categórica e respondera-lhe na lata que "Beijar eu não beijo!".

sábado, 12 de janeiro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 66) O trabalho segundo Lavorato

Lavorato não parava em emprego. Completara recentemente 33 anos (idade de Cristo) e morava ainda na casa dos pais, porque tampouco conseguia manter relacionamentos duradouros com as moças. As que dele não fugiam, ele fazia de tudo pra espantar. Amigos, nenhuns, pois Lavorato tinha o mau hábito de cuspir verdades em narizes alheios. Grana, quando a tinha, torrava em livros. Só não andava esmolambado porque sua mãe, dona Maria (santa Maria!), católica fervorosa e mãe zelosa, supria-lhe o guarda-roupa.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Ninguém me Conhece: 71) Vinicius Calderoni, falando bonito


Foi no Café Piu Piu, faz alguns anos. Lembro que eu estava lá, com Kana, pra assistir ao show de lançamento do ótimo CD Já Era Hora, do não menos ótimo Affonso Moraes, compositor veterano e parceiro querido. O Piu Piu tinha o costume (acho que ainda tem, faz um tempinho que não apareço por lá) de fazer um intervalo no meio de cada show, pra faturar, claro, nada mais justo. E foi aí que o acontecimento se deu. Existem algumas canções que, de tão boas, lembramo-nos exatamente de quando e onde as ouvimos pela primeira vez. Foi o caso desta. O técnico de som da casa pôs um CD pra tocar e...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 65) Literatura brasileira em trocentos tons de cinza

Meu camarada (e grande compositor) Marito Correa, certa vez, comemorando seu aniversário com um show em um bar, ouviu do dono deste, visto que o público não era o esperado, a fatal pergunta: "Cadê o público?", ao que Marito, sem pestanejar, retrucou: "Eu é que pergunto. Eu trouxe a música, você trouxe o quê?". O diálogo foi mais ou menos esse, apenas o utilizei pra ilustrar outra questão espinhosa no Brasil, a da venda de livros, sobretudo a de livros brasileiros.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Crônicas Desclassificadas: 64) O novo velho oeste

Há alguns anos sofri um acidente automobilístico do qual escapei com vida (e sem maiores complicações que o ganho de um nariz "pugilizado" e uma costela sem condições de dar à luz evas) pelo que se costuma chamar milagre. Mesmo assim, até os 40 anos a morte nunca havia ganho especial atenção de meus pensamentos, porém, se nela eu pensava, nem me fazia cócegas. Sentia-me quase eterno e, com uma larga estrada de realizações a percorrer, preferia, obviamente, deixar de coisa e cuidar da vida, já que eu ainda era tão moço pra tanta tristeza. Mas, dos 40 pra cá...