quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Entrevistando: 12) Zeca Baleiro no Na Minha Casa

Craque é craque. E quando dois craques se encontram já dá pra adivinhar o que vem pela frente. O toque de bola sofisticado nem carece de treino. Vavá e Garrincha, Pelé e Tostão, Sócrates e Zico, Bebeto e Romário, Rivaldo e Ronaldo, mais recentemente Messi e Neymar... Dá gosto ver, né? Do mesmo modo, botar frente às câmeras dois craques da canção como os manos Adolar Marin e Zeca Baleiro e dar a cada um deles um microfone e um violão é algo que ao mesmo tempo é previsível e surpreendente (né, Fernando Freitas?). Previsível porque sabemos que a vitória está garantida. Surpreendente porque nunca somos capazes de adivinhar as jogadas que os caras vão inventar, as tabelinhas que farão, os dribles que darão. Nesse caso, o gol, mais que ser um detalhe, é uma inevitabilidade. Nossa única certeza é a de que o placar jamais terminará em branco. Ou em brancas nuvens, como prefiram.

Foi assim o Na Minha Casa especial de um ano. Certo versículo bíblico cuja frase é atribuída ao filho do Criador já dizia: "Dai e recebereis." Assim, confiante nessa máxima, era questão de tempo pra que Adolar entrasse por porta alheia, visto que sempre abriu as de sua casa pra ilustres convidados. Desta feita, quem lhe abriu as portas foi Zeca Baleiro, que emprestou seu estúdio pra que a equipe do programa entrasse com sua estrutura e a costumeira qualidade. E o verdadeiro craque não joga bem só em casa, é justamente em gramados alheios que prova por que faz a diferença. Foi assim que Adolar se sentiu no baleiro estúdio. Como se estivesse em sua Santo André, onde tem CEP e aconchego, jogou pra torcida adversária como se sua fosse. Aliás, nunca é demais frisar que a música difere do futebol, pois nesse campo a torcida em geral se deslumbra com qualquer craque, independente da camisa.

Quanto a mim, não posso deixar de me sentir orgulhoso por ter sido, ainda que indiretamente, o cupido desse "namoro". Explico: em certa ocasião, numa viniciana "arte do encontro" em minha casa, Adolar e Zeca tiveram oportunidade de por vez primeira estreitar um pouco os laços (com um empurrãozinho de Solange Rocco). Entre comes e bebes, rolou muita prosa e, como não podia deixar de ser, a música deu o ar da graça, com direito a surpreendentes flashbacks, entre os quais os antigos sucessos católicos de Pe. Zezinho tiveram lugar de destaque. Foi interessante notar como a música desse padre cantor estava ainda tão viva na memória de muitos dos presentes (era como se cantássemos canções de Roberto Carlos). Aliás, esse, sim, é um verdadeiro exemplo de padre cantor. E, acrescento, grande compositor. Está pros atuais como a MPB está pro sertanejo. Em minha opinião, claro.


Mas voltemos a Dodô e Zezé. Ambos são donos de algumas qualidades que não são lá muito comuns no meio artístico. Em primeiro lugar, a genteboíce (by Tavito). São dois caras, não direi do bem pra não ser piegas, antes direi que têm uma firmeza de caráter única, que às vezes até se lhes apresenta como um empecilho; mas o que se há de fazer? Caráter não é como uma roupa velha que trocamos por uma mais nova. Outra qualidade é o carisma. No caso de Zeca, que é um cara que conquistou ao longo de sua trajetória um público maior, não preciso falar muito, pois todos os fãs são testemunhas disso. O que posso acrescentar apenas é que, assim como no âmbito profissional, no pessoal o dom se repete. Já no caso de Adolar, faz-se mais importante exaltar essa qualidade, pois é menos conhecido que o mano das balas.


Contudo, seu programa tem cumprido bem o papel de divulgador também das qualidades do apresentador. E eu deixo aqui meu depoimento não só como um seguidor do programa, mas na qualidade de entrevistado. O que o público vê é o que nós vivenciamos em sua casa. O que faz a diferença do programa é que não nos sentimos entrevistados; parece que estamos desfrutando de uma prosa das mais agradáveis. E é justamente nessas situações que, de guarda baixa, muito entrevistado revela casos até então desconhecidos dos fãs. E com o mano das balas não foi diferente. Já vi Zeca em vários programas de entrevistas e ouso dizer que poucas vezes o senti tão espontâneo quanto no Na Minha Casa. Claro, Zeca sempre manda bem, só que dessa vez mandou melhor. E a porcentagem de méritos que Adolar teve nisso não foi insignificante.


E, já que tratamos de revelações, também tenho uma: alguns dias após o programa, novamente por intermédio deste escriba, nasceu a primeira parceria musical entre ambos. Na verdade, uma triceria, visto que dei minhas canetadas também na feitura do rebento. Por ora, é só o que posso dizer. Minto, posso dizer também que ficou linda. Qualquer hora, trago-a pra cá. Por enquanto, fiquemos com esta deliciosa entrevista. Aproveito pra fazer um apelo: se você chegou aqui por interesses baleiros, sugiro-lhe que curta a página do programa no youtube e aproveite pra ver também as demais entrevistas. Muita gente boa tem passado por lá, a maioria artistas que sobrevivem sem maiores destaques da grande mídia. Se você é um desses que costumo ouvir por aí dizendo que a boa música brasileira morreu, dê-se a oportunidade de morder a língua. Ao contrário do país, ela vai bem, obrigado.



***


***

PSCurta as páginas dos artistas no facebook e fique por dentro das novidades:

Zeca Baleiro (aqui)
Na Minha Casa (aqui, e no youtube aqui)


***

12 comentários:

  1. Léo Nogueira passa por um, passa por dois, passa por três e...
    entra com bola e tudo. O que mais dizer? Não tem mais o quê!
    Craque é craque. Aliás, essa foi a primeira frase do texto!
    Fico por aqui. Sem mais.
    Só gratidão.
    Beijabraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Dodô! E, como diz um amigo, pra cima deles, que o goleiro tá cansado! rs

      Abração,
      Léo.

      Excluir
  2. O programa ficou demais!
    E o teu texto, nem preciso falar.
    Aliás. faz tempo que não falo...
    Sou fã!
    Beijo e sucesso para os três

    ResponderExcluir
  3. Belíssimo texto,Léo! Com trocadilhos e jogo de palavras, exaltas qualidades não só desses dois craques, mas de vários outros que fizeram parte da nossa história. O programa foi ótimo! Leve e descontraído.Parabéns!

    ResponderExcluir
  4. Oh Léo, com toda certeza e as jogadas são de craques mesmo!

    ResponderExcluir
  5. Tem razão este programa Em minha casa não foi melhor, não quero desmerecer os demais que tenho visto foi diferente. Zeca meu amor(em termos musicais) já lá vai mais que uma década, sou portuguesa as coisas (novas) demoraram a chegar aqui, já me perdi, Como dizia Zeca e Adolar estiveram muito bem, fizeram com que me sentisse na poltrona que as câmaras não captaram, a viver aquele papo lindo até parece que tinham lido um guião, foi demais e "depouco" pouquíssimo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela visita e pelas palavras, Rossas!

      Abraços d'além-mar,
      Léo.

      Excluir
  6. Léo, querido! E eu sou sua fã! Texto tão gostoso de ler! E o programa, não canso de ver!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu, Sossô! Estamos cada vez mais em sintonia.

      Beijos,
      Léo.

      Excluir