segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Crônicas Desclassificadas: 48) De piadas e Olimpíadas

Uma imagem vale mais do que
mil palavras.
Saí de um emprego e entrei em outro. Nesse meio tempo, tirei cinco dias de "férias" e dei um pulinho ali em Buenos Aires, uma de minhas cidades do coração. Calhou que foi bem no começo das Olimpíadas. Daí que acabei não acompanhando nada, só pela internet. Semana passada, já de volta e de emprego novo, tampouco tive tempo de acompanhar de perto. Dessa vez, só por jornal. Assim, não chorei, não sofri e não ri por nenhuma conquista/derrota. Mesmo no sábado, em que me preparara pra assistir a Brasil x México, sonso que sou, acreditei ter lido que o jogo seria às 16h; daí que, lá pelas 13h e pouco, lendo o jornal, deparei-me com o equívoco e quando liguei a TV foi justamente na hora em que uma cabisbaixa seleção recebia a medalha de prata...
Observando o quadro de medalhas, podemos analisar sob vários prismas essa festa (competição?). A prática de esportes é recomendada e algo que comprovadamente faz bem pra saúde. Mas há esportes também que são competições, assim, sempre há um vencedor e um perdedor. As Olimpíadas são uma festa de confraternização entre as nações (assim como a Copa do Mundo), mas também servem pra mostrar o poderio de alguns sobre outros. Por isso acabam gerando grande expectativa em povos e governantes; afinal, grandes investimentos são feitos, e onde há investimentos há a espera dos resultados, do lucro.

Uma coisa que sempre me espantou (negativamente) foi o fato de que, embora o Brasil seja um país de dimensões continentais e blá-blá-blá, sempre esteve entre os intermediários, no que se refere ao quadro de medalhas. E eu ficava com uma pulga atrás da orelha, pois via EUA, Rússia, China e mesmo países menores que São Paulo conquistarem um número absurdo de medalhas enquanto o Brasil comemorava uma única medalha de ouro como se o mundo fosse acabar amanhã. Tem atleta que, sozinho, leva mais ouros que toda uma delegação!

Mas dessa vez a expectativa era ainda mais exagerada, pois agora o Brasil é a bola da vez, está crescendo, é alvo de investimentos externos, dizem que daqui a 30 anos vai ser o bambambã... E, pra completar, vai sediar a próxima Copa e a próxima Olimpíada! E o que vemos? Um desempenho abaixo do que se esperava. E não vou nem falar de futebol, senão perco a frieza e o raciocínio lógico... Quer dizer, deixem que eu repare só num detalhezinho, por falar em futebol. Paragrafemos: 

Esse garoto, o Neymar, vem sendo vítima (sim, vítima) de uma superexposição na mídia, sobretudo fora de sua atuação nos gramados. Virou garoto-propaganda de tanto produto, que nem sei como ele arruma tempo pra treinar! E, no meio dessa avalanche, o futebol acaba sendo coadjuvante... Li em algum lugar que ele declarou, às vésperas da final, não temer perder o ouro. Sei lá, quem está lá e tem que aguentar a pressão é ele, mas, convenhamos, ô depoimentozinho zica, hem? Pra encerrar o assunto, faço minhas as palavras do parlamentar Romário (by Folha): "O Mano é bom para o Corinthians. Na Seleção, não. Espero que ele não seja mais o técnico, porque ele é fraco". Falou e disse!

Voltando, há sempre os que dirão que é hora de voltarmos à realidade, que o que importa é o mensalão, a eleição etc.; mas no fundo tudo é legume do mesmo caldeirão. Um país que está preocupado em ser grande tem que botar ladrão na cadeia (sobretudo ladrão de gravata, não só trombadinha), mas tem que, principalmente, tirar essa molecada das ruas (e o crack de suas mãos) e botar pra estudar e pra praticar esportes. Do jeito que está, essa mesma molecadinha vai crescer e, se for honesta, vai virar flanelinha (mas sabemos o que a maioria vira...). Que desperdício! No Brasil, atleta que se destaca é à custa da própria determinação. Os bois gordos só querem os louros (e os ouros), mas botar a mão no bolso, necas!

Então, não nos iludamos! Se o Brasil continuar crescendo... Aliás, crescer não é o verbo que se aplica bem a isso... Deix'eu pensar... Ah, já sei! Engordar! É isso! Recapitulando: se o Brasil continuar engordando dessa forma, em 30 anos vamos ser uma nação de irritantes ignorantes arrogantes arrotantes intolerantes inconsequentes prepotentes queimando índios e indigentes palitando os dentes contentes competitivamente com farta conta corrente e pedantes mentes agonizantes... Ainda piores que antes... E, quando estivermos bem gordos, chegarão os EUA, ou a China, ou outro bicho-papão, e nos encontrarão prontos pro abate. Mas deitados em berço esplêndido!

Ouviram a do papagaio? E a do Ipiranga?


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