quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Um Cearense em Cuba: Décimo Dia

2006
JUNHO
DÉCIMO DIA
Martes, 27.
    
Está cerrado”. Ouvimos hoje esta frase não poucas vezes. Um senhor de 65 anos, cujo nome me escapou, morreu pela manhã. E o que tem isso com as portas fechadas? Este senhor foi um dos criadores do Festival Caribenho, que acontecerá semana que vem, e durará a semana toda. Por conta disso, todos os ensaios e apresentações que estavam marcados pra hoje não ocorreram, e muitas casas fecharam, por luto. Kana ficou deveras desapontada, pois marcamos pra ir a uma praia próxima amanhã, mas se soubéssemos que o dia ia ser improdutivo, teríamos marcado pra hoje. De bom, apenas a vitória do Brasil por 3 a O sobre Gana e a plena recuperação de Ronaldo. A onda de improdutividade recaiu sobre o outro, o Gaúcho. Engraçado que Adriano, sem praticamente fazer nada durante o jogo todo, acabou fazendo um gol de joelho que, se minha vó não fizesse, minha mãe certamente o faria. E o outro jogo, Espanha e França, terminou em 3 a 1 pra esta última. Esperamos todos que Ronaldo não “amarele” de novo…

À tarde fomos à Casa de la Trova e assistimos a um show de um conjunto de nove integrantes, comandados por um charmoso idoso, trompetista. Macumba apareceu na porta, exigiu nossa atenção, mas, como não lhe demos muita bola além de um frio “Hola”, se empirulitou. Dentro de uma camisa da Itália.

Ah, e antes disso, numa loja de CDs, Kana matou sua sede de compras. Eu, por minha parte, estou esperando a oportunidade pra comprar uns dois ou três livros indicados por aquela recepcionista.

No final da tarde, caiu uma providencial chuva de verão. Se bem que aqui sempre é verão. Existem duas estações, a das chuvas e a das secas. E, segundo o calendário local, em julho começa a alta estação ($$$). Todos em Havana disseram que Santiago é mais quente, mas até agora, por mais que esteja fazendo um calor insuportável por aqui, continuo achando Havana mais quente, pois aqui pelo menos venta bastante, e há uma brisa do mar muy buena.

Estamos nos arrumando pra ir à Casa de la Música local, pra ver uma banda de salsa e son. Já fomos à casa durante o dia, é bem charmosa (foi na entrada desse estabelecimento que Kana comprou seus CDs). Temos que levar blusa, pois aqui o ar-condicionado é de gelar a alma…

***

O ar-condicionado não estava tão frio assim. O grupo era bom, o show até que não atrasou muito (já prevíamos um senhor atraso). A casa, que estava praticamente vazia, quando entramos, foi enchendo aos poucos. Muitos(as) turistas acompanhados(as) por cubanas(os) dançavam a salsa enlouquecidamente. O engraçado foi que, durante o show, ninguém dançava, mas, nos intervalos, quando um DJ teimava em tocar músicas com ritmos eletrônicos (a incansável Maria Bahia blablablá não faltou), a galera, que até então ouvira comportada, se incendiava numa dança pra lá de sensual. Parece que a gente jovem de Cuba está “parada” (ou melhor, tudo menos parada) noutro “son”. O apresentador, uma espécie de Gugu da casa (até que era simpático), teimava em subir ao palco a cada duas ou três músicas pra falar sobre a importância do amor e interagir com o público, já que os rapazes da banda, quando não estavam cantando e tocando animadamente, pareciam não ter língua.

Findo o show. A música eletrônica invadiu a pista. E nós puxamos nosso carro, enquanto pessoas continuavam entrando. Ao final, a impressão que deu foi a de que a banda estava só aquecendo o público pro show do DJ

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