quinta-feira, 17 de maio de 2012

Notícias de Sampa: 2) Show "Do Japão ao Ceará" + Segunda Autoral Caiubista

Nesta quinta-feira, 17 de maio, Kana sobe mais uma vez ao palco do Novo Lua Nova, desta vez pra um show especialíssimo, que promete se repetir em outras ocasiões e cidades. O show foi intitulado Do Japão ao Ceará, não apenas por ser nome de seu primeiro disco (2001), mas porque Kana dividirá os vocais com o cearense Ítalo Queiroz, que é um baita sanfoneiro, cantor e compositor. Ítalo, que tem participado dos shows mais recentes de Kana, dessa vez divide o protagonismo do palco, num show todo dedicado à música nordestina. Tanto que o subtítulo do show é São João em Maio. Completa o trio o excelente baixista Zazá Amorim, que também é ótimo zabumbeiro.


Enquanto o novo CD de Kana e o DVD de Ítalo estão no forno, ambos aproveitam o entrosamento de palco (e vida) que vêm tendo pra pôr em prática este projeto de canções nordestinas. Ítalo, cearense e sanfoneiro, traz no DNA a música nordestina; já Kana, que, apesar de japonesa, compõe com muita desenvoltura xotes, cocos e baiões, vinham há tempos pensando nesse show que ora estreia. Ah, e Zazá é pernambucano... Daí já viu, né?

No repertório do show, muito Luiz Gonzaga, obviamente. Inclusive, falando em Gonzagão, este foi o compositor homenageado nos dois shows que Ítalo fez mês passado em Barueri, nos quais gravou seu primeiro DVD (pra quem não sabe, este é o ano do centenário do nascimento do rei do baião). Eu assisti a um deles e foi um arraso. Além de Ítalo e dos músicos da banda (Zazá estava lá também, e foi o arranjador das canções), subiram ao palco grandes nomes da música nordestina, como Cézar do Acordeon, Cezinha, Flávio Leandro e muitos outros. E parte do repertório desses dois shows Ítalo cantará hoje.

E Kana cantará, obviamente, Bye Bye, Japão, Pipoca, Coco (as três em parceria comigo) mais O Amor Viajou, parceria dela com Zeca Baleiro, e seu novo pequeno hit, O Fim do Fim do Mundo, dela comigo e com Élio CamalleGabriel de Almeida Prado. Por falar em Gabriel, ele, a exemplo de Ítalo, tem participado dos últimos shows de Kana, e, pra não perder o costume, participará também deste, cantando com ela a parceria de nós quatro. Segue o serviço:

O Novo Lua Nova apresenta:
Kana, Ítalo Queiroz e Zazá Amorim, no show
Do Japão ao Ceará (São João em Maio)
Dia: nesta quinta, 17/05
Hora: 21h
Local: Rua Treze de Maio, 540
Reservas: 3263-1015
Entrada: R$ 15
Participação especial: Gabriel de Almeida Prado

***

Pensaram que havia acabado? Nããão! Só pra não perder o costume, e porque esta coluna se chama Notícias de Sampa, aproveito também pra contar como foi a última segunda autoral caiubista: por causa de meu trabalho tenho ido muito poucas vezes a essas autorais. Daí que, das últimas duas ou três vezes, de tão feliz que estou, tenho chegado lá meio "alto", a ponto de não poder desfrutar do que ocorre no palco e nos bastidores... Por isso resolvi nessa segunda fechar a boca e chegar lá sóbrio. E, gente, não é que fez um baita frio e choveu o dia todo? Pra vocês terem uma ideia, meu chapa Gabriel de Almeida Prado, que é mosca na sopa de tudo quanto é evento musical Sampa afora, me disse que estava gripado e saiu (saída pela direita) pela tangente... E Marcio Policastro, que tem mais tempo de Caiubi que eu de CLT, após me visitar pra mostrar um pouco do disco novo, fingiu que era terça e deu linha no pipa...

Daí que só me restou pegar minha nipocabrocha e chegar lá no Novo Lua Nova, com a cara e (sem) a coragem, mas com uma pusta vontade de desfrutar dessa fria (e chuvosa) noite paulistana. Em princípio pensei: vou ligar o phoda-se, chapar o coco e ser feliz. Mas depois de trinta minutos lá dentro percebi que a velha mágica iria dar o ar da graça e não iria haver nenhum repórter preparado pra relatar a noite, o que me fez pensar: 'taqueopariu, nem posso beber em paz, tenho que relatar o que por aqui passará...

Então, o que fiz? Fiz o seguinte: tive a maior pena desses repórteres que têm que cobrir eventos sóbrios (em meio a bêbados), pois a coisa mais difícil que há é se manter sóbrio quando todos chapam o coco e mostram o Mr. Hyde que mora neles... Pra começo de conversa, Ricardo Soares, na hora de eu lhe dar "aquele abraço", deixou-me com este parado no ar e, copo em riste, foi comemorar (só) o bicampeonato do Internacional... Palmeirense que sou, perdoei-o...

Kana pediu uma Serra Malte, eu abracei os amigos, colegas e inimigos... Ou melhor, não tenho inimigos (embora eles discordem), então abracei os amigos, colegas e conhecidos... E pensei de novo: como queria tomar uma quente! Até que Álvaro Cueva pôs um três-oitão em minhas costelas e me convidou gentilmente a descer ao piso inferior só pra me mostrar uma letra que tinha feito em homenagem a Kana... Pensei: "a noite está salva!". Explico: a letra era muito boa, mas ele me pedia que lhe acrescentasse uma vírgula ou um acento agudo, o que me fez pensar que os humildes ainda salvarão o mundo!!!

Tenho que ser sincero: a noite autoral não pode não ter passado de mais uma noite autoral! Porém, contudo, todavia, todas as vezes que Ricardo Soares subia ao palco, Serra Malte em punho (fazendo questão de dizer que a Serra Malte em questão não era gaúcha, e sim paulista), e apresentava mais uma atração, eu me sentia um beato abduzido por um deus humilde e arrebanhador, e me lembrava de Luiz Ayrão cantando "meu amor, ah, se eu pudesse te abraçar agora, poder parar o tempo nessa hora, pra nunca mais eu ver você partir"...

Olha que droga que é ser um repórter 8/2 (Fellini sa cosa dico)... Pra toda aquela galera que estava lá a noite autoral não passou de mais uma noite autoral... Mas pra mim foi algo indizível... Ou, parafraseando Cavallieri, inefável! Quer(o) dizer, foi a mesma de sempre... Mas pra mim foi especial. E, agora, explicando aos leigos, tem sido especial há DEZ ANOS!

E aí eu me senti muito feliz por poder pagar minha conta, pois aí não precisei puxar o saco (ou os cabelos) de fulano ou beltrano. Gostei e desgostei de tudo e de todos conforme meu bel prazer. E agora há algo que, em conformidade com a lei, me lembra muito do Caiubi original... Explico: na rua Caiubi, quando alguém não curtia o som, ia lá fora fumar defronte à "famosa" bananeira... Agora, por conta da lei anti-fumo, quando alguém quer fumar, simplesmente escolhe uma canção (ou um compositor) que não lhe agrada e vai lá fora fumar... Amparado pela lei, claro.

Pois bem, quem abriu a noite foram Rolan Crespo e Affonso Moraes, ambos à capela, ou melhor, acompanhados de improviso (bem ao estilo caiubista) por Tato Fischer e Ayrton Mugnaini (Jr.). Depois deles passaram alguns cujo nome não vou lembrar (espero que me perdoem) e (não nessa ordem) O Zi Stafuzza e Cris PiniÁlvaro Cueva, que cantou nosso tango corta-pulsos Colapso; o polivalente PimpaKana, que cantou sua parceria com o Baleiro e teve que ouvir boas de mim, porque esqueceu de mencionar o parceiro; Sonekka; Ricardo Soares; Lalo Guanaes, que interpretou nossa bela Garrafas ao Mar (ainda um tanto incompreendida pelo desatento público, já que requer uma atenção maior...); Tato; Ayrton e sua impagável Ela Tem Piolho; meu brou Edu Franco, de volta a Sampa depois de um tempo de férias pelo interior; o quase parceiro Nando Távora; o grupo Tarumã, que, se não estava com sua formação completa, teve a seu serviço a voz e o violão de Daniel Pessoa, cantando uma dele com Camalle e outra de Kléber Albuquerque; minha queridíssima Bárbara Rodrix, que cantou uma bela parceria dela com Luiza Possi; e, por último, fora alguns hiatos de minha narração, subiu ao palco meio bar pra finalizar com chave de ouro com a fenomenal Apocalipse, de Sonekka, Ricardo Soares e Zé Edu Camargo.

Ufa! Vamos falar a verdade: tão seleta gama de artistas, presentes ou representados, não se encontra dando sopa por aí, sobretudo numa fria noite de segunda! Minha intenção era ser mais detalhista, mas escrevo três dias depois, e o álcool me dá um pouco de amnésia. Enfim, repito, pra muitos pode ter sido apenas mais uma noite, mas pra mim foi mágica, um pouco por meu estado de espírito de quem está de bem com a vida, um pouco porque sinto que, apesar dos dez anos, a velha chama não se apagou. E tanto é verdade, que no dia seguinte recebi em casa meu camarada Bezão, que, além de me mostrar em primeira mão nossa primeira parceria, ainda me deu o privilégio de compor com ele ali, in loco, mais duas. Mas essa história vai ficar pra outro dia. Por ora termino afirmando: Sampa ferve no frio!

Fui!

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PS: Uma provinha do mais recente show de Kana:



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4 comentários:

  1. Pois é, 10 anos sendo sucesso entre nós mesmos, mas não sei te explicar, agora pegou gosto especial mesmo. Aquele coral gospel de bêbados felizes entoando Apocalipse foi espetacular mesmo

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    1. É uma boa fase, Sonekka. E, depois de dez anos ainda viver dias assim é um bom sinal! Vamos com tudo agora pra festa!

      Abração do
      Léo.

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  2. Aviso: o Caiubí é uma droga! E das fortes. Vicia na primeira! Abs;

    Álvaro

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    1. A droga é forte e é legal, mano Álvaro!

      Abração do
      Léo.

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