domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ninguém me Conhece: 37) Quem conhece Bárbara Rodrix?

Não tenho absolutamente nada contra Mallu Magalhães. Acho mesmo engraçadinho seu som e charmosa sua figura. Suas composições estão de acordo com sua idade. E ponto. O que me deixa embasbacado é ver homens barbados (não, não estou me referindo a seu namorado), críticos que se dizem sérios, tratando-a como a salvação da lavoura. Além de ser muita responsabilidade pra garota levar nas costas, ainda é um baita de um desrespeito a inúmeros artistas do país que têm o dobro de sua idade, talento pra dar com pau e que não recebem nos jornais nem uma linhazinha sequer dessa crítica chamada "especializada". A opinião da grande maioria dos críticos da atualidade parece estar a serviço das gravadoras.


1) Com a Razão (Bárbara Rodrix - Léo Nogueira)
Juliele

Bem, falei de Mallu Magalhães porque é um exemplo do extremo oposto, musicalmente falando, de Bárbara Rodrix, embora ambas tenham aproximadamente a mesma idade. Oposto porque enquanto Mallu faz música de (e pra) jovens, Bárbara, embora não se furte a abordar o mesmo universo, sabe fazê-lo com a maestria de gente grande. Sua figura quase frágil e sua voz que revela a idade não escondem a surpreendente maturidade de suas canções. Contribui pra isso o extenso leque de parceiros-letristas que ela tem. E um detalhe que não deixa de ser irônico é que a maioria absoluta deles há pelo menos duas décadas saiu da puberdade (este escriba incluído). No entanto, esses moços se divertem criando em suas letras situações, anseios e dúvidas típicos do universo feminino adolescente.

Posso dar um depoimento de testemunha ocular: frequentador que fui do clã Rodrix enquanto seu patrono estava vivo, vi, de camarote, o desabrochar do talento de Bárbara, precoce, mas sereno. Contudo, embora sabedor de sua intimidade com o violão, não foi sem surpresa e emoção que ouvi Júlia, sua mãe, me dizer que Bárbara havia composto uma melodia e queria que eu lhe pusesse letra. A emoção foi por conta do convite, já a surpresa foi por descobrir-lhe a faceta de compositora que faz a melodia antes da letra. Digo isso porque a maioria arrasadora de meus parceiros prefere musicar letras.



2) Ninguém me Conhece (Bárbara Rodrix - Léo Nogueira)

Pois bem, a melodia de Bárbara era linda, e foi com grande prazer que exercitei uma transposição a seu universo. De lá pra cá fizemos outras, estas já tendo suas letras nascido primeiro. Sem falsa modéstia ouso afirmar que são belas canções. Tanto que até uma cantora do Amapá (Juliele - ver texto sobre Enrico Di Miceli) se encantou com uma delas, Com a Razão, e gravou-a.

A música brasileira tem sorte, pois, a exemplo do samba, agoniza, mas não morre. Quando tudo parece perdido e o legado de mais de um século periga estar em vias de virar pó, eis que despontam jovens como Bárbara, alheios a modismos e fazedores de canções tocantes e sinceras. No caso particular dela, pude ver que seu pai procurou não a influenciar, deixando-a livre pra escolher seus próprios caminhos. Claro que a apoiou, mas se limitou a isso. E conhecendo Zé Rodrix como o conheci, ciente de sua personalidade enérgica e suas firmes convicções, posso afirmar que essa liberdade musical que deu a Bárbara foi um gesto, além de difícil, nobilíssimo. Talvez esse gesto tenha sido responsável por vermos em Bárbara uma artista com personalidade, embora seja filha de artista. E todos sabemos que isso é raro. Grande parte dos artistas filhos de artistas que assolam nosso país carece de talento e personalidade, vivendo à sombra dos pais famosos, o que não é, em hipótese alguma, o caso de Bárbara.



3) Nossos Olhares de Cruzam (Bárbara Rodrix - Elder Braga)

Há tempos estava pra escrever este texto. Inclusive roubei o título desta coluna de uma parceria nossa que também dá nome a seu disco. O que me fez demorar foi a espera pelo lançamento do dito cujo. Queria escrever quando o disco já estivesse à venda. Contudo, a viagem inesperada de seu pai acabou adiando o projeto e, consequentemente, meu texto. No entanto, ao saber do aniversário de minha querida parceira, decidi terminar com a angústia de refrear estas palavras que estavam ansiosas por nascer. O disco não saiu ainda, mas a novíssima Sonarts (dos intrépidos Alexandre Lemos, Sonekka e Ricardo Moreira) promete pra muito breve este aguardado acontecimento. Quando esse dia chegar, todos poderão comprovar o talento dessa corajosa artista que não tem medo de estampar na capa de seu CD um ousado Ninguém me Conhece!

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Bárbara também está no Caiubi.

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4 comentários:

  1. Acabei de compartilhar no Facebook, Leozito! Vai lá no meu perfil pra ver!
    Beijão!

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  2. Danny, se eu fosse jovem, eu escreveria vlw, mas, como eu sou só um ranzinza, eu escrevo VALEU! Vou lá!

    Beijos do
    Léo.

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  3. Magnânimo.....conheci "de fato" a Barbara na fazenda do Garga gravando coro pro Cd dele...eu que não tinha grandes afinidades e nem grandes simpatias por ela, aprendi a amar essa garota "incondicionalmente" e reconhecer seu incrível talento...ela com certeza será merecedora de todos os textos escritos pra ela, e um seu, não poderia faltar! beijos e te amo.Absoluta

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    1. Daisoca absoluta do meu coração!!! O amor é recíproco!

      Fico feliz em ler suas palavras e saber que a Barbarinha também te fisgou. Só fico aqui receoso esperando que o Rafael não tenha me "malhado" muito pra ela. Hahaha!!! Afinal, faz anos que eu e ela não parceiramos.

      Beijos carnavalescos do
      Léo.

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