quinta-feira, 18 de junho de 2015

Notícias de Sampa: 16) Sopa de Letrinhas, 13 anos

Caramba! Treze anos! Pense num filho que você pariu, amamentou, de quem trocou quilos de fraldas, a quem pôs pra dormir nas horas mais ingratas (e, por causa disso, passou noites em claro); daí o moleque foi crescendo, e então você teve que pensar em sua educação, sua saúde, seu vestuário, sua alimentação... Até que ele chega aos 13 anos! Pra uma criança, não é nada; mas pros pais... é uma vida de dedicação! Só que, ter filho, todo mundo tem. Desde os pais mais zelosos até aqueles picaretas que só queriam dar uma rapidinha, ou mesmo adolescentes que esqueceram a camisinha numa madrugada dessas, aos 44 do segundo tempo da balada... Mas parir poesia é outro papo!

E vou mais longe: parir poesia até que nem é tão difícil assim. Qualquer um, depois de uns gorós a mais ou de umas boas cafungadas, pode montar uns versinhos fofos rimando verbo com verbo, adjetivo com adjetivo, e se autoproclamar poeta, pai (ou mãe) de redondilhas menores, feias e mirradas. Já parir um sarau, que é quase como se se tratasse de uma creche de poemas, está em outra categoria de paternidade. E é um tipo de paternidade tão complexo, que já vi muito pai abandonar sua cria nem bem ela começava a engatinhar. Outros aguentaram um pouco mais, mas bastou o filho começar a ter vontade própria e exigir isso e aquilo... abandonaram-no à própria sorte. Afinal, um sarauzinho piolhento lá pelos seus 6 ou 7 anos de idade não é pra qualquer progenitor...

É por essas e outras que devemos tirar o chapéu praqueles pais que não enjeitaram seus filhos-poemas na fase mais difícil de sua existência, que é justamente aquela em que a cria entra na puberdade poética. E qual é o segredo? Sei lá eu... Soubesse, teria aberto também minha creche sarauística. Quer dizer, saber eu não sei, mas não me furto a dar meus pitacos. Eu acho que isso só dá certo quando o pai entende de verdade o filho, quando o pai é tão moleque quanto o filho. Sim, porque aí, em vez de ele querer se meter a besta e ensinar ao pivete isso e aquilo, prefere relaxar e aprender com ele, ser criança com ele, crescer com ele. Ainda mais quando falamos de crianças-poemas.

Assim é Vlado Lima, esse cara que tem ele próprio 13 anos há várias décadas, que cansou de trocar figurinhas com os poemas, de bater bola com os poemas, de praticar onanismo com os poemas, de dar uns amassos com os poemas atrás da capela, que tem uma relação tão jovial quanto carnal com os poemas – pra não dizer espiritual... Assim é Vlado, esse molecão grisalho, que toma cerveja como quem toma Toddynho, que compõe como quem estivesse cometendo uma má-criação (ou será que ele comete uma má-criação como quem estivesse compondo?) e que, por fim, organiza seu sarau como quem sabe que o bom capitão é aquele que só finge que é senhor absoluto do navio-poema, pois lá no fundo sabe que, quando o mar-poesia se enfeza, muda os rumos de qualquer nau-sarau.

Foi assim que o Sopa de Letrinhas chegou a seus 13 anos (já escrevi quando de seu 11º aniversário: aqui) e virou esse moleque arteiro, cheio de espinhas (e espinhos) poéticas, mas tão saudável quanto o mais fulminante dos poemas de Fernando Pessoa. Chegou até aqui porque brincou muito nos barros de Manoel, topou com muitas pedras no meio do caminho (aquelas que tinha, não havia), deu muita bandeira, foi muito passarinho vendo que outros passaram... E, sobretudo, chegou até aqui porque sabe o pai que tem. Afinal, criança, pra aprender a gostar de poesia, tem que gostar antes de fazer arte, de brincar, de bagunçar o coreto... Com 13 anos, ninguém quer recital comportadinho; o moleque, mesmo que se trate de um moleque metafórico, quer é um programa de auditório, vibrante, pulsante, divertido (e di-verso). Um moleque-sarau só chega ativo (e altivo) a essa idade sabendo que puxou pro pai em sua maior qualidade: a desobediência!

Imagina quando completar 18...

***

O programa:

Sarau Sopa de Letrinhas comemorativo de 13 anos
Local: Julinho Bar Clube
Endereço: Rua Mourato Coelho, 585
Data: 27/6
Hora: 20h

***


***

4 comentários:

  1. Ainda vou conhecer esse moleque, que já está na puberdade e eu nada! Ai, essas minhas dívidas que teimam em não serem pagas! rs
    Parabéns, Vlado!!!
    Beijos procês!

    ResponderExcluir
  2. Rarará... Veeeenha, Danny... Valeu, Léo.

    ResponderExcluir