quarta-feira, 10 de junho de 2015

Os Manos e as Minas: 20) Curiosidades sobre Louise Cerpa

Lembram aquele papo do "Menos a Luíza, que está no Canadá"? Esqueçam. A partir de sábado, quando formos a shows, baladas, festas etc. nos quais encontrarmos a galera, mais tarde vamos comentar que "estava todo mundo, menos a Louise, que está na Irlanda". É, tem muita gente bacana dando linha no pipa... Uns foram pra França, outros pros Isteites, outros pro Japão... Eu mesmo tô seriamente pensando em comprar uma chacarazinha no interior do Uruguai e viver de vinho e milongas – não, a maconha não tem nada a ver com esse desejo (risos ao fundo). Mas voltemos a Louise, que resolveu ir ver com os próprios olhos a terra do cara que escreveu aquele romance que ninguém leu e todos elogiaram – o romance, Ulisses, claro; o autor, James Joyce.

Conheci Louise quando ela ainda era pequena (piadinha infame) e, junto com sua amiga Clara, ficava pentelhando os compositores do Caiubi. O tempo foi passando, ela foi crescendo (sic), um dia falou que cantava e Kana lhe deu o maior susto certa vez ao convidá-la ao palco pra cantar nossa Balão (Doki Doki). Lembro que ela ficou mais vermelha do que eu costumo ficar, mas tirou coragem lá do íntimo e, fora a tremedeira, até que mandou bem (pra uma noite cabaçal, né, Lulu?). Essa foi a primeira vez que a vi subir num palco; depois disso, tomou gosto, não o suficiente pra se profissionalizar como tal, mas deu suas cacetadas; fez até uma charmosa participação no disco do mano Gabriel de Almeida Prado.

É que cantar pra ela é passatempo. Como é hiperativa, precisa de algo que a ocupe o dia todo – acho até que lhe faria bem treinar boxe, dar uns soquinhos naquele saco de pancadas e tal. Ou talvez trabalhar como locutora. Conheço pouca gente que consegue falar tantas palavras por minuto quanto ela. Nunca cronometrei, mas creio que, se for atrás, ela tem grande chance de entrar no Guinness. Às vezes, ouvindo-a, fico imaginando sua voz narrando uma partida de futebol – mas pelo rádio, onde a treta é maior. Pela tevê não lhe faria nem cosquinha. A mina tem o dom! E, quem não a conhece pode não acreditar, mas ela acha brecha pra respirar entre uma palavra e outra, naquela hora certinha pra não perder a cadência. Tem muito cantor por aí que não conhece essa técnica...

Nos primórdios de nossa relação, Louise era uma figurante de luxo. Irmã mais nova da querida Aimée, filha da não menos querida Ana – todas pertencentes à mais fina Cerpa, digo, cepa –, sempre estava pelos encontros e festas que rolavam em sua casa, abrilhantando o ambiente com seu belo – e generoso – sorriso; mas confesso que eu não lhe dava muita trela (sempre tive certo preconceito de jovem – até quando eu era um deles), até que, de um dia pro outro, começamos a conversar, não lembro bem se depois que ela começou a namorar meu brou Gabriel... e não é que a moçoila demonstrou ter um papo adulto pacas? Não à toa, se enroscou com Gabriel, outro que, pelo lero, aparenta ter o dobro da idade.

De lá pra cá, em nossos raros encontros, sempre rolaram muito papo, muita risada, uma bebidinha (dentro do limite do "beber socialmente", of course); e eu sempre me surpreendendo com suas ideias avançadas. Ela chegava mesmo a dizer que tinha mais amigo "coroa" que da idade dela (ignorei a indireta e fingi que não era comigo). Esse avanço a levou a cursar Publicidade e Propaganda e, posteriormente (ou teria sido concomitantemente?), junto com uma trupe de feras (a irmã Aimée, Sonekka e Ricardo Soares), montar a Agência Trampo, especializada em tecnologia, inovações e marketing digital. Falou? Ah, entre outras coisas ela foi responsável pela arte de dois CDs de Kana, Imigrante e Em Obras (quem quiser comprar, pra ver mais do trabalho da moça, é só falar comigo – momento propaganda).

Ah, e ela é ainda metida a fotógrafa e anda por aí dando suas clicadas. Percebem como a moça só não tem tamanho? (brincadeirinha, Lulu!) Se mete em mil e umas. Foi assim que encasquetou que o Brasil é pequeno pra ela e, apesar do medo de mudanças, resolveu que ia se empirulitar rumo à Irlanda, pra passar uma temporada lá aperfeiçoando seu ínglixi. E a nós, que lhe queremos bem, só nos resta desejar que tenha uma boa estada, desfrute muito e volte ainda mais qualificada pra usar seus conhecimentos em prol de um Brasil melhor. Enquanto isso, continuaremos por aqui, com nossa vidinha de sempre, trampando, estudando, criando, dando nossos rolês... só que dizendo: "Meu, tava todo mundo lá, menos a Louise, que está na Irlanda."

***

No começo do ano, Louise postou no facebook o seguinte:

Curiosidades da minha pessoa

1. já coloquei o pé dentro da roda de uma bicicleta.
2. nunca quebrei nenhum osso.
3. amo mato e animais.
4. adoro a diversidade e culturas.
5. amo idosos.
6. quero conhecer o Japão.
7. eu falo com cachorros.
8. um dia vou fazer um curso de astrologia.
9. sou romântica e pessimista.
10. acredito na força do amor.
11. acredito que a melhor forma de se encontrar é se perder.
12. tenho dificuldade de fazer amizades.
13. vivo no mundo dos sonhos e expectativas.
14. acredito em vida após a morte.
15. acredito em vida fora da terra.
16. não tenho, ao certo, uma religião. Pego o lado "bom" de todas.
17. sou apaixonada por música.
18. tenho medo das mudanças da vida. Mudar é difícil.
19. sou carente de pai e de avó.
20. amo comida japonesa e sorvete artesanal. 
21. gosto de experimentar novas coisas.
22. 95% de chance de eu dormir vendo um filme.
23. meu sonho é ser mãe.
24. acho que dormir é uma das melhores coisas da vida! 
25. eu gosto de pescar.
26. já quase morri atropelada por ajudar uma velhinha.
27. eu amo cantar.
28. não sei jogar videogame.
29. sou desastrada. Eu caio, tropeço, bato a cabeça... todos os dias.
30. falo muito palavrão.
31. não tenho paciência... pra nada!
32. falo sempre, sem pensar.
33. Poema de Natal*, do Vinicius, é o meu predileto.

... Daí, quando li isso, pensei com meus botões que ali estava um monte de frases legais pra usar numa canção. Assim, pus mãos à obra e transformei as frases soltas dela em versos, depois mandei pro mano Gabriel, que começou uma bela melodia pra elas. Algum tempo depois, encontramo-nos e ele deu alguns pitacos pra que a letra ficasse menos restrita. Explico: copiei fielmente várias frases de Louise que só têm a ver com ela, o que dificultaria que outra pessoa cantasse. Assim, pincelamos o que – dentro dessas curiosidades – poderia caber em outros gostos. E o resultado é este que agora lhes mostro – e com o qual me despeço, já saudoso, desejando a Louise que vá ali no outro continente conquistar o que lhe é de direito. Cá, esperaremos.

ONDE EU TÔ?
Gabriel de Almeida Prado – Louise Cerpa – Léo Nogueira 

Eu gosto de falar palavrão
Pra nada tenho paciência
Pretendo ir ainda ao Japão
Pra ver se encontro minha essência

De cada crença extraio o melhor
Me amarro em astrologia
Não sou carente só quando tô só
Tropeço, mas levanto todo dia

Hoje eu me atiro nas pistas do amor
Me perco pra saber onde eu tô
Onde eu tô?

Eu canto pra acalmar meu coração
Quando amanheço pessimista
O dia me revela a solidão
Que a noite só deixava pista

Acordo pra sonhar um pouco mais
E, já que a vida é uma dança,
Mudar o passo é o mais eficaz
Pra vencer esse meu medo de mudança

Hoje eu me atiro nas pistas do amor
Me perco pra saber onde eu tô
Onde eu tô?

***

*A ocasião é boa pra copiar aqui seu poema preferido:

POEMA DE NATAL
Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.


***

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