quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Os Manos e as Minas: 21) A Estação Felicidade de Augusto Teixeira

Quando queremos ajudar a divulgar o trabalho de alguém, começamos destacando suas qualidades, certo? Então, pra tratar do "alguém" da vez, aproprio-me de uma frase do saudoso Zé Rodrix, que costumava dizer que "os amigos são a família que a gente escolhe". Seguindo esse raciocínio, venho por esta levantar a bola de um amigo que acaba de entrar numa empreitada que, seguramente, é uma das mais importantes de sua vida. Esse amigo é, pois, um grande irmão que, se não é de sangue, é de música, o que é tão importante quanto (se não for mais...). Trata-se de Augusto Teixeira, um parceiro que a música me deu e que é um dos caras mais gente-fina que conheço. Aliás, aproveitando-me de um neologismo da lavra de Tavito, ele é a "genteboíce" em pessoa.

Atesto e dou fé! Nunca vi Augusto levantar a voz pra quem quer que fosse, muito menos agir de modo deselegante com os malas e chatos de plantão. Muito pelo contrário, ele é daqueles que, quando sentem que "o bicho vai pegar", calam-se ou simplesmente desaparecem da cena da treta. No mais, é dono de uma gargalhada tão pura e espontânea que acaba contagiando todos ao redor. Sei que alguns de vocês vão dizer que o fato de um camarada ser gente-fina não é suficiente pra que incensemos seu trabalho, e eu serei obrigado a concordar. Só que Augusto é muito mais que um fulano bacana de riso franco. Mas tenham calma, que tudo chega a seu tempo. Por ora, quero gastar ainda um parágrafo pra enfatizar a importância da genteboíce nos dias que correm.

Cada um de vocês deve conhecer pessoalmente um punhado de gente que não vale o que come, não é verdade? E, se contarmos com as redes sociais, aí esses fulanos se multiplicam. Sendo assim, vejamos: um sujeito pode até ser um baita compositor, podemos até gostar de suas canções, mas, quando percebemos que o tipo é grosseiro, arrogante, desprovido de gentileza, e ainda por cima é desses que querem ter razão em tudo... sejam sinceros: vocês investiriam seu suado dinheirinho num fulano assim? Conheço um ou outro compositor desse naipe e admito que não deixo de ouvir suas canções por causa disso, mas, convenhamos, daí pra ajudar financeiramente a regar a soberba do tipo já são outros 500, né? E não vou nem falar daqueles que, quando o sucesso os abandona, acabam virando reaças de se pendurar em farda (pra não dizer outra coisa) de general...

Num mundo tão cheio de desamor, contribuir pra fazer virar realidade projetos de caras como Augusto Teixeira acaba sendo, mais que uma necessidade, praticamente uma obrigação. Principalmente quando sabemos que o tipo é um durango que quixotescamente ainda optou por viver de música em pleno século XXI. E quando digo "obrigação" não estou apenas jogando palavras ao vento; não!, estou afirmando que, sempre que viramos as costas a essa classe de artista, estamos abrindo espaço pra que outros, mais endinheirados e famigerados, tomem o lugar que àquele pertence. Hoje em dia, calar, ceder, ficar em cima do muro ou simplesmente agir como se não fosse com a gente também é a mesma coisa que patrocinar o lixo musical que reina em nosso imenso paisinho e nos imbeciliza a todos.

Isto posto, é hora de tratar de qualidades não da pessoa física Augusto, mas das do artista. E não são poucas! Já escrevi acerca dele numa edição do Ninguém me Conhece (pra ler, é só clicar no nome dele), mas agora o momento é outro, e, sim, mais urgente. Sendo assim, prossigamos: Augusto é, antes de tudo, um bicho de palco. Com sua estudada timidez, quando tem um microfone a seu serviço se agiganta. Sua carismática discrição quase mineira vai nos corroendo pelas bordas. Em princípio, parece que não vai nos fisgar, mas, 30 segundos depois, já estamos todos seduzidos. Dono de um peculiar timbre doce, mas firme, afinado, mas emotivo, Augusto tem em suas cordas vocais perfeito instrumento pra valorizar suas canções, que por si sós já são belas.

E, como se não bastassem as cordas vocais, Augusto domina com sutil maestria também as cordas de seu violão, seja na execução, seja na criação. Complexas harmonias costuram umas belezuras de melodias às quais nenhum ouvinte que não seja enfermo do escutador consegue passar indiferente. E eu diria mais: hoje, depois do domínio do pop, poucos compositores têm a coragem de abraçar a tão desgastada MPB como Augusto. Mas ele não é um simples continuador; com o frescor da juventude (embora já seja balzaqueano), Augusto renova essa sigla que, mais que se tratar de um gênero, representa tudo de melhor que já foi composto em terra brasuca. Assim, posso dizer, sem medo de errar, que Augusto, sem temer o pop, é de uma modernidade que havia muito não se ouvia soar em língua portuguesa.

E, por falar em língua portuguesa, eu estaria sendo relapso se não tratasse de suas letras. Augusto, formado em filosofia e conhecedor dos meandros filosóficos, não só é um baita letrista de suas própria melodias, como também acaba dando geniais contribuições às letras dos parceiros que eventualmente se embrenham por esse árduo – mas maravilhoso – caminho que é o de dar verbo a seus sons. E isso tudo em generosas laudas nas quais deixa impresso farto material a ser utilizado. Um exemplo que gosto de dar é o da feitura de A Luz de Luzia, talvez nossa mais pungente parceria. Augusto, que já tinha toda a história em sua cabeça, ou por preguiça ou por generosidade me presenteou com um verdadeiro enredo cinematográfico, que só tive o trabalho de encaixar em versos em sua preciosa melodia.

Por essas e tantas outras, venho convidar você, raro leitor e rico ouvinte (o rico aqui não vai no sentido material; contudo, se a carapuça lhe cabe, eis aí um motivo a mais pra sua contribuição), a ajudar o moço Augusto a realizar esse tão adiado sonho de gravar seu primeiro CD. Ele explicará melhor que eu, apenas acrescento que se trata de plataforma já conhecida de todos, pela qual você não doa seu dinheiro, mas escolhe qual recompensa quer adquirir pelo dinheiro investido. Acabo de verificar no facebook que Augusto tem hoje 1.265 amigos. Fiz uma conta aqui e cheguei a um resultado bastante interessante: se cada um desses amigos contribuir com R$ 20, Augusto consegue atingir o montante de R$ 25.300, ou seja, R$ 300 a mais do que pede. E se cada um de nós, seus amigos, conseguir convencer outros amigos, ele vai acabar tendo grana pra gravar um DVD!

Não se trata nem de fazer uma boa ação (o que já seria um bom motivo), mas de dar a si próprio um belo presente. Faça seu 2016 melhor, garanta seu ingresso à Estação Felicidade!

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Ouça algumas das canções de Augusto aqui: https://soundcloud.com/augusto-teixeira-2

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E, já que citei A Luz de Luzia, ouçam-na aqui:



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2 comentários:

  1. Concordo. Comprar música de gente boa e gentil é melhor que compra qualquer coisa de talentosos arrogantes.
    Concordo, também. Tô de saco bem cheio dessas desigualdades todas, nas ruas, nas artes em geral e vou dizer principalmente na música, por que é disso que estamos falando agora.
    Concordo, mais uma vez. Augusto Teixeira é bem talentoso mesmo, já ouvi um pouco....muito sucesso pra ele.

    Procê, tb Leozíssimo.
    Muuuuito sucesso, sempre
    bjbj

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