quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Crônicas Classificadas: 13) Ser comunista o no ser

Acho que Mercedes Sosa resumiu magnificamente meu conceito de comunismo. Serei sucinto e deixarei este texto (coincidentemente - ou não? - de número 13) por conta dela:



Ser comunista ou não ser*

[...] Por que me enfureço assim com o capitalismo? Pelo que venho dizendo. Porque sou contra a violência. Porque sou contra todas as guerras e mais contra as guerras preventivas, como as denomina o presidente Bush Júnior. É o cúmulo! Que descaramento, que cinismo! O presidente do país mais poderoso da Terra propondo guerras por via das dúvidas. Algo assim como dizer "na dúvida, te mato, vai que um dia você me faz algum mal". Guerra preventiva, algo assim como crime preventivo.

Sou contra a violência, digo, e então contra a desocupação, porque a desocupação destrói a família e isso é violência, não? E sou contra a fome, porque a fome destrói os cérebros e as vidas, e isso é violência, não? E sou contra os que se esquecem de que todas as quartas-feiras os velhinhos aposentados se encontram pra protestar com seus sinos de madeira**, humilhados e famintos, porque esse esquecimento é violência, não? E sou contra os que se esquecem do grito desesperado das Avós e Mães da Plaza de Mayo, porque esse esquecimento é violência, não? E sou contra os que organizaram tudo pra que os professores tivessem salários de miséria, porque isso é violência, não? E sou contra a fome que descerebra as crianças pra sempre, porque isso é violência, não? Se não estou enganada, tudo isso é violência, violência que mata o presente e condena a um futuro pior. 

A semente de meu comunismo vem de uma pergunta que ao longo do tempo se renova: Por que há pessoas que nascem sem nada, castigadas pela miséria e pela fome e outras que nascem com tudo e com a possibilidade de se desenvolver intelectualmente?

Se é verdade que, como dizem, o capitalismo controla grande parte do mundo, bem, esse capitalismo é o responsável por tanta escravidão, tanta fome e tanta mortalidade infantil.

Sim, a direita existe, sem dúvida, e como existe! E com ela o capitalismo, que todo o tempo vive dizendo que não existe mais esquerda. Temos que reconhecer: a esquerda está desorientada e dispersa e sem propostas. Mas, sim, existe. Além do mais, quem pode afirmar hoje que o capitalismo é um sucesso? O capitalismo controla o mundo e o que sobra no mundo são a fome, a desocupação, as doenças, o analfabetismo! Do jeito que vão as coisas, se fosse verdade o que não é verdade, quero dizer, se fosse verdade que não há mais esquerda, teríamos que inventá-la urgente!

***

Ser comunista o no ser

[...] ¿Por qué me enfurezco así con el capitalismo? Por lo que vengo diciendo. Porque estoy contra la violencia. Porque estoy contra todas las guerras y más contra las guerras preventivas, como las denomina el presidente Bush Junior. ¡Qué colmo, qué descaro, qué cinismo! El presidente del país más poderoso de la Tierra proponiendo guerras por si acaso. Algo así como decir yo te mato por las dudas, no vaya a ser que algún día vos me hagás daño. Guerra preventiva, algo así como crimen preventivo.

Estoy contra la violencia, digo, y entonces estoy contra la desocupación, porque la desocupación destruye la familia y eso es violencia, ¿no? Y estoy contra el hambre, porque el hambre destruye los cerebros y las vidas, y eso es violencia, ¿no? Y estoy contra los que se olvidan de que todos los miércoles se juntan para protestar con su campana de palo los viejitos jubilados, humillados y hambreados, porque ese olvido es violencia, ¿no? Y estoy contra los que se olvidan del grito desesperado de las Abuelas y Madres de Plaza de Mayo, porque ese olvido es violencia, ¿no? Y estoy contra los que organizaron todo para que los maestros tengan sueldos de miseria, porque eso es violencia, ¿no? Y estoy contra el hambre que descerebra a los niños para siempre, porque eso es violencia, ¿no? Si no me equivoco todo eso es violencia, violencia que mata el presente y condena a un futuro peor.

La semilla de mi comunismo viene de una pregunta que a lo largo del tiempo se renueva: ¿Por qué hay seres que nacen sin nada, castigados por la miseria y el hambre y otros nacen con todo y la posibilidad de desarrollarse intelectualmente?

Si es cierto, como dicen, que el capitalismo maneja gran parte del mundo, bueno, ese capitalismo es el responsable de tanta esclavitud, tanta hambre y tanta muerte infantil.

Sí, indudablemente la derecha existe, ¡vaya si existe! Y con ella el capitalismo que todo el tiempo anda diciendo alegremente que no existe más izquierda. Tenemos que reconocerlo: la izquierda está desorientada y dispersa y sin propuestas. Pero sí existe. Por lo demás, ¿quién puede hoy afirmar que el capitalismo es un éxito? El capitalismo maneja el mundo ¡y lo que sobra en el mundo es el hambre, la desocupación, la enfermedad, el analfabetismo! Tal como van las cosas, si fuera cierto lo que no es cierto, es decir, si fuera cierto que ya no hay más izquierda, a la izquierda habría que inventarla ¡urgente!

***

*O fragmento da entrevista acima foi extraído da biografia Mercedes Sosa - La Negra, escrito por Rodolfo Braceli. A tradução é minha.


**Realmente não consegui chegar a uma tradução satisfatória de "campana de palo". Aceito sugestões e/ou respostas.

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9 comentários:

  1. maravillosa la negra , como siempre! aunque muchos le endilgaban que era comunista pero millonaria....no sé....
    de acuerdo en que la izquierda existe, sobre todo en las luchas obreras, en el sindicalismo de base, en los que no aceptamos la injusticia, en los que aún creemos en la solidaridad..

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  2. ENHORABUENA, MARCE!

    Aunque este texto está entre los más leídos de mi blog ultimamente, hasta ahora nadie había tenido el valor para declarar su opinión! Lo que pasa (aunque con los comunistas) es que casi nadie comprendió lo que es de veras el comunismo. La Negra, sí, lo comprendió. El verdadero comunismo no quiere acabar con las riquezas, sino con la miseria.

    Gracias por tu comentario. Además, aprendí otra palabra: endilgar. Jeje!

    Un beso lleno de "saudades",
    Léo.

    PD Y en cuanto a la "campana de palo"?

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  3. Hola! se dice "aún con los comunistas" jaja!
    Lo de la campana de palo, podría ser , no sé.., una campana humilde, ya que los pobres no tiene campanas de bronce o metales caros...
    beso!

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  4. Así que no existe "auque con"? Gracias, Marce! Pero lo de "campana humilde"... no sé, no estoy seguro todavía con lo de la traducción...

    Besos,
    Léo.

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  5. Ótimo texto, Léo! Estou atrasada, mas chegando por aqui!
    Por favor, não deixe de escrever só porque as pessoas deixam de comentar. Muitas vezes estou por aqui, leio, mas não tenho tempo de parar e comentar. "Aunque me guste hacerlo". Só pra gastar um poquito meu español. :)
    Beijo!!!

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  6. Não deixo, não, Danny! Os comentários ajudam, mas, na falta deles, me baseio nas estatísticas. Claro que, quando o assunto é, digamos, apimentado, frustra um pouco não saber o que o leitor pensa, mas faz parte do risco. Estou preparando um texto meu sobre o assunto. Postarei em breve.

    Beijos do
    Léo.

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  7. Marce, pensei bem, acho que é "sino de madeira" mesmo. Só pus no plural.

    Beijos do
    Léo.

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  8. O triste é ver o PT assumir o poder e deixar de ser esquerda , talvez nunca tenha sido , leu e aplicou direitinho as regras e diretrizes capitalistas.
    Em relação ao texto só posso dizer que é simples , direto e excelente!!!

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    1. Caro anônimo:

      Tenho minhas diferenças com o PT também, mas também percebo suas virtudes. No mais, grato pela visita e pelo depoimento. Da próxima vez, contudo, apresente-se.

      Abraço do
      Léo.

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